1 “Veia” n querida, abençoe seu filho, enquanto rogo a Deus nos proteja a todos.
É verdade por dentro do coração.
2 Creio que ainda não havia encontrado uma noite de Natal com a sua companhia, na alegria iluminada de preces e lágrimas, quanto a de hoje.
3 Creia, Dona Augustinha, que o Livro da Vida é feito de páginas vivas, que às vezes nos sangram o coração. Mas não apenas pelas impressões de interpretação difícil do sofrimento que observamos nos outros, mas sobretudo de alegria indefinível ante o mergulho de nosso entendimento nas Leis de Deus.
4 Agora, vejo melhor.
A dor é uma oportunidade. A luta da Terra é um desafio à nossa capacidade de compreender e auxiliar.
5 Hoje, tivemos uma noite da Família Maior. Em cada criatura que visitamos, vi a imagem dos nossos entes queridos. Estranho pensar que precisamos, por vezes, de perder o espólio das células físicas para enxergarmos a realidade.
6 Por aí, a gente promete, promete e promete, mas raramente não se adia a execução dos votos formulados. Não sei realmente se teria penetrado a beleza do Natal, se estivesse aí vestindo a farda do corpo denso.
7 Talvez que numa hora desta, com certeza falaria em Natal, distanciadamente, qual se Jesus houvesse sido no mundo um nome raro ou um grande artista da bondade que nos bastaria admirar.
8 Entretanto, “Veia” querida, meus companheiros de festa, hoje, em sua companhia, foram meu pai Gastão, foi o amigo Oscar, o meu avô Manoel e o meu tio Labieno, sem falar do nosso caro amigo Alvicto n e outros muitos que partilhamos a visitação fraterna, em nome do Eterno Amigo.
9 O nome de Jesus soou nesta noite para seu filho com novo sentido. O nome santo que eu nem sempre soube entender, demonstrava o pranto de alegria dos enfermos algemados aos catres de purgação, significava a expectativa de tantas crianças que fitavam o pão como quem encontra um tesouro; expressava a esperança das mães agoniadas de dor com a perda de filhos queridos, e me obrigava a refletir que as provações alheias são talvez sempre mais complicadas e mais dolorosas do que as nossas.
10 E aqui a caravana fazia pausa, a fim de ouvir os irmãos “do avesso” — o lado em que nos encontramos, — a região dos que perderam o corpo e ainda não conseguiram desvincular os pensamentos, desarraigando-os da Terra ou das situações obscuras da Terra.
11 Não sei aclarar pra vocês o que se passa com a gente, por aqui. Um nó na garganta parece atar as ideias na cabeça e liberar as lágrimas no coração. O cérebro se prende ao dever de meditar sobre nós mesmos, e a alma chora de júbilo pela possibilidade de se redescobrir.
12 Recebi tanto de você e doei tão pouco, mas tão pouco em se referindo a mim mesmo: Tive um pai maravilhoso, e em você o anjo maternal que me guiava sem que eu quisesse aceitar de todo o caminho que a sua ternura me indicava, um irmão amigo em nosso Eduardo, irmãs queridas em Márcia e Ângela, n e outros irmãos devotados no Mário Lúcio e no Luiz Antônio. n
13 Tive o tio Wilson a me obter trabalho e a tia Gilca, n que é sempre um retrato de sua bondade maternal, — entretanto, penso no que poderia ter feito e não fiz. Você dirá que não é assim, que fui um modelo no seu figurino de virtudes, e compreendo que toda mãe é assim mesmo — “um anjo de Deus velando sobre nós”. 14 Mas por dentro de mim, vou recolhendo instruções para uma iniciação que me conduza a uma Vida Superior. Digo assim, porque agora percebo que a paisagem externa é o nosso próprio reflexo.
15 Somos o que sentimos, vivemos naquilo que pensamos, e criamos naquilo que estejamos fazendo. Uma página humana ao vivo, vale por muitas lições lidas.
16 Peça, querida mãe, a Deus por seu Henrique. Desejo melhorar-me, compreender e fazer alguma luz nas sombras de minhalma. Os exemplos de serenidade e paz dos corações humildes são luzes que nos descobrem perante nós mesmos.
17 Até confrontarmos as nossas provas com as dificuldades dos outros, as escamas do egoísmo nos recobrem a visão, e caminhar para diante escalando as pedreiras do progresso espiritual é muito difícil para os destreinados, qual ainda sou, distanciado que vivi das telas de angústia silenciosa de tantos que sabem aceitar a dor por instrutora íntima de nossas experiências.
18 Agradeço o Natal que o seu carinho me deu, e embora me reconheça de mãos vazias, ofereço a você a renovação de minhas promessas de rapaz, no sentido de seguir cada vez mais integrado no ritmo de seus passos, no anseio de elevar-me aos cimos do bem. 19 Não há pretensão nos meus anseios, porquanto confesso com os meus desejos a incapacidade espiritual em que ainda me encontro para a identificação mais ampla dos ensinamentos do Cristo. 20 Deus acumule as suas reservas de abnegação e paciência no caminho em que jornadeamos juntos, de vez que nos achamos escorados em seu carinho e em seu trabalho.
21 “Veia”, você tem razão como sempre. Necessitamos aprender a servir com intensidade constante e crescente. Não importa que alguém nos considere birutados pela fé religiosa. É preciso esquecer essas jogadas dos que brincam de viver e sacar a Verdade de nós, por nós mesmos.
22 Silêncio para qualquer apontamento irônico.
Os que adoram indiferença ou sarcasmo, voltarão um dia ao rumo certo. 23 E quem avança na estrada, não dispõe de tempo a fim de passar recibo em ofensas, ou retirar sarrafos que se nos atirem. 24 O próximo é a ponte ou o viaduto, em que nos aproximamos cada vez mais de Deus, quando seguimos adiante, procurando auxiliar e esquecer.
25 Mãe querida, muito obrigado. É tudo o que lhe posso dizer.
Agradeço a você não ficar parada em casa, cozinhando lembranças amargas. Estamos juntos e caminharemos unidos para a frente. Você, “Veia”, está me apontando a senda verdadeira para o reencontro com a Família Maior, em que todos nós integramos.
26 Nosso Alvicto abraça a nossa irmã Lélia, e pede-lhe prosseguir na humildade e no silêncio de mãe, em que ela vem conhecendo sob novos prismas. Ele declara que a filha Simone, tanto quanto o Luiz e o Antenorzinho, n estão sempre em seus braços de trabalhador — braços de vigilância e carinho com que nosso amigo continua velando pelo campo doméstico. Ninguém consegue desinteressar-se do mundo, no que se reporte ao mundo daqueles que lhe são amados. Estamos todos magneticamente interligados uns com os outros, na marcha.
27 Dia a dia, a melhora vai pintando em nós um novo quadro de compreensão humana. Por isso é que peço a você muita serenidade e confiança em Deus e na vida.
28 Enquanto a porteira estiver fechada do lado de cá, isso é sinal de que o seu menino Henrique não pode abri-la. E isso acontece, “Veia”, porque as Leis de Deus querem você ainda por aí nas tarefas do auxílio.
29 É preciso fazermos força e aceitar a luta que se nos oferece.
A evolução é vagarosa.
30 A cabeça não dá para conter todos os ensinamentos da vida, de uma só vez, e nem o coração é caixa forte, tão forte, que consiga guardar todas as emoções de que necessitamos para a promoção.
31 Hoje é um contratempo, amanhã uma desilusão, depois de amanhã é uma prova maior contendo novas exortações, e a gente vai indo…
32 De quando em quando, um companheiro tropeça ou cai ribanceira abaixo, mas a equipe estaca, na medida possível, e presta socorro indispensável ao companheiro em problemas de omissão.
33 De qualquer modo, regozijemo-nos. Regozijemo-nos porque um Natal diferente está acontecendo em nós.
34 Amigos diversos se reúnem agora conosco.
Um deles, o nosso caro Júnior, n solicita seja você a intérprete do carinho e das lembranças dele à família. Sem dúvida, comunicou-se atarantado, qual nos ocorre muitas vezes, e deu a impressão de que usou cerimônia e algum desinteresse para com os parentes.
35 Mas não é fácil escrever pela mediunidade, ao redor de muita gente. Se nos internamos em ternura, mesmo autêntica, para com os nossos entes amados, fornecemos a impressão de Espíritos agarrados às convenções humanas, e se evidenciamos algum equilíbrio, exportamos a ideia de que andamos por aqui desmemoriados ou indiferentes.
36 Mas não é bem assim.
Quando nos expressamos na mediunidade pelas primeiras vezes, parecemo-nos com os estreantes de palco. Muitas vezes, esquecemos o papel a representar, e fica a impressão de que estamos distantes daquilo que é mais nosso.
37 Sigamos, porém, para a frente, contando as bênçãos, e a soma das bênçãos excederá de muito a conta dos nossos supostos lapsos de atenção.
38 A vida é um cântico de amor, e não existem notas dissonantes suscetíveis de desfigurá-lo.
Amar-nos-emos sempre, e amar-nos-emos cada vez mais.
39 “Veia” querida, por meu pai Gastão e por todos os nossos, deixamos aqui, a você, os nossos votos de Feliz Natal e Feliz Ano Novo, entendendo sempre que a nossa felicidade real se inicia do ponto em que começamos a trabalhar em favor dos outros.
40 Terminando, peço a você dizer ao tio Wilson que o tio Jorginho n tem visitado a todos os nossos, e que vem se promovendo cada vez mais no serviço ao próximo — escola em que nem todos aceitam com facilidade, onde estamos.
41 A todos os nossos aquele plá do Natal, carregado com as diferenças que estou registrando; aceitar Jesus mais e permanecer menos conosco, de vez que só Jesus nos arranca de nossos pensamentos inferiores.
42 Muita alegria e paz a todos, e para você, querida Dona Augustinha, o coração de seu filho na forma de uma estrela de esperança, a esperança de merecer o seu carinho e prosseguir aprendendo com os seus passos.
43 Muitos beijos em sua fronte querida, com todo o carinho e gratidão de seu filho, sempre cada vez mais seu,
Henrique
Remetendo o leitor à obra Enxugando Lágrimas, n onde comparece Henrique e existem dados biográficos mais extensos sobre o jovem Autor Espiritual, limitemo-nos, aqui, aos elementos indispensáveis para o estudo do capítulo a que denominamos “Somos o que sentimos”.
Filho de Gastão Henrique Gregoris e de D. Augusta Soares Gregoris, nasceu Henrique Emmanuel Gregoris em Goiânia, a 7 de julho de 1952, aí desencarnando a 10 de fevereiro de 1976, em consequência de acidente com arma de fogo.
O amigo com quem Henrique se encontrava, no local da ocorrência, foi, meses depois, absolvido pela Justiça.
A família Gregoris, não concordando com semelhante determinação, apelou à Instância Superior, mas, para surpresa de todos, o médium Chico Xavier, dois dias depois, em Goiânia, pessoalmente, transmitiu o recado do Espírito de Henrique, solicitando à D. Augustinha que perdoasse o amigo.
E assim foi feito.
1 — “Veia “: Henrique prossegue usando o tratamento carinhoso, ao se dirigir à sua genitora.
2 — Pai Gastão, amigo Oscar, avô Manoel, tio Labieno e amigo Alvicto: Sobre os nomes citados — Gastão Henrique Gregoris; Oscar Masaaki Tsuruda; Manoel Soares; Labieno Soares e Alvicto Osoris Nogueira — Cf. Enxugando Lágrimas, págs. 63-68 e 94-136.
3 — Eduardo, Márcia e Ângela: Irmãos de Henrique.
4 — Mário Lúcio e Luiz Antônio: Cunhados do comunicante.
5 — Tio Wilson e tia Gilca: Trata-se do Sr. Wilson e D. Gilca Fidalgo, residentes em Brasília, D.F.
6 — Lélia, Simone, Luiz e Antenorzinho: Familiares do Espírito de Alvicto, residentes e muito estimados em Goiânia.
7 — Júnior: O Espírito se refere a Juarez Távora de Azeredo Coutinho Júnior, filho do Sr. Juarez Távora de Azeredo Coutinho e de D. Glória Coutinho, desencarnado em acidente, a 15 de dezembro de 1976.
8 — Jorginho: Alusão ao filho do Sr. Jorge Fidalgo e de D. Maria Fidalgo, desencarnado, há alguns anos, em Brasília, DF., vítima de acidente.
A mensagem de Henrique, psicografada pelo médium Xavier, em sua residência, na noite de Natal — 24 de dezembro de 1977, em Uberaba, Minas, com efeito, dá-nos o que pensar.
Observemos, apenas, os seguintes passos:
a) “Somos o que sentimos, vivemos naquilo que pensamos, e criamos naquilo que estejamos fazendo. Uma página humana ao vivo, vale por muitas lições lidas.” Quando as criaturas humanas compreenderem a realidade desta passagem, a nosso ver, a Terra já terá passado à condição de Mundo de Regeneração. Que todos nós, sem perda de tempo, principalmente os que lavram o campo da paternidade e da maternidade, nos conscientizemos de semelhante verdade, a fim de que possamos colaborar para que a Terra, quanto antes, conclua o seu abençoado estágio de Mundo de Expiações e Provas.
b) Sobre o egoísmo, cujas escamas nos recobrem a visão, consultemos os n.os 913 a 917 de O Livro dos Espíritos, e o nº 11 do Cap. XI de O Evangelho segundo o Espiritismo, ambos de Allan Kardec.
c) “Necessitamos aprender a servir com intensidade constante e crescente. Não importa que alguém nos considere birutados pela fé religiosa. É preciso esquecer essas jogadas dos que brincam de viver e sacar a Verdade de nós, por nós mesmos.” — Quantos há que se afastam das atividades religiosas, com medo de que alguém os tenha à conta de fracos? Lembremo-nos, a propósito, das palavras do Codificador do Espiritismo, ao final da questão nº 148 de O Livro dos Espíritos, quando nos recorda que se a nossa sociedade fosse fundada sobre o materialismo, “os seus membros se despedaçariam entre si, como animais ferozes.”
d) Depois de nos recomendar “silêncio para qualquer apontamento irônico”, — e de nos mostrar que a evolução é longa, e de que é preciso fazermos força e aceitar a luta que se nos oferece, arremata Henrique:
“De qualquer modo, regozijemo-nos. Regozijemo-nos porque um Natal diferente está acontecendo em nós.”
SEGUNDA MENSAGEM
1 “Veia” querida, auxilie-me com sua bênção.
2 É isso aí.
Dois anos.
Tempo rápido com tantas realizações que eu não esperava. Realizações das melhores. Minha volta aos braços do pai Gastão, e nosso encontro em nível diferente. Reencontro na fronteira de dois mundos.
3 Se alguém supôs que eu estava caído para sempre na roleta da vida, enganou-se de todo, porque a zebra não me apareceu.
4 Reergui-me do corpo horizontalizado com a íntima alegria de não haver diretamente provocado a ocorrência que nos separou e nos reuniu ao mesmo tempo, mais ainda.
5 Se eu pudesse, mamãe, secaria todas as suas lágrimas com os meus beijos de gratidão. Afinal, o choro é também meu, mas a porteira que atravessei continua aberta e, por ela seu coração está no meu, tanto quanto conservo o seu comigo.
Quem diz que há cercas eternas?
6 A morte é apenas um sono profundo no corpo de que o interessado se retira, tão acordado quanto se achava antes de dormir. n
7 Peço-lhe. Não guarde qualquer impressão negativa. O que passou, passou. Deus permanece. E Deus está no amor com que nos amamos.
8 Já sei que se cometi alguma leviandade, entregando-me ao jogo que terminou com as perdas de meu lado, o seu carinho já me perdoou aquelas setenta vezes sete vezes. E o seu perdão é ainda maior do que supunha conseguir encontrar em seu devotamento.
9 Conheço as horas em que você se põe a raciocinar, situando-se no lugar das mães a cujos filhos se atribui essa ou aquela culpa na Terra, e compreendo a extensão da bondade com que você reconhece comigo que o lado da cruz é sempre o melhor, especialmente para aqueles que confiam na Providência Divina.
10 Agradeço as suas lágrimas que me falam sem palavras da sua ternura imensa, mas registro igualmente a minha profunda gratidão pelos pensamentos de paz que você irradia na direção de quantos se envolveram naquela liquidação de débitos em que me vi, naquele dez de fevereiro de dois anos passados.
11 Agora, é aquele momento em que você nos comunicava a sua opinião, quando lhe expúnhamos algum assunto triste:
— “Deixem isso pra lá”.
12 Pois é.
Deixemos pra lá o que já se foi, e rendamos graças a Deus por termos saído de tantos grudes sem teias de aranha na cabeça.
13 Você pode continuar com suas tarefas de operária do bem com tranquilidade, e seu filho também com tranquilidade consegue agir e aprender a servir em planos diferentes.
14 Continue, “Veia” querida.
Seu esforço é base para muita construção de seus filhos. Eduardo, Ângela e Márcia com este seu Henrique da trabalheira, devem aos seus exemplos o que jamais conseguiremos resgatar.
15 A existência do mundo é uma caminhada que a pessoa realiza julgando-se num lugar único. Muita gente se apega tanto ao que acredita ser e ao que imagina possuir, que acaba na posição da criatura repentinamente desapropriada pela morte de todos os pertences a que inutilmente se agarra, candidatando-se a longos tratamentos da saúde mental. Mas você caminha, porque aqueles que agem a benefício dos outros, estão marchando para a frente.
16 Creia que não estou a paparicá-la com medalhas que você não precisa e nem pede. Externo apenas o meu carinhoso reconhecimento. Pensando bem, se nós, os filhos, não demonstrarmos gratidão e amor às nossas mães e pais, quem fará isso por nós?
17 Quem nos terá suportado a infância chorosa e doente nos braços; quem terá velado conosco nos grandes momentos da bronquite e do sarampo? Quem nos terá ensinado a recordar as primeiras palavras e a repetir o nome de Deus?
18 Se existe um tributo de pessoa humana que somente a Infinita Bondade do Pai Misericordioso consegue pagar, esse é o imposto bendito que devemos aos pais que nos recolheram no mundo.
19 Deste “outro lado”, penso muito nisto. A dívida cresce quando a consciência se ilumina. E agradeço a Deus o coração de mãe que me guardou íntegro e fiel a mim mesmo no melhor que pude sentir e trazer.
20 Nossa festa de aniversário está orvalhada de prantos, porque é diferente. É o meu nascimento em outra vida. Outra vida em que o amor é mais forte e mais belo.
21 Com os amigos presentes, temos conosco alguns dos companheiros mais queridos que vieram para cá de modo mais apressado, isto é, sem a preparação de colher, remédio, aflição e leito.
22 Vejamos: dos que se acham em nossa companhia, enumerá-los-ei por ordem de chegada.
O primeiro da turma de hoje, foi o Jurandir Nascimento, n que regressou em maio de 1970; o segundo foi o Izídio, n em 1974; em seguida estou eu, o seu filho Henrique, e, em quarto lugar, temos o nosso Maurício Vieira, n que atualmente é quase um rapaz pela maturidade espiritual que já atingiu.
23 Falo aqui somente dos companheiros acidentados, mas temos amigos outros que nos honram com a incumbência de faze-los presentes à lembrança dos familiares queridos. n
24 De todos, pelo imenso amor à família, devo salientar o pedido de nosso irmão Vladimir Casagrande, n que nos recomenda dizer à companheira Dona Maria Aparecida Geraldes Casagrande, que ele vai seguindo bem, fazendo quanto pode a fim de se adaptar à nova ordem das cousas a que a desencarnação nos compele, e solicita aos filhos queridos — Casagrande Júnior, Walmir e Mônica — prosseguirem auxiliando a mamãe, com a certeza de que a morte não lhe extinguiu o carinho e a presença.
25 O amigo médico — Dr. Raul Briquet n — pede muita serenidade à esposa Dona Cecília, esclarecendo que ambos prosseguem juntos.
26 E um amigo, que se faz conhecer por Irmão Tostes, roga às nossas irmãs D. Maria de Lourdes Tostes Aquino Leite e Tahis Scaglia n auxiliarem ao jovem Fernando que as deixou na Terra, há alguns dias, numa provação em que se cumpriram desígnios do passado.
27 Diz nosso Irmão para que a mãezinha dele — Dona Maria de Lourdes, — tanto quanto lhe seja possível, procure consolar-se no clima da religião, sem perder a fé em Deus e sem desejar seguir o filho querido para a região em que nos achamos, pois os sofrimentos dela o alcançam, de maneira dolorosa, de vez que ele lhe escuta os apelos e as palavras de angústia sem poder ainda articular qualquer resposta.
Entendemos isto.
28 A dor dos que nos amam nos segue nos primeiros tempos do Além-Morte, qual se fosse uma sobretaxa de aflição, às vezes maior do que a própria aflição que nos toma o espírito inexperiente.
29 Peçamos a bênção de Jesus, e sigamos ao encontro da Vida, porque a Vida é de Deus, e devemos obedecer aos Planos Divinos conquanto na Terra sejam eles traduzidos em linguagem de sofrimento.
30 Minhas possibilidades de escrever estão terminando, mas não posso esquecer o seu pedido nas preces últimas — aquele que se refere às notícias do Maninho, do Wade e o Hermilon, n que vieram para cá, em novembro passado.
Mãe querida, console os pais que ficaram desolados.
31 Tenho visto o Maninho e os companheiros. Peço dizer aos nossos amigos, Sr. Lúcio e Dona Maria, que ele está sempre melhor.
32 O mesmo ocorre com o Wade e com o Hermilon — três valorosos soldados da esperança, que viviam unidos no estudo e no trabalho, e que juntos voltaram integrados na mesma abençoada amizade que os reúne ainda e sempre.
33 Se possível, “Veia”, conduza este correio aos nossos amigos Sr. João e Dona Geraldina, Sr. Waldir e Dona Elza, — não sei se estou acertando nomes, pois, ultimamente, somente vi as famílias dos amigos aqui recém-chegados, no Jardim, de Campinas, depois das botas de elefante da jamanta que liquidou com o Opala, como se as máquinas por aí fossem dinossauros da antiguidade, arrasando a vida por onde passam.
34 Sabemos que a Lei é sempre Lei, e que ninguém foge ao que a Lei determina, no entanto, dói ver tantos amigos regressando por atritos das engrenagens do progresso, embora, por aqui, estejamos informados de que muita gente está voltando em plena juventude e em completa meninice, numerosos amigos a se prepararem, com mais suficiência, para as tarefas que os esperam no século próximo.
35 Sei que uma notícia dessa não reconforta mãe nenhuma e pai nenhum, mas a verdade é fria mesmo, e não podemos recusar-lhe pouso, sob pena de ficarmos na sombra de enganos que não devem permanecer.
36 Nosso querido Maurício beija os pais queridos e a querida vovó Augusta, e declara que está cooperando pela tranquilidade geral, notificando ainda ao nosso amigo Dr. José Vieira, que vem fazendo o possível por auxiliar o vovô Vieira nestes dias, algo mais abatido fisicamente.
37 Agora, é impossível continuar.
O meu plá ficou numa quilometragem de pasmar, no entanto, embora assim tão grande, está ainda muito longe do tamanho do meu amor e do meu reconhecimento ao seu coração de mãe, sempre mais querido.
38 Num alô para o Eduardo, n peço a ele cuidado com a vida.
Mocidade verde pede amparo dos maduros.
Nosso Eduardo não deve andar tão depressa com as aquisições profissionais, a ponto de parecer que está decolando em tudo. Deus se contenta com a marcha do mundo em menos de trinta horas por dia-noite, e o trânsito em nossas estradas do “por aí” traça um limite aos oitenta. Em voo, não sei a conta porque não entendi de pilotos, mas deve existir um padrão para aqueles que estão escalando os céus com o corpo mesmo.
39 Aqui, mamãe querida, um ramo de flores com a música do meu coração, que é seu.
Receba-o com muitas lembranças a todos os nossos entes queridos e com todo o amor de seu filho, sempre seu companheiro do coração,
Henrique
40 — O abraço de meu pai Gastão, em nossa festa.
(H)
Tanto na mensagem anterior, quanto na que ora analisamos, recebida pelo médium Xavier, no Grupo Espírita da Prece, na noite de 10 de fevereiro de 1978, Henrique se refere à porteira, batendo na tecla da alegria, ao recordar a toada que cantava no recesso do lar, nos tempos da vida terrestre.
Mais uma vez, volta o Espírito a afirmar “não haver diretamente provocado a ocorrência” que o reconduziu à Vida Espiritual, admitindo, porém, ter cometido “alguma leviandade, entregando-me ao jogo que terminou com as perdas de meu lado”.
E se rejubila com o perdão materno.
Autêntico repórter da Espiritualidade Maior, enumera Henrique os companheiros por ordem de chegada, colocando-se em terceiro lugar.
1 — Jurandir Nascimento: Amigo desencarnado em acidente, em 1970.
2 — Izídio: Trata-se de Izídio Inácio da Silva, desencarnado a 26 de fevereiro de 1974, sobre quem falaremos no Capítulo 12.
3 — Maurício Vieira: “que atualmente é quase um rapaz pela maturidade espiritual que já atingiu.” O Espírito se refere a Maurício Xavier de Vieira, desencarnado a 17 de maio de 1976 (veja-se o Capítulo 11), em consequência de queimaduras, por acidente. A propósito do crescimento do Espírito em termos de estatura, sugerimos a consulta ao Capítulo 15 de Entre Duas Vidas, n onde Rosângela, a jovem desencarnada, defronta-se com Tomé, o irmão que partira criança para o Além e já se encontra praticamente adulto, na Espiritualidade.
4 — Vladimir Casagrande: Importante o fato de o Espírito de Henrique declinar os nomes de todos os elementos da família Casagrande, residentes à Rua Chile, nº 47, em Votuporanga, Estado de São Paulo, a pedido do chefe desencarnado.
5 — Dr. Raul Briquet: Confortadora a recomendação da entidade espiritual, através de Henrique, à sua esposa, D. Cecília, presente à reunião.
6 — Irmão Tostes: Refere-se a Fernando que, com efeito, desencarnou em acidente. Lourdes Tostes Aquino Leite e Tahis Scaglia — residentes em Brasília, Distrito Federal (Super Quadra S307 — Bloco K — Apto. 106). Oportuno o lembrete endereçado à D. Maria de Lourdes: “tanto quanto lhe seja possível, procure consolar-se no clima da religião.”
7 — Maninho, Wade e Hermilon: Amigos de Henrique, desencarnados juntos, em novembro de 1977. São seus pais, respectivamente: Sr. Lúcio e D. Maria; Sr. Waldir e D. Elza; e Sr. João e D. Geraldina. Genial a comparação das jamantas — máquinas modernas com os dinossauros da antiguidade, arrasando a vida por onde passam.
8 — Eduardo: Trata-se do irmão do comunicante, entusiasta da aviação civil, a quem tantas vezes Henrique se dirigiu, nas páginas de Enxugando Lágrimas.
Para concluir este já longo arrazoado, procuremos, leitor amigo, reler o seguinte trecho antológico da mensagem, do ponto de vista doutrinário, constituindo-se, por isso mesmo, em verdade fria:
“Sabemos que a Lei é sempre Lei, e que ninguém foge ao que a Lei determina, no entanto, dói ver tantos amigos regressando por atritos das engrenagens do progresso, embora, por aqui, estejamos informados de que muita gente está voltando em plena juventude e em completa meninice, numerosos amigos a se prepararem, com mais suficiência, para as tarefas que o esperam no século próximo.
Sei que uma notícia dessa não reconforta mãe nenhuma e pai nenhum, mas a verdade é fria mesmo, e não podemos recusar-lhe pouso, sob pena de ficarmos na sombra de enganos que não devem permanecer.”
[1] No livro impresso o texto compreendido entre os indicadores 7 a 23 da segunda mensagem foi omitido descuidadamente na 1ª edição desse livro, mas está presente nas edições posteriores desse livro.
[2] Aqui é o final do texto faltante dessa mensagem na 1ª edição do livro impresso.
[3] Francisco Cândido Xavier, Elias Barbosa e Espíritos Diversos, Enxugando Lágrimas, IDE, Araras (SP), 2ª edição, 1979, pp. 111-136.
[4] Francisco Cândido Xavier, Elias Barbosa e Espíritos Diversos, Entre Duas Vidas, CEC, 3ª edição, Uberaba (MG), 1978, pp. 89-95.