O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Tudo virá a seu tempo — Mensagens familiares de Elcio Tumenas


1

Seus olhos me encontrarão pela ótica do sentimento

1 Querida mãezinha Elena, n abençoe o seu filho e continue orando por nós. Tantas viagens, tantas esperanças! n

2 De alguns meses para cá, mais refeito do choque, consigo estar em nossa casa e ouço suas palavras de fé: — “Será talvez hoje a palavra de nosso filho?” Ao que meu pai responde desalentado: — “Você, minha mulher, é feliz porque aguarda sempre o que considero quase impossível”. Nossa querida Arlete n participa da conversação e balança entre a esperança e a dúvida. n Quanto a mim, vou preparando o coração para dosar as palavras.

3 Mamãe querida, assim é porque a separação tem um preço alto, quando buscamos conservar a paz. Lembro-me de todos os pormenores que antecederam a prova difícil. n Terça-feira. Quase meio-dia. O relógio está intimando ao trabalho e à responsabilidade. Rearticulo na memória o seu sorriso, como a solicitar para que ficasse; no entanto, seu carinho já se habituara com os meus horários, estudos e tarefas. Preparações e apontamentos para a habilitação profissional. 4 Saí quase às pressas, ignorando que o meu encontro dessa vez não seria com a tarefa, e sim com o término da oportunidade que me fora concedida. 5 Subi tão naturalmente ao lugar de observação que em meu pensamento não havia sinal de qualquer nuvem. A queda foi uma surpresa que me anestesiou de repente a cabeça. Dizer o que se passou, por enquanto, é impossível. 6 A palavra não sabe exprimir emoções e sensações que transcendem a rotina das experiências diárias. Faço aqui um intervalo que o seu amor conseguirá facilmente preencher, considerando o meu espanto.

7 Depois daquele sono pesado, que perdurou por tempo que ainda não posso imaginar, despertei ao lado da nova tutora que me ensinou a chamá-la por vovó Helena, n e a vida prossegue.

8 Suas lágrimas e as lágrimas dos nossos entes queridos estão comigo nas mesmas dimensões. Trocamos nossas inquietações e sofrimentos, porque, apesar do amor que encontrei na querida vovó Helena, em tia Lúcia n e em meu bisavô Tumenas, n o coração estava ferido pelo impacto do golpe que experimentávamos e, desse modo, também eu, com dificuldade me recupero.

9 Apesar de tudo, querida mãezinha, peço-lhe rogar em meu nome ao papai n e à Lelete n para que me auxiliem, confiando a Deus o acontecimento com o qual não contávamos, mas que me aguardava; de acordo com o resgate de outras experiências que, aos poucos, entenderemos. 10 Peço dizer ao meu pai que os nossos planos de trabalho em comum não se perderam. Continuo vivo e amando cada vez mais o maravilhoso amigo que a tomou para esposa e que proporcionou a felicidade de encontrar um pai carinhoso, justo, correto e trabalhador, cujos exemplos me iluminaram os caminhos.

11 Estou melhorando, querida mamãe, n e tudo retornará ao equilíbrio que desejávamos. Não preciso dizer-lhe que as suas orações foram e ainda são lâmpadas vivamente acesas em minha estrada para que não me extravie de rumo. n Suas atitudes de fé em Deus me guardaram contra qualquer inclinação à rebeldia, e apresento-me ante a sua bondade, rendendo graças aos Céus pela mãezinha que me criou para o bem.

12 Perdoe-me se calo em questões afetivas que ficaram na Terra. n Precisa ver a nossa querida amiga sem qualquer dependência, habilitada a construir o futuro de menina carinhosa, a ser minha irmã a quem devo auxiliar no reencontro de si mesma.

13 Peço à sua ternura de mãe e aos nossos em casa não se incomodarem se não figuro na turma de formandos com a qual me achava na pista das grandes realizações que entrevíamos. n

14 Os estudos por aqui continuam e, cessada a chuva de pensamentos aflitivos que ainda nos visitam a estrada, retomarei meus cursos de ascensão ao meu sonho de ser útil. Tudo prossegue no ritmo natural, em que as Leis de Deus devem ser acatadas por nós todos em primeiro plano.

15 Mãezinha, diga por favor ao papai e à querida irmã para que não me procurem nas letras que a vovó Helena e outros amigos me auxiliam a traçar com o máximo aproveitamento dos minutos. Seus olhos me encontrarão pela ótica do sentimento16 Esta carta é apenas a continuação de nossos diálogos no silêncio. n É como se permutássemos ideias sem um receptor radiofônico. As ondas de nosso entendimento mútuo ganham nesta hora o sentido das palavras sem som que falam muito alto a nós dois.

17 Querida mãezinha, Deus nos auxiliará para que vejamos meu pai restituído à tranquilidade e ao ânimo firme para a vida.

18 Nosso amigo Walter Perrone, n a quem o seu coração tem recomendado o seu filho, n é um dos companheiros que cooperam comigo para que eu consiga escrever no estilo rápido, sem permissão de paradas e muitas reflexões satélites.

19 Receba, querida mãezinha, o que posso fazer. Não desejo esquecer tudo o que as suas mãos realizam na beneficência, imaginando-me em sua companhia e atribuindo à minha pobreza as dádivas de sua generosidade. Jesus a recompense.

20 Com o papai e com a irmãzinha querida, extensivamente aos corações amigos que se fazem igualmente nossos, receba o amor intenso na gratidão sem fim de seu filho, sempre seu,


Elcinho

Elcio Tumenas




NOTAS E COMENTÁRIOS


1. Querida mãezinha Elena - Elena Tumenas, mãe de Elcio. A ortografia correta é sem “H”, ao contrário do nome da avó, mais adiante, que é escrito com “H”. Isso demonstra a fidelidade de instrumento mediúnico que foi Chico Xavier, já que só alguém da família poderia dar relevância a esse detalhe.

2. Tantas viagens, tantas esperanças - de fato, a família Tumenas esteve oito vezes no Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, até receber esta primeira carta do filho Elcio.

3. Nossa querida Arlete - Arlete Tumenas Cittadino, irmã.

4. De alguns meses para cá, mais refeito do choque, consigo estar em nossa casa e ouço suas palavras de fé: “Será talvez hoje a palavra de nosso filho?”, ao que meu pai responde desalentado: “Você, minha mulher, é feliz porque aguarda sempre o que considero quase impossível”. Nossa querida Arlete participa da conversação e balança entre a esperança e a dúvida - Elcio estava atento à ansiedade da mãe em receber notícias suas.

5. Lembro-me de todos os pormenores que antecederam a prova difícil - em seguida, Elcio descreve pormenorizadamente o acidente que o levou deste mundo, a queda acidental de um prédio em construção.

6. Vovó Helena - Helena Tichonenko, bisavó materna do comunicante, desencarnada com 99 anos em São Paulo.

7. Tia Lúcia - Lúcia Tichonenko, tia de Elcio, desencarnada, filha da vovó Helena.

8. Meu bisavô Tumenas - Antonio Tumenas, bisavô paterno, desencarnado por volta de 1929.

9. Ao papai - Antonio Tumenas, pai.

10. Lelete - apelido carinhoso que Elcio dava à irmã Arlete.

11. Estou melhorando, querida mamãe - conforme explicação dos Espíritos, o desencarnado, principalmente no caso de morte violenta, passa por período de convalescença no Plano Espiritual.

12. Não preciso dizer-lhe que as suas orações foram e ainda são lâmpadas vivamente acesas em minha estrada para que não me extravie de rumo - Elcio reitera aqui o ensinamento precioso da Doutrina Espírita quanto aos benefícios da prece a atingir não só os encarnados, mas também os desencarnados. É Emmanuel quem nos diz: “na Terra, ninguém pode imaginar o valor, a extensão e a eficácia de uma prece nascida na fonte viva do sentimento.” ( † )

13. Perdoe-me se calo em questões afetivas que ficaram na Terra - Elcio estava noivo quando desencarnou, mas naturalmente nesse dia não quis se referir à noiva. A mensagem era realmente para os pais, em especial à mãe.

14. Peço à sua ternura de mãe e aos nossos em casa não se incomodarem se não figuro na turma de formandos com a qual me achava na pista das grandes realizações que entrevíamos - Elcio cursava o último ano de engenharia na Faculdade Mauá.

15. Esta carta é apenas a continuação de nossos diálogos no silêncio - D. Elena não havia comentado com o médium Xavier sobre os diálogos que travava com o filho no silêncio da noite em seu quarto.

16. Nosso amigo Walter Perrone - Walter Perrone é o jovem desencarnado em 14 de fevereiro de 1974 em São Paulo e autor espiritual do livro Amor sem Adeus, psicografado por Francisco Cândido Xavier (co-autor: Hércio Marcos C. Arantes), ED. IDE.

17. Nosso amigo Walter Perrorie, a quem o seu coração tem recomendado o seu filho - D. Elena confessa que, sendo amiga de D. Maria Perrone, mãe de Walter, que já havia recebido inúmeras comunicações do filho, solicitava, na intimidade de suas preces, que este cuidasse de seu filho recém-domiciliado no Plano Espiritual. Trata-se, sem dúvida, de mais um testemunho espiritual de que os desencarnados permanecem ligados pelo pensamento aos vivos.


Eduardo Carvalho Monteiro




“A prece é um caminho de luz, garantindo um intercâmbio do céu com a Terra.” ( † )


Aura Celeste / Chico Xavier


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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