09|10| 1940
1 Meus caros filhos, Deus conceda a vocês a sua bênção de paz.
2 Sinto a habitual satisfação de lhes trazer minha visita afetuosa de sempre. É o retorno à nossa intimidade antiga e direta que a própria passagem do tempo não consegue apagar. As vidas se unem uma às outras como os elos de uma corrente prodigiosa.
3 Os dias se sucedem. As existências são cursos de especialização e de elevação dos sentimentos mais nobres.
4 É o sagrado crisol das virtudes que temos de adquirir ao preço de profundos esforços. E tanto na vida do corpo material quanto na separação pela morte terrestre, eis que nos reunimos sempre com o mesmo afeto intangível. Essa união é um tesouro e eu me regozijo por ser o feliz depositário da parte que me compete. Graças a Deus podemos, cada vez mais, harmonizar nossas vozes e sentimentos, e isso constitui suprema alegria para a minha alma.
5 No outro dia estive com vocês na festa em que a Wanda comparecia. n Posso mesmo dizer-lhes que a assistência espiritual dessas manifestações de esforço educativo não é menor que a dos Espíritos encarnados que aí comparecem, levados por sagradas afinidades do coração. A multidão de amigos da casa acompanhou com interesse as demonstrações efetuadas pela infância e pela juventude da instituição. O colégio, como não devemos ignorar, está guardado sob a tutela espiritual da nobre entidade que lhe dá o nome e os amigos e cooperadores de Izabela são numerosos para a edificação de quantos se aproximam da fonte evangélica que lhe conserva o nome. 6 Muitas fileiras de entidades carinhosas seguiram de perto as demonstrações festivas da noite. E não só isso: contribuíram com todas as possibilidades ao seu alcance para que as mantenedoras da casa, as belas almas que aí guardam a missão de ensinar, não se cansassem e nem se perturbassem na organização dos números mais humildes. Nenhum esforço sincero no mundo está abandonado por Deus. A tarefa mais obscura, na intenção generosa do amor e do bem, encontra-se interpenetrada pelas Suas influências amorosas de Pai justo e bom. Eis, por que, naquele instante, as menores vibrações das almas ali reunidas eram acompanhadas pelo pensamento fraterno de irmãos que vibravam no mesmo caminho de realização com o amor de Jesus .
7 Como você, meu caro Rômulo, lembrei-me também das primeiras reuniões depois da fundação do colégio, na antiga Belo Horizonte. Nossos velhos amigos passaram junto de minha lembrança, como num filme cinematográfico. Era a rememorização de companheiros generosos e inseparáveis e, como você, considerei que não podíamos pensar em que havíamos de sentir, um dia, como agora acontece, os mais fortes laços de união espiritual com aquela instituição dos protestantes. Vejamos bem como é profunda a lição do Evangelho. 8 Dizia Jesus que toda árvore que Deus não plantou seria arrancada e aí vemos a imagem da árvore que recebeu o amparo do Cristo, a casa farta de graças espirituais, onde tantas almas femininas encontraram a força para retomar a missão da sociedade, da maternidade e do lar, com a essência evangélica nos corações. Para mim, muito grande é a lição.
9 Com respeito às crianças, Maria, acho-as mais fortes, sendo justo manifestar minha satisfação com as melhoras do Roberto. Com o amparo de Deus, havemos de vencer! Guardem a certeza de que estamos sempre juntos e a nossa tarefa nunca será pesada.
10 E agora, meus filhos, despeço-me, por hoje, deixando-lhes o meu abraço. Que estejamos unidos, hoje e sempre, com o pensamento em Jesus, é a aspiração sincera do
A. Joviano
[1] Nota da organizadora: refere-se à festa de aniversário do Colégio Izabela Hendrix, em Belo Horizonte - MG, onde eu estudei, em regime de internato. O referido colégio foi fundado por missionários metodistas norte-americanos em 5 de outubro de 1904, solenidade assistida pela família Joviano, à época residente na Capital.