O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Claramente vivos — Familiares diversos


11

O Céu é o Amor com que nos queremos uns aos outros

1 Querida mamãe, querido papai, querida vó Augusta, n Deus nos abençoe.

2 Um bilhete só que seja — pediu a mãezinha, — e estou aqui para falar “presente”.

3 A vida é igual ao tempo. Passam numa agitação que a gente não compreende. O amor, porém, permanece. 4 E em nossas datas queridas de reencontro mais íntimo, se estamos separados ou aparentemente separados, a saudade que é voz do amor, grita mais forte por dentro do coração.
Venho pedir aos pais queridos serenidade e coragem.

5 Imagine, mamãe.
No princípio, foi a você que eu precisava escutar a todo instante, buscando fortalecê-la, mas agora é o papai que se sente mais triste. Não quero dizer que haja uma dor maior ou menor em ambos. Mas os filhos sentem as oscilações do sentimento com que os pais os acompanham, seja na vida humana ou além dela. 6 Pai querido, é necessário viver com todos os acontecimentos que o tempo nos ofereça. Hoje, sei. As horas são como as correntes de um rio. Devolvem sempre aquilo que lhes doamos. 7 Correm aqui, correm ali, as águas do tempo se movem constantemente em nossa direção, trazendo-nos de retorno quanto lhes atiramos. 8 Falo assim para compreendermos que há ocasiões em que as lágrimas por fora ou por dentro nos lavam os corações. Tudo estará bem se guardarmos confiança em Deus, entregando a Deus todos os ingredientes de que a nossa vida se compõe. 9 Por aqui, também a nossa inquietação é sempre maior se vemos a inquietação naqueles que amamos, e não nos encontramos assim tão longe uns dos outros que as nossas emoções não estejam em permuta constante.

10 Querida mãezinha e querido papai, pensemos em nossos queridos Wagner e Jeanine. n Posso muito pouco, mas vou aprender a ajudar como se deve e prometo à mamãe que não crescerei na forma, a fim de que, um dia, quando nos reencontrarmos, ela me sinta a criança que sempre amou. n
Um menino alegre que terá conseguido, mesmo assim, penetrar a ciência de fazê-los sorrir.

11 Compreendo todos os nossos problemas, entretanto, nas somas da luta, comparecerá sempre o saldo da Bondade de Deus, sustentando-nos os créditos de paz e esperança.

12 Tia Guta (Guth), n para informações à vovó, está se restaurando, sobretudo, com o amparo da vovó Alexandrina n e de uma senhora amiga, Dona Tereza Santana Ramos. n

13 A vida onde estamos é talvez apresentada em moldura mais bonita que a da Terra, mas por dentro de nós, estão os anseios e as saudades, as aflições e as alegrias que trazemos no mundo.

14 Penso que o Céu é o amor com que nos queremos uns aos outros, porque a gente oferece tudo o que pode para não ser transferido de lugar.

15 Não adianta elevação sem companhia adequada. Por isso, continuamos em nossa fidelidade ao lar que é nosso, de vez que o lar não é a construção de alvenaria, mas a ventura da união entre os que se amam com alma e coração.

16 Nossos amigos Izídio e Henrique n ainda agora me auxiliam a escrever. Eles se referem a mim, na condição de rapaz, entretanto, sou ainda o Murissoca de casa, com o sorriso aberto e com aquela felicidade de estarmos juntos.

17 Desejo alinhar vovó Augusta e vovó Violeta, vovô Zico e vovô Zé, n no mesmo abraço.

18 A gente escreve do novo mundo para aí e desejaria falar tanto!   19 Mas estamos dentro da vida de qualquer modo, e por isso que o amor ainda é a maior surpresa que nos escora na caminhada para a frente. 20 Parece-me que o resto é ensinamento que Deus nos concede para conquistarmos a felicidade de amor sempre.

21 Pai querido, nosso amigo Valente n continua me auxiliando, e o tio Godofredo n me afirma sempre que está e estará colaborando na sustentação da nossa paz.

22 Nosso amigo Henrique solicita seja dito à nossa irmã Augustinha n que ele agradece, com todo o coração, as lembranças das irmãs e dos irmãos cunhados no carinho das crianças:
Deus nos abençoe a todos.

23 Papai e mamãe, continuemos trabalhando na plantação do bem e entreguemos nosso esforço ao tempo. Deus zelará por nós todos.

24 Mãezinha, a saudade é um poema vivo que só se escreve com lágrimas. É por isso que temos nós chorado tanto.

25 Sei que a sua procura por seu filho é uma procura incessante de fé. Às vezes, não sei bem se você busca o seu Maurício ou se procura a fé em Deus. 26 Entretanto, no fundo de todas as nossas cogitações, está o amor, e os amigos daqui me ensinaram que isso é que vale.

27 Confiemos na Providência Divina e sigamos para a frente.

28 Querido papai e querida mãezinha, com a vovó Augusta, recebam todo o carinho iluminado de esperança nos beijos do filho, sempre de vocês dois e sempre mais reconhecido,


Maurício


A VIDA É IGUAL AO TEMPO


Do caderno especial de O Popular,n jornal de Goiânia, traslademos para este volume os tópicos principais da excelente reportagem que fez Márcia Elizabeth sob o título “Maurício (que morreu aos 7 anos) envia carta a seus pais”:

“Muitas pessoas viveram o drama da família Xavier Vieira. Muitas preces foram feitas pelos pais de Maurício Xavier de Vieira, para que tivessem forças e suportassem a dor da perda do filho.

Tudo aconteceu numa tarde de maio, quando acabou a energia elétrica em sua casa, e Maurício acendeu uma vela e dirigiu-se para o quarto.

O carpete havia sido colocado naquele dia e a cola ainda estava molhada.

A explosão foi grande.

Maurício foi socorrido por seu pai, o médico José Vieira, que conseguiu tirá-lo do meio das chamas, ficando também muito queimado.

Maurício permaneceu uma semana hospitalizado, vindo a falecer no dia 16 de maio de 1976.

O Menino nascera em Goiânia, a 14 de dezembro de 1968.

Era o caçula, vindo depois de Wagner e Jeanine, de 12 e 13 anos de idade, respectivamente.

Maurício estudou até o terceiro ano primário, no Instituto Araguaia, e depois na Escola Raio de Sol.

Quando morreu, estava com sete anos de idade.


A volta, através de Chico Xavier

Os pais de Maurício, dona Alexandrina e José Vieira, desesperados com a perda do filho, aconselhados por amigos, foram à procura daquele que tem sido fonte fidedigna de notícias do Além: Chico Xavier, o médium de Uberaba, que tem psicografado livros e mais livros doutrinários, filosóficos, científicos e religiosos.

Francisco Cândido Xavier, hoje com 68 anos de idade e 51 dedicados à causa espírita, n jamais cobrou um centavo de quem quer que o procure em Uberaba, atendendo de 600 a 800 pessoas nas noites de sexta-feira e nas tardes de sábado, quando realiza um nobre trabalho de confraternização, na periferia da cidade .

E foi em Chico Xavier que os pais de Maurício encontraram de novo o seu filho, quando receberam, na noite de 11 de fevereiro de 1978, uma carta de Maurício consolando e dando-lhes forças.


Idade do Espírito

Os espíritas sabem que o Espírito não tem idade.

Não é como pessoa viva — Espírito e corpo — quando a idade é a do corpo.

Há Espíritos muito mais antigos do que os demais, e assim mais experientes.

Isso significa que muitas crianças, recém-nascidas, podem ser muito mais velhas do que adultos e até anciãos deste mundo. O Espírito de Maurício, que só viveu sete anos no lar dos Xavier Vieira, parece ser um desses já bastante evoluídos.”


Vejamos, em seguida, alguns dos pontos relevantes da página mediúnica e as pessoas nela citadas.


1 — Vovó Augusta: Avó materna, Sra. Augusta Leite Xavier.


2 — Wagner e Jeanine: Irmãos de Maurício.


3 — “Posso muito pouco, mas vou aprender a ajudar como se deve e prometo à mamãe que não crescerei na forma; a fim de que, um dia, quando nos reencontrarmos, ela me sinta a criança que sempre amou.” Sobre o crescimento em termos de estatura — se é que assim possamos nos exprimir, — sugerimos ao leitor consultar o item 3 do Capítulo 14 [no livro impresso], acima.


4 — Tia Guta (Guth): O Espírito se refere à sua tia desencarnada, D. Maria Augusta Xavier Sabag.


5 — Vovó Alexandrina: Referência à sua bisavó desencarnada, D. Alexandrina Fontes Xavier.


6 — Dona Tereza Santana Ramos: Senhora de família tradicional de Anápolis, Estado de Goiás, já desencarnada.


7 — Izídio e Henrique: Nossos conhecidos dos Capítulos 11/14 e 27 [no livro impresso]. O segundo, primo do comunicante.


8 — Vovó Violeta, vovô Zico e vovô Zé: Trata-se de D. Violeta da Silveira Vieira, avó paterna; Sr. Brasil Xavier Nunes Zico, — avô materno; e Sr. José Vieira — Zé, — avô paterno.


9 — Nosso amigo Valente: Maurício se refere ao Sr. José Fernandes Valente, farmacêutico antigo de Anápolis, e amigo da família.


10 — Tio Godofredo: Tio-bisavô materno, Sr. Godofredo Xavier Nunes.


11 — Nossa irmã Augustinha: Sra. Augusta Soares Gregoris, genitora de Henrique.


Depois de afirmar que o amor permanece e que o Céu é o amor com que nos queremos uns aos outros; de que precisamos continuar trabalhando na plantação do bem, entregando nosso esforço ao tempo; e de que saudade é um poema vivo que só se escreve com lágrimas, conclui Maurício, de forma admirável:

“No fundo de todas as nossas cogitações, está o amor, e os amigos daqui me ensinaram que isso é que vale.”


[18] O Popular — Cidade/Estado, Goiânia, 12/03/1978, pág. 30.


[19] A 2 de abril de 1979, o médium Xavier completou 69 anos de idade, e a 8 de julho, 52 anos de atividades mediúnicas ininterruptas. (Nota de Elias B.)


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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