1 Querida mãezinha Elena. Estamos sempre juntos, acompanho os acontecimentos da família, regozijo-me com as boas disposições do papai Antonio, sigo as saudades e as atribulações íntimas da querida Babunha n e ainda que ela não queira, procuro cooperar em auxílio à nossa Lelete. Ninguém pode viver de inércia, nem aí e nem aqui.
2 Temos trabalho incessante, e isso é que nos confere a alegria de viver e continuar vivendo.
3 Agradeço-lhe, mãe, tudo o que faz em benefício de nossos irmãos hansenianos, com a carestia atual em nossa boa terra, não se pode fazer mais; entretanto, ainda que seja diminutas migalhas, não se esqueça de nossos irmãos de Pirapitingui.
4 O nosso amigo Eduardo está presente e agradecemos também a ele o estímulo às caravanas fraternas que visitam os recantos em que nossos irmãos doentes se refugiam. O Eduardo é muito amigo de Jesus, o que vem a ser muita amizade do Jesus Gonçalves por ele, o que vem a dar no mesmo.
5 Fiquei satisfeito com o livro que o nosso irmão organizou, mas é importante que outros amigos desencarnados compareçam no trabalho por ele realizado.
6 Se eu ficar sozinho na publicação, de certo muita gente pensará que entrei para o “Vedetismo”, e se eu fosse astro do mundo artístico não teria caído da altura, para estatelar-me no chão.
7 Mãezinha Elena, o tio Tichonenko vai bem e continua muito ligado à família, às vezes muito aflito pela impossibilidade de auxiliar a tia como deseja, mas tudo está certo como está e não seríamos nós que ousaríamos modificar os planos da Vida Maior.
8 Não posso ser mais extenso por motivo de tarefas urgentes, este é o motivo pelo qual fico por aqui, com muitas lembranças dos nossos de casa, a dos amigos que nos enriquecem a vida de alegria e de esperança.
9 Mãezinha Elena, agradeça por mim ao nosso Eduardo, irmão e amigo, e receba um beijão do seu filho, sempre seu filho e companheiro para o que houver e vier.
10 Sempre seu,
Elcinho
(15/3/1985)