04|03|1942
1 Meus caros filhos, Deus conceda a vocês muita paz e excelente saúde.
2 Volto a exprimir-lhes os meus votos afetivos de sempre. Naquela noite, não poderia ser mais extenso. Não me impediu a circunstância da lâmpada apagada, mas sim a própria determinação íntima de não ir além de duas páginas. Apenas desejava assinalar a minha visita carinhosa e paternal. Hoje volto a partilhar o contentamento dos nossos contatos mais diretos, através do lápis. Estou satisfeito, meu caro Rômulo, com o tratamento local a que se submeteu, com relação ao dente enfermo. A medida foi útil. A dilatação de tempo, nesse sentido, dilataria as possibilidades de novos assédios, em se verificando os mais leves resfriados. São as contingências dos dias terrestres. Você lucrou muito. Agora sentir-se-á melhorado, multiplicando as possibilidades de resistência contra as manifestações gripais. Tudo passa em transformações para o que é útil à vida legítima e real do espírito.
3 Sinto igualmente com você a situação criada com o telegrama recebido. Compreendo como são difíceis e imperiosos os deveres, mormente quando partem das zonas da consideração e da amizade. Em semelhantes circunstâncias, tornam-se mais precisos e definidos. Se vocês resolverem em favor da viagem, depois de examinar todos os detalhes, contem com a minha velha dedicação de sempre. Deus nos ajudará para que sejamos felizes, em obediência a obrigações de tão sagradas características. Vocês analisarão todo o mapa de esforço requisitado e nós estaremos ao seu lado, a fim de solucionar-se o caso como convém. Que Jesus os ajude sempre no desempenho das obrigações que lhes foram conferidas.
4 Dentro de minha situação espiritual, graças à Providência Divina, vou me sentindo em paz. As preocupações propriamente humanas vão desaparecendo para oferecer lugar à maior confiança no Todo-Poderoso. A morte do corpo é fenômeno apenas, fenômeno que impressiona a retentiva apenas do que ficam, porque o fato, em si, como transformação necessária, custa muito ainda a operar-se. Conheço hoje seres que não conseguiram a renovação, nem mesmo com séculos. Vejam, pois, quanto é importante a disposição transformista no que se refere aos objetivos superiores. 5 A escola evangélica em que, presentemente, nos matriculamos, é de profundo realce para nós, isoladamente. Saibamos entender-lhe os valores essenciais e hão de ver comigo, mais tarde, a relevância desse assunto. Podemos figurar a personalidade humana, com seus germes divinos e patrimônios espirituais, como unidade de valor substancial nos quadros da vida. Na existência humana, os experimentos em face do Infinito são quase pequeninos “nadas”, que podemos figurar como “zeros”. 6 Cultura científica, expressões mundanas, títulos honrosos, considerações sociais e outras demonstrações convencionais sem Jesus são esses zeros à esquerda da unidade substancial. Nada valem ou quase nada, porque apenas constituem figurações. Mas, com o Mestre, esses zeros passam à direita e vemos a unidade aureolada por valores crescentes e múltiplos. Sem Cristo, aproveitamos raramente alguma coisa, entretanto, ao influxo de seu amor, tudo apresenta grandeza desconhecida e diferente. O próprio mal, antes de sua chegada ao nosso círculo individual, chama-se crime, mas quando alcançamos Jesus passa a denominar-se erro corrigido ou experiência proveitosa.
7 Há grandes valores, meus filhos, em nossa escola distante do ruído tumultuário. O velho mundo está preocupado em lançar lenha às fogueiras da ambição e do egoísmo. Os que se voltam para a própria alma são poucos, mas é com eles que a jornada de Cristo prossegue.
8 Deixo aqui meu abraço ao Roberto. Felicito-o pela dilatação de seus raciocínios. Seu barco vai aportando devagarinho na “terra dos homens crescidos”. Graças a Deus, atravessou com prudência muitas zonas encachoeiradas de devaneios da primeira juventude e muitas águas paradas de indecisão e insegurança. O barco vai chegando e o velho avô pede a Deus pela felicidade em todos os seus caminhos.
9 Agora, esperando que vocês gozem muita paz espiritual, despeço-me com um abraço muito amigo. Repetindo minhas vibrações de amor e formulando votos para que a paz de Jesus seja a claridade do coração de vocês no lar amoroso que souberam construir, sou o papai que não os esquece,
A. Joviano