Amós, [fardo; carregador de fardos].
Um profeta, cidadão de Tekoa, no território da tribo de Judá, mais ou menos seis milhas ao sul de Belém (Am 1.1). Pertenceu à classe mais humilde. Era pastor; um de vários pastores que tiveram sua casa em Tekoa, mas indubitavelmente passou sua vida fora dali, no deserto que se estende da aldeia ao leste para o Mar Morto, empenhado em criar e pastorear ovelhas. Em algumas porções protegidas nesta região selvagem, nas planícies em direção ao mar, ele achou emprego humilde adicional como um cortador de árvores de sicômoro (1.1; 8.14, 15). Do conhecimento que ele exibe de lugares e acontecimentos distantes, parece provável que tenha guiado ovelhas ou carregado couro e lã até o Egito e Damasco. Embora sendo um homem de Judá, ele foi chamado a profetizar no reino das dez tribos. Apareceu em Betel, onde havia o santuário do rei e uma casa real, que guardavam ainda um dos dois bezerros dourados criados por Jeroboão I como objetos de adoração (Am 8.14; Os 8.5,6; 10.5). Amós falou com tal liberdade e fidelidade contra os pecados do rei árido e seu povo, que Amasias, o sacerdote idólatra em Betel, mandou dizer ao rei Jeroboão II que Amós estava conspirando contra ele em seu próprio reino (Am 7.10). O tempo e circunstâncias da morte de Amós são desconhecidos.
Amós cria em Deus como onipotente, Deus da criação e providência, soberano governador de indivíduos e nações, inflexível na justiça, cujo poder alcança o sheol (inferno) e conhece os pensamentos dos homens. Amós era um observador astuto de homens e costumes, capaz de refletir sobre o que via, e generalizar sua visão em relação a Deus. A profecia de Amós é um bom exemplo do puro estilo hebreu. A dicção é simples, e ainda a fala é digna e impressionante. O profeta usa a imaginação com moderação, mas com efeito; ele cunhou não poucas frases notáveis que têm uso corrente na fala moderna (3.3,6; 4.11,12, e 6.1). Amós não é tão brando nem tão sentimental como Oseias casualmente é, que falava às pessoas com as quais havia trabalhado; mas há um certo ar de altivez em Amós, bastante natural num profeta de outra tribo e reino, e ele pronuncia o julgamento impessoal de um povo e se dirige a pessoas cujos laços consanguíneos não lhe eram tão próximos. — (Dicionário da Bíblia de John D. Davis) ©