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O Evangelho segundo S. João

(Vulgata Clementina)

CAPÍTULO 18

(Versículos e sumário)

 Jesus em Getsêmani, n é preso  † 

Mt = Mc = Lc


18 Tendo Jesus dito estas palavras, saiu com os seus discípulos para o outro lado do ribeiro de Cedron, onde havia um horto, no qual entrou com seus discípulos.

2 Ora, Judas, que o entregava, sabia também deste lugar, porque Jesus ia ali frequentemente com seus discípulos.

3 Judas então, acompanhado de uma coorte da parte dos pontífices e fariseus, veio até ali com lanternas, archotes e armas.

4 Pelo que Jesus, que sabia tudo o que estava para lhe sobrevir, adiantou-se e disse-lhes: A quem buscais?

5 Responderam-lhe eles: A Jesus Nazareno. Disse-lhes Jesus. Eu sou. E Judas que o entregava, estava também com eles.

6 Assim que Jesus lhes disse eu sou, recuaram para trás e caíram por terra.

7 Perguntou-lhes então outra vez: A quem buscais? E eles responderam: A Jesus Nazareno.

8 Disse-lhes Jesus: Já vos disse que sou eu. Se é a mim que buscais, deixai ir estes.

9 Para se cumprir a palavra que ele dissera: Dos que me destes não perdi nenhum deles. ( † )

10 Mas Simão Pedro, que tinha uma espada, puxou dela e feriu o servo do pontífice que se chamava Malco; e lhe cortou a orelha direita.

11 Então Jesus disse a Pedro: Embainha tua espada! O cálice que o Pai me deu, não o hei de beber?

12 Em seguida a coorte, o tribuno e os quadrilheiros dos judeus prenderam Jesus e o manietaram;

13 E o levaram primeiramente à casa de Anás, sogro de Caifás, que era o pontífice daquele ano.

14 Caifás porém era aquele que tinha dado aos judeus o conselho de que convinha que um só homem morresse pelo povo do que vir a pereçer toda uma nação. ( † )


A negação de Pedro. Jesus é flagelado

Mt = Mc = Lc


15 Simão Pedro e outro discípulo seguia Jesus. O tal discípulo era  conhecido do pontífice e entrou com Jesus no átrio da casa do sumo sacerdote.

16 Mas Pedro estava à porta do lado de fora. Saiu então o outro discípulo, que era conhecido do pontífice, e falou à porteira que fez entrar a Pedro.

17 Esta porteira, que era escrava, disse a Pedro: Não és também discípulo deste homem? Disse ele: Não sou.

18 Ora, os servos e quadrilheiros estavam em pé ao lume, porque fazia frio, e ali se aquentavam; e com eles estava Pedro aquecendo-se também.

19 Entrementes o pontífice interrogou Jesus quanto a seus discípulos e sua doutrina.

20 Este lhe respondeu: Eu falei publicamente ao mundo, e sempre ensinei na sinagoga e no Templo, para onde convegem todos os judeus, e nada lhes disse em secredo.

21 Por que me interrogais? Interroga àqueles que ouviram o que lhes disse; ei-los, aí estão, eles sabem o que eu os ensinei.

22 E tendo dito isto, um dos guardas presentes deu uma bofetada em Jesus, dizendo: Assim é que respondes ao pontífice?

23 Disse-lhe Jesus: Se falei mal, dá testemunho do mal, mas se falei bem, por que me feres?

24 E Anás o enviou manietado ao pontífice Caifás.

25 Simão Pedro estava ainda ali em pé aquecendo-se; e eles lhe disseram: Não és também dos seus discípulos? Ele negou, dizendo: Não sou.

26 Disse-lhe um dos servos do pontífice, parente daquele a quem Pedro cortara a orelha: Não é que te vi com ele no horto?

27 Pedro negou-o outra vez, e imediatamente cantou o galo.


Jesus entregue a Pilatos. O julgamento  † 

Mt; Mt = Mc = Lc


28 Então levaram Jesus da casa de Caifás ao Pretório. n Era de manhã; eles porém não entraram no Pretório para não se contaminarem, e poder assim comer a Páscoa.

29 Pilatos, por isso, saiu para lhes falar, e disse: Que acusação trazeis contra este homem?

30 Responderam eles: Se este não fora malfeitor, não to entregaríamos.

31 Disse-lhes, então, Pilatos : Tende-o vós outros, e julgai-o segundo a vossa lei. Os judeus lhe disseram: Não nos é lícito matar ninguém.

32 Para se cumprir a palavra que Jesus dissera, significando de que morte havia de morrer. ( † )

33 Tornou pois a entrar Pilatos no Pretório, e chamando a Jesus, disse-lhe: És o rei dos judeus?

34 Respondeu Jesus: Tu dizes isso de ti mesmo, ou foram outros os que to disseram de mim?

35 Disse Pilatos: Porventura sou eu judeu? A tua nação e os pontífices são os que te entregaram nas minhas mãos, que fizeste tu?

36 Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se meu reino fosse deste mundo, certo que meus ministros haviam de pelejar para que eu não fosse entregue aos judeus; mas por agora meu reino não é daqui.

37 Disse-lhe então Pilatos: Logo tu és rei? Respondeu Jesus: Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, para dar testemunho da verdade; todo o que é da verdade ouve a minha voz.

38 Disse-lhe Pilatos: Que é a verdade? E dito isto, tornou a sair a ver-se com os judeus, e disse-lhes: Eu não acho nele crime algum.

39 Mas é costume entre vós que na Páscoa eu vos solte um; quereis vós, portanto, que vos solte o rei dos judeus?

40 Então clamaram todos unanimemente: Não queremos que solte a este, mas Barrabás. Ora, Barrabás era um ladrão.



[1] Getsêmani: (gr. Lagar de azeite) Bosque situado perto de Jerusalém, do outro lado do Cedron, no sopé do monte das Oliveiras.


[2] Pretório: Residência oficial do governador romano e onde dava audiência.


Há imagens desse capítulo, visualizadas através do Google - Pesquisa de livros, nas seguintes bíblias: Padre Antonio Pereira de Figueiredo edição de 1828 | Padre João Ferreira A. d’Almeida, edição de 1850 | A bíblia em francês de Isaac-Louis Le Maistre de Sacy, da qual se serviu Allan Kardec na Codificação. Veja também: Novum Testamentum Graece (NA28 - Nestle/Aland, 28th revised edition, edited by Barbara Aland and others) Parallel Greek New Testament by John Hurt.


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