1 Querida mãezinha Elena, com a sua bênção, estou agradecendo a visita que fez aos nossos irmãos hansenianos.
2 O seu amor foi espontâneo, de tal modo que me senti ao lado de quantos lhe receberam a presença, como se todos me fossem realmente irmãos pelo coração.
3 Não posso escrever muito, prometi que não dispenderia senão quatro a cinco minutos.
4 Acompanho a querida Babunha n com muito amor e peço a Deus que abençoe a nossa querida Lete com a familinha.
5 Mãe, mais uma vez muito grato com o meu pai. Rogo ao seu carinho, reter em sua bondade constante, o coração do filho que continua residindo em seu coração. Sempre o seu,
Elcinho
(29/11/1980)
COMENTÁRIOS
Neste pequeno recado de Elcio à mãe, ele vem mostrar sua gratidão por ela ter atendido a seus apelos de socorrer os doentes de Hansen.
Aproveitamos o assunto para dizer que todos nós podemos ajudar aos hansenianos, mesmo que não seja materialmente: é colaborando para se extinguir o preconceito contra a doença, passando a aceitar o doente na sociedade e não continuar a estigmatizá-lo e evitá-lo.
Por ser uma doença de cura simples quando descoberta no início, o doente pode e deve ser tratado em regime ambulatorial e permanecer vivendo em sua casa, trabalhando e frequentando os mesmos lugares de antes.
O doente não deve ter medo da sua doença e procurar imediatamente um médico ao mínimo sintoma dela, pois, tratada logo que diagnosticada, é de simples cura e não deixa marcas, sequelas e não deforma.
Por sua vez, os familiares e parentes devem encarar o doente como alguém portador de uma doença como outra qualquer; e a sociedade deve banir de seu vocabulário os termos pejorativos “lepra”, “leproso”, “morfeia”, e substituí-los por doença de Hansen, hanseniano, pois assim estarão ajudando a eliminar a carga infamante que esses vocábulos impõem ao doente desde os tempos bíblicos.
Para finalizar, transcrevemos algumas trovas de hansenianos desencarnados, recebidas por Chico Xavier:
Eduardo Carvalho Monteiro
1 Por entre as chagas de dor
Em meu corpo transitório
Descobri no sanatório
Um céu repleto de amor.
Augusto Bernardino Lopes
2 Amor em prol dos doentes
Que vivem de rumo incerto
Parece bênção de orvalho
Sobre os cactos do deserto. ( † )
3 Ao fim das chagas penosas
Da existência que eu vivera
Vi que eram bênçãos e rosas
Com que Deus me enriquecera.
Anita Vilela
4 Agora eu percebo a fundo
As minhas grandes feridas
É que apagaram no mundo
Os meus erros de outras vidas.
Irmão Quaglio
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(Obra Estradas e Destinos, ED. CEU)
[A única que pertence à fonte citada é a trova nº 2, as outras são inéditas.]