O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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O Espiritismo na sua expressão mais simples.


Nota do Tradutor.


Com o intuito de popularizar o Espiritismo e tornar mais fácil e ágil a sua divulgação, Allan Kardec, sem prejuízo das obras básicas da Doutrina Espírita, redigiu uma série de opúsculos e os distribuiu por toda a França, em valores extremamente acessíveis à população interessada. Alguns deles tiveram várias edições e alcançaram expressivo sucesso, continuando a ser reeditados mesmo apos a desencarnação do Codificador.

Esta obra encerra a tradução integral de quatro deles: O Espiritismo na sua Expressão mais Simples (Título da capa); Resumo da Lei dos Fenômenos Espíritas; Caráter da Revelação Espírita e Catálogo Racional das Obras para se Fundar uma Biblioteca Espírita. Além disso, agregamos, sob a forma de apêndice, o livreto Discursos Pronunciados pelo Aniversário de Morte de Allan Kardec - Inauguração do Monumento, que trata da inauguração do dólmen do Codificador no Cemitério do Père-Lachaise [Visita virtual ao cemitério de Père-Lachaise], em Paris, ocorrida em 31 de março de 1870, com todos os discursos que foram pronunciados naquela ocasião e que inclui, também, uma mensagem póstuma do Espírito Allan Kardec, recebida por um médium da Sociedade Espírita de Paris.

Suas matérias encontram-se assim distribuídas:


O ESPIRITISMO NA SUA EXPRESSÃO MAIS SIMPLES. — Trata-se de uma exposição sumária do ensino dos Espíritos e de suas manifestações. Apareceu em Paris (Ledoyen), em janeiro de 1862, formato grande in-18, de 36 páginas. A segunda edição, contendo o texto definitivo, foi lançada em maio seguinte com o mesmo formato grande in-18.n

O opúsculo compõe-se de três capítulos: “Histórico do Espiritismo”, “Resumo do Ensino dos Espíritos” e “Máximas Extraídas dos Ensino dos Espíritos”. A Revista Espírita de dezembro de 1861 anuncia a sua iminente publicação, caracterizando-a como brochura destinada a popularizar os elementos da Doutrina Espírita e estipulando-lhe o preço: 25 centavos. n

Em janeiro de 1862 Kardec fornece mais detalhes sobre o livreto: além de definir o seu lançamento (15 de janeiro), reduz o preço para 15 centavos o exemplar isolado, e a dez centavos para quem adquirir vinte exemplares. E complementa: “O objetivo desta publicação é dar, num panorama muito sucinto, um histórico do Espiritismo e uma ideia suficiente da Doutrina dos Espíritos, a fim de que se lhe possa compreender o objetivo moral e filosófico. Pela clareza e simplicidade do estilo, procuramos pô-la ao alcance de todas as inteligências. Contamos com o zelo de todos os verdadeiros espíritas para ajudarem a sua propagação”. n

Em abril de 1862 o Codificador noticia que foram vendidos cerca de dez mil exemplares e que o opúsculo estava sendo reimpresso com várias correções importantes; informava, também, a sua tradução para o alemão, o russo e o polonês. n


RESUMO DA LEI DOS FENÔMENOS ESPÍRITAS. — Coincidindo com o lançamento da Imitação do Evangelho segundo o Espiritismo, o Resumo da lei dos fenômenos espíritas aparece em abril de 1864 como artigo da Revista Espírita, em tamanho reduzido - 23 itens numerados, formados de um ou mais parágrafos só adquirindo a sua feição definitiva em 1865, com o lançamento da 2ª edição (42 itens numerados) [Vide: Nota do Compilador]. Conforme palavras do Codificador, “Esta instrução é feita visando, sobretudo, pessoas que nenhuma noção possuem do Espiritismo, e às quais se quer dar uma ideia sucinta em poucas palavras. Nos grupos ou reuniões espíritas, onde se acham assistentes novatos, ela pode servir utilmente de preâmbulo às sessões, conforme as necessidades”. n

Esta publicação alcançou enorme sucesso, chegando a esgotar todos os exemplares de suas 36 edições, oferecidas ao leitor praticamente a preço de custo, e que inundou a França por mais de três décadas. n Ainda encontramos uma derradeira menção a este opúsculo na Revista Espírita de outubro de 1865. Era a época da visita dos irmãos Davenport a Paris; os Srs. Didier, editores de O Livro dos Espíritos, ao publicarem uma biografia desses famosos prestidigitadores, houveram por bem incluir na dita produção o Resumo da Lei dos Fenômenos Espíritas, demonstrando mais uma vez o seu empenho na divulgação da Doutrina Espírita. n


CARÁTER DA REVELAÇÃO ESPÍRITA. — Originalmente publicado como artigo na Revista Espírita de setembro de 1867, o Caráter da Revelação Espírita transformou-se no primeiro capítulo de A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo, derradeira obra da Codificação Espírita, lançada em Paris em janeiro de 1868. n

Quando de sua aparição na Revista Espírita, este artigo constava de 55 itens numerados, alguns formados por dois ou mais parágrafos. A longa nota do 2º parágrafo do primitivo item 44 desaparece mais tarde, enquanto é acrescentada uma segunda nota a um dos parágrafos não numerados do item 53, inexistente na edição original; os itens 56 a 62 são novos. Basta confrontarmos o artigo original, publicado na Revista Espírita, com o existente na 4ª edição de A Gênese — a última revisada por Kardec — para nos darmos conta de tais modificações.

A versão aqui publicada é a definitiva, e foi traduzida da 5ª edição francesa por Luís Olímpio Guillon Ribeiro. Apenas repomos no seu devido lugar a nota que constava no 2º parágrafo do item 44, a fim de que os estudiosos possam tomar conhecimento desses escritos originais do Codificador. Não bastasse isso, sua inclusão neste opúsculo, que a alguns poderia parecer redundante, justifica-se plenamente, se levarmos em conta o seu extraordinário conteúdo doutrinário, sem falar dos argumentos utilizados por Allan Kardec para refutar a maior parte das críticas dirigidas contra o Espiritismo, no seio de uma sociedade cientificista e materialista.


CATÁLOGO RACIONAL DAS OBRAS PARA SE FUNDAR UMA BIBLIOTECA ESPÍRITA. — A 1ª edição deste opúsculo apareceu em fins de março de 1869. Derradeira obra de Allan Kardec, trata-se de um sumário metódico de obras que serviria de catálogo para a Livraria Espírita, cuja inauguração, prevista para o dia 1º de abril de 1869, foi adiada em virtude da desencarnação do Codificador, ocorrida na véspera.

Não obstante esgotados, já naquela época, boa parte dos livros citados no referido catálogo, muitos deles analisados na Revista Espírita, julgamos oportuna a sua publicação nesta obra em razão de seu inestimável valor histórico e também para mostrar que Allan Kardec não se furtava de comentar e recomendar aos seus leitores qualquer obra que, direta ou indiretamente, tivesse alguma relação com o Espiritismo, inclusive as voltadas contra a própria Doutrina Espírita, porquanto, segundo ele, “proibir um livro é dar mostras de que o tememos”. n

O opúsculo está dividido em três partes: “I Obras Fundamentais da Doutrina Espírita por Allan Kardec”, incluindo livros, folhetos e a Revista Espírita; “II - Obras Diversas sobre o Espiritismo (ou complementares da Doutrina)”, inclusive poesia, música e desenhos; “III - Obras Realizadas fora do Espiritismo” (Filosofia e História, romances (novelas), teatro, ciências, magnetismo; e obras contra o Espiritismo).


DISCURSOS PRONUNCIADOS PELO ANIVERSÁRIO DE MORTE DE ALLAN KARDEC. — INAUGURAÇÃO DO MONUMENTO. (APÊNDICE) — Desencarnado em 31 de março de 1869, Allan Kardec foi inumado dois dias depois no Cemitério de Montmartre, em Paris, contando o cortejo mais de mil pessoas. Entre os oradores que se fizeram ouvir à beira do túmulo, destacou-se, num longo discurso, o sábio astrônomo Camille Flammarion, que sublinhou o papel de Allan Kardec no pensamento científico e filosófico mundial, cognominando-o, a certa altura, “o bom senso encarnado”.  n

Em reunião da Sociedade Espírita de Paris que se seguiu imediatamente às exéquias do Codificador, os espíritas presentes, membros da Sociedade e outros, emitiram a opinião unânime de que um monumento, testemunha da simpatia e do reconhecimento dos espíritas em geral, fosse edificado para honrar a memória do coordenador da filosofia espírita, associando-se a essa ideia grande número de adeptos da província e de outros países.  n

É bem evidente para os espíritas, como para todos os que o conheceram, que Allan Kardec, como Espírito, não se interessa de modo algum por uma manifestação desse gênero, mas aqui o homem se apaga diante do chefe da Doutrina, pois é a dignidade, direi mais, o dever dos que ele consolou e esclareceu, que se consagre por um monumento imperecível, o lugar onde repousam os seus restos mortais.  n

Assim, no dia 29 de março de 1870 procedeu-se à exumação do corpo e a sua transferência para o túmulo definitivo, no Cemitério do Père-Lachaise, monumento que seria inaugurado dois dias depois, cerca de duas horas da tarde, na presença da Sra. Allan Kardec, do Sr. A. Desliens, Secretário-gerente da Revista Espírita, do Sr. Pierre-Gaëtan Leymarie, Administrador da Sociedade Anônima do Espiritismo, Diretor e Redator-chefe da Revista, além de outros espíritas e simpatizantes. Foram pronunciados quatro discursos e lidas duas cartas, uma das quais enviada por Alexandre Delanne, que não pôde comparecer à cerimônia por se achar retido por uma doença.  n

A descrição do dólmen, os discursos pronunciados na ocasião, a leitura das cartas enviadas, bem assim a comunicação póstuma de Allan Kardec, alusiva ao evento, foram enfeixados num opúsculo publicado em 1870 pela Livraria Espírita (Rua de Lille, 7), sob o título: Discursos Pronunciados pelo Aniversário de Morte de Allan Kardec - Inauguração do Monumento. [Obs. Esse opúsculo não faz parte dessa compilação]

Trata-se de um documento quase inédito, praticamente desconhecido dos espíritas brasileiros, não fosse a transcrição parcial de alguns trechos, incluindo passagens da carta de Alexandre Delanne, traduzidos por Zêus Wantuil e inseridos no terceiro volume de sua obra, em co-autoria com Francisco Thiesen, intitulada: Allan Kardec - Pesquisa Bibliográfica e Ensaios de Interpretação n


Esperamos que os leitores espíritas, sobretudo os que se dedicam à pesquisa e se interessam pelos primórdios do Espiritismo em solo europeu, encontrem, nesta obra despretensiosa, algum subsídio que enriqueça os seus conhecimentos. É a pena erudita e inspirada de Allan Kardec que, mais uma vez, se revela em todo o seu esplendor.


Brasília (DF), 10 de janeiro de 2006.


Evandro Noleto Bezerra.

Tradutor.           



[1] BARRERA, Florentino. Resumo Analítico das Obras de Allan Kardec. Tradução de David Caparelli. 1ª ed. São Paulo: Madras Editora Ltda., 2003, p. 127.


[2] KARDEC, Allan. Revista Espírita, dez. 1861. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, p. 528.


[3] Idem: Revista Espírita, jan. 1862. p. 50-51.


[4] Idem, ibidem, abr. 1862. p. 181.


[5] Idem: Revista Espírita, abr. 1864. p. 147.


[6] BARRERA, Florentino. Resumo Analítico das Obras de Allan Kardec. Tradução de David Caparelli. 1ª ed. São Paulo: Madras Editora Ltda., 2003, p. 128.


[7] KARDEC, Allan. Revista Espírita, out. 1865. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, p. 412.


[8] Idem: Revista Espírita, set. 1867. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 1ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005, p. 355-387.


[9] KARDEC, Allan. Catálogo Racional das Obras para se Fundar uma Biblioteca Espírita. Vide a Nota que vem logo depois do título “Obras contra o Espiritismo”, que integra a sua III parte. (“Obras realizadas fora do Espiritismo.”)


[10] WANTUIL, Zêus. Grandes Espíritas do Brasil. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002, p. 47.


[11] KARDEC, Allan. Revista Espírita, jun. 1869. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 1ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005, p. 248.


[12] Idem, ibidem. p. 248.


[13] Revue Spirite, maio 1870. Trecho traduzido por Evandro Noleto Bezerra. Inauguration du monument funèbre d’Allan Kardec, p. 149-150.


[14] WANTUIL, Zêus, THIESEN, Francisco. Allan Kardec, vol. III. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1998, p. 133-152.


  Nota do Compilador: Até que seja  digitalizado pelo Google Pesquisa de Livros a edição em francês, com 42 itens numerados nós utilizaremos a versão reduzida, que posteriormente será substituída pela definitiva. [Résumé de la loi des phénomènes spirites - Google Books.]


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