03|06|1942
1 Meus filhos, Deus os abençoe na luta diária. Aqui venho encontrá-los para a conversação amorosa de sempre. Por muitas vezes, estive com vocês nas viagens, principalmente com você, Rômulo, cooperando nos serviços que lhe foram confiados. Essas pequeninas separações do lar dão a vocês, meus filhos, uma ideia da verdadeira grandeza de uma organização espiritual no tempo. O mundo tem muitas teorias, mas a verdade é um patrimônio para os corações. O equilíbrio perfeito não independe de certos fatores essenciais. Rendam graças a Deus por compreenderem essa realidade, nos tempos de hoje, tão claramente. Depois de experiências amargas, de longas lutas no caminho, as almas vão reconhecendo qual a senda legítima para a sua “casa eterna”. É daí que surgem as uniões imortais.
2 Felizmente, Rômulo, suas expressões de gripe passaram. O fígado vai entrando em seu aparelhamento normal. A demora de consolidação nas melhoras obedece em grande parte a isso, meu filho, isto é, às mudanças continuadas da alimentação. Aliás, constituía semelhante questão um problema de aspectos difíceis, porque, em verdade, não havia como deixar de beber o chá fora do momento adequado, ou de comer o que não se devia. Há condições e circunstâncias na existência em que esses pequenos, mas tão importantes, atos do dia se convertem num quadro de obrigações inadiáveis. Afinal, como me foi possível, procurei atenuar os efeitos do distúrbio, que podemos qualificar de justo. Graças a Deus, entretanto, vocês estão novamente em casa, junto aos ares tépidos da lareira e do coração.
3 Sinto-me feliz em vê-los felizes. Tenho observações, minha boa Maria, de nossa irmã Júlia, sua vovó, sobre o caso de nossa amiga D. Esther. n Manda-lhes dizer que tem estado junto da filhinha, tão rudemente provada, em seus dignos sentimentos de mulher devotada à sinceridade e ao bem. São as provas redentoras, minha filha! O próprio estado de deficiência física é um reflexo de seu desequilíbrio psíquico, operado na estrada de reparações tão dolorosas! 4 O passado espiritual é, muita vez, um livro de dor que não podemos ler entre alegrias, entretanto, semana após semana, hora após hora, os cálices amargos se esgotam igualmente. Os de nossa irmã D. Esther hão de ser esgotados e até que isso ocorra confortemo-la com os nossos pensamentos de amoroso auxílio espiritual, recordando que é o pensamento o potencial primário e imprescindível em toda a realização. A nossa irmã Júlia tem procurado estar a postos em favor da solução do que seja possível. É o trabalho do silêncio, minha filha, e trabalho do silêncio significa serviço de Deus, porque se o homem fala, Deus cala. Tudo passará como as nuvens do céu!
5 Venho procurando auxiliar os netos na luta escolar. São tantas as transformações do ensino, as mudanças, as novidades que, em tudo isso, o maior sacrificado é o aluno de boa vontade! Mas vai com o tempo! A Terra, mais do que nunca, experimenta profundas transições. Continuaremos, no entanto, em nossos trabalhos. Isso é o que é importante e essencial.
6 Você, Rômulo, use os remédios destinados aos sintomas de resfriado. Isso fará muito bem a você por mais alguns dias. Quanto ao mais, a casa se incumbirá de restaurar. Há muitos doentes do corpo e do espírito neste mundo, vagueando pelas ruas, pelos cassinos e pelos hospitais, cujo único remédio é sempre esse das três letras luminosas: lar. Esse vocês o possuem, com abundância eterna. Desse modo, só peço a Deus que os ilumine, cada vez mais, para que Lhe compreendam mais e sempre mais, o profundo e divino valor.
7 Agora me despeço, deixando-lhes as recordações amorosas do coração de Célia.
8 Que Deus os abençoe, multiplicando-lhes as oportunidades de alegria, luz e paz, são os votos carinhosos e sinceros do
Papai
[1] Nota da organizadora: a mãe e a avó de Maria Joviano chamavam-se Júlia. Esther era tia de Maria.