Vistes muitas vezes, em certas regiões, particularmente na Provença, as ruínas de grandes castelos; um torreão que por vezes se eleva em meio a imensa solidão, com seus lúgubres e sombrios destroços, transportam-nos a uma época em que a fé talvez fosse ignorante, mas em que a arte e a poesia se haviam elevado com essa mesma fé tão inocente e tão pura. Vedes que estamos em plena Idade Média. Muitas vezes não pensastes que ao redor desses muros desmantelados o elegante capricho de uma castelã tenha feito vibrar cordas harmoniosas, então chamadas de harpa de Éolo? n Ah, que pena! Tão rápidos como o vento que os fazia vibrar, desapareceram torreões, castelãs e harmonias! Aquela harpa de Éolo embalava o pensamento dos trovadores e das damas. Eram ouvidas com recolhimento religioso.
Tudo acaba sobre a vossa Terra. Aí raramente desce a poesia do Céu, para logo alçar voo. Nos outros mundos, ao contrário, a harmonia é eterna, e o que a imaginação humana pode inventar não iguala essa constante poesia, que está não somente no coração dos Espíritos puros, mas, também, em toda a Natureza.
Réné de Provence. n
Paris. — Typ. H. CARION, rue Bonaparte, 64. †
[1] A harpa eólica ou harpa eólia é um instrumento musical, mais precisamente um cordofone soprado. Embora seja considerada como um instrumento musical, a harpa eólica não é “tocada” no sentido tradicional da palavra. Ela é geralmente colocada num sítio exposto ao vento, “tocando sozinha”. †
[2] [v.
René
de Provence.]