1 É na hora solene da morte que todas as recordações da vida sobem à tona da consciência.
2 Desacolchetam-se da memória os quadros que o tempo acumulou, em sua passagem, e as figurações do pensamento, as palavras desferidas e os atos endereçados ao caminho terrestre volvem à visão interior da alma em crise, carreando consigo os efeitos que produziram, segundo a própria espécie.
3 Vozes brandas e austeras se levantam para bendizer ou reprovar, mãos serenas ou crispadas de dor se erguem para auxiliar ou ferir, e imagens múltiplas, traduzindo amor e ódio, devotamento ou desprezo se sucedem irremovíveis no imo da criatura em prostração, compelindo-a a receber o fruto das próprias obras.
4 A morte é, por isso mesmo, o retrato da vida.
5 Cada atitude nossa entre os homens é uma pincelada na tela do destino a esperar-nos no limiar do sepulcro com a justa coloração.
6 Cada conflito que improvisamos ser-nos-á deplorável tumulto na mente, tanto quanto cada gesto de amor erigir-se-nos-á por luz crescente, na travessia do nevoeiro.
7 Ao invés, assim, de temeres a morte, faze da existência a lavoura de bondade e trabalho, auxílio e compreensão, em favor dos que te rodeiam, 8 porque os semelhantes simbolizam tratos do solo que o Senhor nos concede lavrar em socorro de nossas necessidades, na vida imperecível, 9 e para o lavrador que se vale do dia, na transformação do próprio suor em fartura de bênção e pão, a noite chega sempre por sombra esmaltada de estrelas, acalentando-lhe o sono e garantindo-lhe o despertar.
Emmanuel
[1] Essa mensagem foi publicada originalmente em 1988 pela IDE e é a 18ª lição do
livro “Comandos do Amor.” — Esse capítulo foi restaurado: Texto do livro impresso.