1. — Falarei da necessidade filosófica em que se acham os Espíritos de fazerem frequentes exames de consciência, de darem, enfim, ao estado de seus cérebros o mesmo cuidado que cada um tem com o próprio corpo. Eis um ano terminado. Que progresso trouxe ele ao mundo intelectual? Muito grandes e muito sérios resultados, sobretudo de ordem científica. Menos feliz, a literatura não recebeu senão fragmentos e detalhes encantadores; mas, semelhante a uma estátua mutilada, que encontramos enterrada e admiramos, lastimando o perdido conjunto de sua beleza de outrora, a literatura não oferece nenhuma obra séria. Na França, ordinariamente ela marcha à frente das outras artes; este ano, foi ultrapassada pela pintura, que floresce, gloriosa, acima das escolas rivais. Por que essa pausa entre os nossos jovens escritores? A explicação é fácil. Falta-lhes o sopro generoso que inspiram as lutas; a indiferença pesa sobre eles. Folheiam-nos, criticam-nos, mas não os discutem apaixonadamente como no meu tempo, em que a luta literária dominava quase todas as preocupações. Depois, não se improvisa um escritor, e é um pouco disto que cada um faz. Para escrever são necessários longos e profundos estudos; estes faltam absolutamente à vossa geração impaciente de gozo e preocupada, antes de tudo, com o sucesso fácil. Termino admirando a marcha ascensional das ciências e das artes, e lamentando a ausência de generosos impulsos nos espíritos e nos corações.
J. J. .Rousseau. n
Observação. – Obtida espontaneamente, prova esta comunicação que os Espíritos que deixaram a Terra ainda se ocupam com o que aqui se passa e que lhes interessa, e seguem a marcha do progresso intelectual e moral. Não seria das infinitas profundezas do espaço que iriam fazê-lo; para tanto é preciso que estejam entre nós, em nosso meio, como testemunhas invisíveis daquilo que aqui se passa. Esta comunicação e a seguinte foram dadas na sessão da Sociedade, em 28 de dezembro, onde se havia tratado do ano que findava e do que ia começar. Consequentemente, veio a propósito.
2. O ANO DE 1861.
O ano que termina viu progredir sensivelmente as crenças no Espiritismo. É uma grande felicidade para os homens, porque os afasta um pouco das bordas do abismo que ameaça tragar o Espírito humano. O ano novo será ainda melhor, porque verá importantes mudanças materiais, uma verdadeira revolução nas ideias; e o Espiritismo não será esquecido, crede-o bem. Ao contrário, a ele se agarrarão como a uma tábua de salvação. Rogarei a Deus para abençoar vossa obra e fazê-la progredir.
São Luís. n
Observação. – Numa sessão íntima, outro médium recebeu espontaneamente, sobre o mesmo assunto, a seguinte comunicação:
O ano que se vai iniciar traz em seus recônditos as maiores coisas. A reação vai cair violentamente na armadilha que preparou. Por que pensais que a Terra se cobre de estradas de ferro e o mar se entreabre à eletricidade, senão para espalhar a boa nova? O verdadeiro, o bom, o belo serão, enfim, por todos compreendidos. Não vos canseis, pois, verdadeiros espíritas, porquanto a vossa tarefa está marcada na obra da regeneração. Felizes dos que souberem realizá-la!
Leão J… (irmão do médium.)
3. SOBRE O MESMO ASSUNTO.
(Por outro médium.)
A mudança é absolutamente necessária; o progresso é lei divina; parece que avançou nos últimos anos mais que nos outros. Em relação a 1860, 1861 será magnífico, embora pálido, se considerarmos 1862, porque quereis partir, caros irmãos, e uma vez que o sopro divino põe em marcha a locomotiva, não há descarrilamento possível.
Leão X. n
[1]
[v. Rousseau.]
[2] [v.
São
Luís.]
[3] [v.
Leão X.]