O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano XII — Maio de 1869.

(Idioma francês)

Revista da Imprensa — Jornal Paris — União Magnética.

A maioria dos jornais noticiou a morte do Sr. Allan Kardec, e alguns deles, ao simples relato dos fatos, acrescentaram comentários sobre o seu caráter e os seus trabalhos, que não caberiam aqui. Quando podia refutar vitoriosamente certas diatribes malsãs e mentirosas, o Sr. Allan Kardec sempre desdenhou fazer algo, considerando o silêncio como a mais nobre e a melhor das respostas. A este respeito seguiremos seu exemplo, lembrando-nos, aliás, de que só se tem inveja das grandes personalidades e só se atacam as grandes obras, cuja vitalidade pode produzir sombra.

Mas, se os gracejos sem consistência não nos inquietaram, ficamos, ao contrário, profundamente tocados pela justiça feita em certo número de órgãos da imprensa à memória de nosso saudoso presidente. Pedimos-lhes que recebam aqui, em nome da família e dos espíritas do mundo inteiro, os testemunhos de nossa profunda gratidão.

Por falta de espaço, publicamos apenas dois desses artigos característicos, que provarão exuberantemente aos nossos leitores haver na Literatura e na Ciência homens que sabem, quando as circunstâncias o exigem, empunhar bem alto e corajosamente a bandeira que os reúne, numa ascensão comum para o progresso e a solidariedade universais.


[ALEXANDRE DESLIENS.]


Jornal Paris.


(3 de abril de 1869.)

“Aquele que, por tanto tempo, figurou no mundo científico sob o pseudônimo de Allan Kardec, tinha por nome Rivail e faleceu aos 65 anos.

“Vimo-lo deitado num simples colchão, no meio daquela sala de sessões que ele presidia há tantos anos; vimo-lo com o semblante calmo, como se extinguem os que a morte não surpreende, e que, tranquilos quanto ao resultado de uma vida honesta e laboriosamente preenchida, deixam como que um reflexo da pureza de sua alma no corpo que abandonam à matéria.

“Resignados pela fé numa vida melhor e pela convicção da imortalidade da alma, numerosos discípulos vieram olhar pela última vez esse lábios descorados que, ainda ontem, lhes falavam a linguagem da Terra. Mas já tinham a consolação de além-túmulo; o Espírito de Allan Kardec viera dizer como tinha sido o seu desprendimento, quais as suas impressões primeiras, quais de seus predecessores na morte tinham vindo ajudar sua alma a desprender-se da matéria. Se “O Estilo é o homem”, os que conheceram Allan Kardec vivo só podiam comover-se com a autenticidade dessa comunicação espírita.

“A morte de Allan Kardec é notável por uma estranha coincidência. A Sociedade formada por esse grande vulgarizador do Espiritismo acabava de chegar ao fim. O local abandonado, os móveis desaparecidos, nada mais restava de um passado que devia renascer em bases novas. Ao fim da última sessão, o presidente tinha feito suas despedidas; cumprida a sua missão, ele se retirava da luta cotidiana para se consagrar inteiramente ao estudo da filosofia espiritualista. Outros, mais jovens – valentes! – deviam continuar a obra e, fortes de sua virilidade, impor a verdade pela convicção.

“Que adianta contar os detalhes da morte? Que importa a maneira pela qual o instrumento se quebrou, e por que consagrar uma linha a esses restos agora integrados no imenso movimento das moléculas? Allan Kardec morreu na sua hora. Com ele fechou-se o prólogo de uma religião vivaz que, irradiando cada dia, logo terá iluminado a Humanidade. Ninguém melhor que Allan Kardec poderia levar a bom termo esta obra de propaganda, à qual fora preciso sacrificar as longas vigílias que nutrem o espírito, a paciência que educa com o tempo, a abnegação que afronta a estultícia do presente, para só ver a radiação do futuro.

“Por suas obras, Allan Kardec terá fundado o dogma pressentido pelas mais antigas sociedades. Seu nome, estimado como o de um homem de bem, desde muito tempo é divulgado pelos que creem e pelos que temem. É difícil praticar o bem sem chocar os interesses estabelecidos.

“O Espiritismo destrói muitos abusos; – também reergue muitas consciências entristecidas, dando-lhes a convicção da prova e a consolação do futuro.

“Hoje os espíritas choram o amigo que os deixa, porque o nosso entendimento, demasiado material, por assim dizer, não pode dobrar-se a essa ideia da passagem; mas, pago o primeiro tributo à inferioridade do nosso organismo, o pensador ergue a cabeça para esse mundo invisível que sente existir além do túmulo e estende a mão ao amigo que se foi, convencido de que seu Espírito nos protege sempre.

“O presidente da Sociedade de Paris morreu, mas o número dos adeptos cresce dia a dia, e os valentes, cujo respeito pelo mestre os deixava em segundo plano, não hesitarão em afirmar-se, para o bem da grande causa.

“Esta morte, que o vulgo deixará passar indiferente, não deixa de ser, por isso, um grande fato para a Humanidade. Não é mais o sepulcro de um homem, é a pedra tumular enchendo o vazio imenso que o materialismo havia cavado aos nossos pés e sobre o qual o Espiritismo esparge as flores da esperança.


Pagès de Noyes.


União Magnética.


(10 de abril de 1869.)

“Ainda uma morte, e uma morte que provocará um grande vazio nas fileiras dos adeptos do Espiritismo.

“Todos os jornais consagraram um artigo especial à memória desse homem que soube fazer-se um nome e sobressair-se entre as celebridades contemporâneas.

“As relações estreitas que, em nossa opinião, existem muito certamente entre os fenômenos espíritas e magnéticos, impõe-nos o dever de recordar com simpatia um homem cujas crenças são partilhadas por certo número de nossos colegas e assinantes, e que havia tentado fazer passar por ciência uma doutrina da qual ele era, de certo modo, a viva personificação.


A. Bauche.


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