Elias; na Versão Autorizada, ocorre duas vezes Elia (1 Cr 8. 27; Ed 10. 26), que é a palavra hebreia transliterada e provida com uma terminação grega [meu Deus é Jeová]. †
Um dos maiores profetas. Ele era um tishbite [tesbita], tendo nascido talvez em Tishbeh da Galileia; mas morou em Galaad (1 Rs 17.1). Usou uma peça de roupa de pele ou tecido grosseiro de pelos de camelo, que cingia sobre sua região lombar com um cinto de couro (2 Rs 1.8; 1 Rs 19.13). Quando Acab, influenciado por sua esposa Jezebel de Tiro, tinha-se dado à adoração do deus Baal, Elias repentinamente apareceu em cena. Apresentou-se diante do rei faltoso e predisse uma seca de duração indefinida como uma penalidade pela rejeição de Jeová. Por causa da fome ele isolou-se primeiramente junto ao ribeiro de Carith, onde providencialmente foi alimentado pelos corvos. Quando o córrego tornou-se seco foi a Sarepta no litoral norte mediterrâneo de Tiro. Uma viúva confiou em Deus e compartilhou seu último bolo com Elias. Deus proveu-lhe seu jarro de refeição, e o pote de óleo não faltou até que a fome se acabasse; e quando seu filho morreu foi restituído à vida pela oração do profeta (1 Rs 17.1-24; Lc 4.24-26). Depois de muitos dias, no terceiro ano (1 Rs 18.1; Lc 4.25; Tg 5.17), Elias foi orientado a apresentar-se a Acab. Então seguiu-se a cena do Monte Carmelo. Os sacerdotes de Baal esforçaram-se para assegurar a evidência da divindade de Baal, mas fracassaram. Então Elias reuniu o povo sobre um antigo altar do Senhor, que tinha sido erigido provavelmente por devotos israelitas do norte a quem a defecção das dez tribos impediu de adorar em Jerusalém e que fora deitado abaixo. Elias reparou-o, tomando doze pedras para esse propósito, assim testificando silenciosamente que a divisão das doze tribos em dois reinos estava em desacordo com a vontade divina. Para evitar qualquer possibilidade de fraude, ele fez o povo encharcar o sacrifício e o altar com água. Então orou ao Senhor. O fogo caiu, e consumiu o sacrifício e destruiu o altar. Jeová tinha atestado sua existência e seu poder. Os profetas de Baal, provados impostores, foram levados à torrente de Cisom, no pé da montanha, e mortos sob as ordens de Elias (1 Rs 18.1-40; comp. Dt 17.2-5; 13.13-16). O povo havia reconhecido Jeová e obedeceu ao profeta do Senhor, e o símbolo do retorno do favor divino foi visto nas nuvens acumuladas de chuva; e o profeta honrou o rei como governador de um reino agora professamente de Deus, cingiu sua região lombar e correu diante da carruagem de Acab para o portão de Jezrahel (41-46). Mas Jezrahel, furiosa pela destruição de seus profetas, jurou a morte de Elias, que fugiu para o Monte Horebe. Aí, como Moisés, ele foi divinamente sustentado por quarenta dias e noites (Ex 24.18; 34.28; Dt 9.9-18; 1 Rs 19.8), um prenúncio do incidente semelhante na vida de Jesus (Mt 4.2; Lc 4.2). Elias foi repreendido e enviado de volta para cumprir seu dever, e ungir Hazael rei da Síria e Jeú em rei de Israel, para que pudessem talvez ser o açoite de Deus para Israel idólatra, e Elias ser profeta para punir por palavras. Lançando seu manto sobre Eliseu, chama-o ao trabalho, e confia-lhe a execução adicional da comissão (1 Rs 19.1-21). Quando Jezrahel assassinou Nabote judicialmente para obter sua vinha para Acab, Elias encontrou o rei no vinhedo desejado e denunciou a vingança de Jeová pelo crime (21.1-29). A morte de Acab na batalha de Ramote de Galaade era o começo do julgamento que Elias havia proferido contra a casa real (22.1-40). Quando Ocozias, filho e sucessor de Acab, foi ferido na queda duma janela, foram enviados mensageiros ao templo do ídolo em Acarom perguntar se ele devia recuperar-se de seu machucado, Elias magoado parou-os e fe-los retroceder; e por duas vezes quando um capitão com cinquenta homens foi enviado aparentemente para detê-lo, ele chamou fogo do céu que os consumiu. O terceiro capitão implorou pela sua vida, e Elias foi com ele ao rei (2 Rs 1.1-16). Finalmente o profeta obteve a honra, outorgada antes só a Enoque (Gn 5.24), de ser trasladado ao céu sem morrer. Uma carruagem e cavalos de fogo apareceram-lhe quando tinha ido com seu auxiliar Eliseu ao leste do Jordão, e, afastando-se, Elias foi recolhido e levado num furacão ao céu (2 Rs 2.1-12). O acontecimento parece ter ocorrido justo antes de Jehorão de Israel ascender ao trono (2 Rs 2; comp. 1.17 e 3.1) e durante o reinado de Josafá de Judá (3.11); mas Elias escreveu um documento endereçado a Jehorão que de fato era co-regente com Josafá, e o ameaçou com o juízo divino não só pelos pecados cometidos durante a vida de Josafá, mas pelo assassinato que ele cometeu depois da morte de Josafá (2 Cr 21.12; comp. 13,14). Se Elias foi trasladado no momento indicado, ele profetizou durante sua vida relativamente às ações futuras de Jehorão, da mesma maneira que ele predisse os atos futuros de Hazael e Jeú (1 Rs 19.15-17). Menos de acordo com a linguagem de 3.11 é a explicação da história da trasladação de Elias, inserida onde está em 2 Reis para simplesmente completar a narrativa de sua atividade pública, e que Elias ainda vivia quando Eliseu estava com o exército de Josafá no sul de Judá, e vivia quando Jehorão tornou-se o único rei.
Os últimos dois versos do V. T. prediz que Deus enviará Elias antes da vinda do grande e terrível dia do Senhor (Ml 4.5,6). O Novo Testamento explica que a referência é a João Batista, que era como o Tesbita no vestir-se de humilde aparência (Mt 3.4; Mc 1.6), em fidelidade e em trabalho (Mt 11.11-14; 17.10-12; Mc 9.11-13; Lc 1.17). Há, no entanto, os que contestam que enquanto João apareceu no espírito e no poder de Elias, o profeta do V. T. ainda há de vir, em pessoa, antes do segundo advento do Cristo. Elias apareceu no Monte da Transfiguração como representante dos profetas do V. T. para fazer honras a Jesus, seu tema (Mt 17.4; Mc 9.4; Lc 9.30); e sua ascensão, a qual não existia nada análogo na história de João Batista, prenunciava sem dúvida a ascensão de nosso Senhor.
Os milagres que foram feitos durante o ministério de Elias pertencem ao segundo dos quatro períodos de milagres da história da redenção, o período de vida e morte na luta entre a religião de Jeová e a adoração a Baal, quando a adesão do povo do norte de Israel à fé de seus pais estava em debate, e todas as outras questões concernentes às observâncias religiosas caíram em menor importância. — (Dicionário da Bíblia de John D. Davis) ©