10|05|1942
1 Meus filhos, Deus conceda a vocês muita paz e boa saúde.
2 Creio agora que as palavras “meus filhos” já podem designar igualmente o nosso Roberto que, aos poucos, vai se tornando homem feito. Isso me alegra o coração de avô, porque é justo esperarmos de sua afeição, e de seu espírito de trabalho, muitas e generosas realizações.
3 Ei-los novamente em casa, depois da excursão mais ou menos longa. O lar é uma bênção e cada dia que passa parece consolidar semelhante realidade em nosso conhecimento. Claro está que não nos referimos à feição exterior do ambiente doméstico, mas à construção interna, ao edifício afetivo que os laços espirituais vão criando e fortificando. E nessa doce certeza o que mais nos conforta é a convicção de que o lar transporta-se à Eternidade, onde se dilata, multiplicando-nos os júbilos da alma! Vocês hão de notar isso sempre. As excursões são sempre educativas e proveitosas quando nos dispomos a observar as paisagens da Esfera do espírito, mas a organização espiritual da casa do coração faz sempre falta e, frequentemente, volta-se a ela como quem experimenta enorme sede.
4 O mundo, qual vulgarmente designamos, é o conjunto de criaturas que defrontamos nos caminhos terrestres e, longe do lar, encontramos as exigências desse mundo diverso que ameaça, perturba ou desorienta, quando não guardamos a centelha divina da iluminação espiritual. Com isso não quero dizer mal das ausências eventuais, porque são serviços dignos e santos. 5 Apenas assinalo, em companhia de vocês, a paz que se encontra no templo familiar. É que, além das paredes, há edificações mais profundas e além dos móveis existem ternas realizações da alma que consubstanciam um verdadeiro altar para o coração dos homens. A criatura comum não entende ainda semelhantes verdades, entretanto, o tempo, com as suas experiências poderosas, se incumbirá de revelar aos seres que estacionam na escola planetária a importância do lar e da família. 6 E prefiro tocar nesta tecla amorosa nesta noite porque é útil também para o Roberto. Ele, igualmente, faz as suas longas excursões pelo mundo das lições e dos livros. Eu sei o que constitui a palavra de um professor, chamando com insistência o pensamento do aluno. Por vezes, a ideia quer voar como pássaro, para casa, onde se encontram os pais e os afetos, mas os sons da aula impedem os voos. E o Roberto sente também quanto é bom chegar a casa, onde o banho, a mesa e a liberdade apresentam outro sabor. Seria tão só efeito da paisagem? Não! 7 Em todo lugar há belezas no céu e dentro da natureza! Não existem zonas sem encantos particulares, porque o Senhor não esqueceu os menores caminhos! A sensação de alegria vem do mais íntimo. É o júbilo da segurança, do amor, da confiança mútua. Compreendem, pois, a grandeza de tudo isso? 8 Graças a Deus, já não atravessamos as estradas sem observar. Entretanto, não devemos, nem podemos olvidar as leis profundas do ritmo. Embora reconheçamos a harmonia do assunto, não é possível esquecer que nem vocês podem dispensar as viagens, nem Roberto se afastar dos estudos. Trata-se do jogo de circunstâncias da vida e das experiências que, à força de ações e de reações, se tornam cada vez mais ricos.
9 Bem, mas hoje estou discorrendo muito em filosofias! Falemos de outras coisas imediatas!
10 Quero acreditar, Roberto, que você melhorará depressa e espero em Deus que esteja habilitado em dois ou três dias para a saúde franca.
11 Quanto à Maria, sou de opinião que deva continuar com o uso dos remédios anteriormente aconselhados. A gripe, dessa vez, foi muito mais forte que as precedentes e como estão no tempo frio será razoável não esquecer o agasalho e o reconstituinte.
12 Quanto a você, Rômulo, a situação dos rins vem melhorando e aguardo a satisfação de verificar o seu restabelecimento integral, em poucos dias. Sinto o seu fígado muito mais forte e correto, e olhe, meu filho, que isso é uma grande conquista! Deus o ajude a conservá-la!
13 Agora deixo-lhes o meu abraço, sem me esquecer da Wanda. Que Jesus os ilumine e auxilie sempre, são os votos muito sinceros do
Papai