14|02|1940
1 Meus caros filhos, Deus os abençoe, conservando o coração de vocês nas vibrações da saúde e da paz.
2 Venho trazer-lhes a minha visita afetuosa, de conformidade com os antigos hábitos espirituais. Tenho cooperado, dentro de minhas possibilidades, em favor do esclarecimento dos nossos amigos Rocha. Ainda na última reunião de orações, na noite de anteontem, esteve presente o velho Alfredo para considerar o desencanto das vaidades da existência humana. n Todos os nossos amigos vêm cooperando com seu reerguimento espiritual, de modo que a solicitude carinhosa da filha lhe possa conquistar o coração. O apostolado de Zélia tem sido um trabalho santo. 3 De minha parte, venho procurando movimentar todos os recursos de minha amizade em benefício de seu esclarecimento. Se grande é sua rebeldia, na lembrança do homem de negócios que foi sobre a Terra, muito maior é a misericórdia de Jesus, que não nos desampara. Logo que oportuno, virão Albino e Zulmira, de modo que possam abeberar de nossa fonte de simplicidade na crença e de fé no poder e na misericórdia de Deus, esclarecendo-se igualmente os seus espíritos, bastante desalentados ainda no plano da vida espiritual. Que os meus prezados filhos continuem com a mesma dedicação de sempre nas preces. Deus os fortaleça, concedendo a vocês o máximo de confiança e de paz.
4 Sobre a Wanda, minha bondosa Maria, o receitista se manifestará na presente reunião. Diga-lhe que não se impressione muito com o caso das espinhas, tão natural na sua idade de desenvolvimento físico.
5 Relativamente ao Roberto, compreendo o sacrifício de vocês ambos na solução de seus problemas educativos. Excessivamente despreocupado, grande é a quota de carinho que as lições exigem de vocês para que ele não perca as oportunidades de uma base sólida. Espero em Deus que o seu coração nos compreenda e nos ouça os apelos, porquanto não lhe faltam os valores intelectivos exigidos a uma formação de inteligência firme e segura, com vistas ao seu porvir de homem na vida material. São lutas, meu caro Rômulo, do presente com o passado e entre o futuro e o pretérito. 6 Deus não nos falta nunca com as ótimas oportunidades de valorização do tempo. O nosso Roberto tem tido outras experiências, outros débitos, além daqueles que vocês, ou que, aliás, nós já conhecemos. Essa indiferença pelo lado sério da vida terá, porém, de desaparecer, a fim de que o vejamos vibrando com o cumprimento de seus deveres no caminho do homem de bem. Deus não nos faltará com a Sua bondade e com a manifestação de Seu amor infinito, auxiliando-nos os corações na tarefa empreendida.
7 De minha vida espiritual, prossigo com os meus estudos novos, ignorando como agradecer a Jesus tantas graças! Vocês são os meus companheiros de alegria nesse particular. Separados pela carne, não nos encontramos distantes uns dos outros pelo espírito e pelo sentimento. Se tudo passa na Terra, se aí não somos senhores de coisa alguma, porque todos os patrimônios pertencem a Deus, sou muito feliz verificando que o pequeno lugar que denominamos, temporariamente, Horto de Helvídio, há produzido tantos benefícios espirituais, imitando aquele outro horto do passado, que ficou a distância. n É certo que todas as paisagens e coisas da Terra se modificam na passagem incessante do tempo. Como o Horto de Célia, o Horto de Helvídio terá de passar um dia, mas as expressões materiais que passam na luz e no amor elevam-se ao Infinito para constituírem a nossa paisagem da Eternidade, nos perenes caminhos evolutivos.
8 Que Deus os abençoe, meus filhos.
9 A todos, o meu amplexo afetuoso e cheio dessa saudade que não mais se inquieta e nunca mais será triste, porque cheia de esperança na providência de Jesus.
10 E para vocês, meus filhos, deixa-lhes o ósculo de cada dia o papai da Terra que nunca os poderá esquecer na vida do Infinito.
A. Joviano
[1] Nota da organizadora: Alfredo Rocha era tio de Francisca, a esposa de Arthur Joviano. Foi um dos fundadores da Companhia Nova América de Tecidos, em Del Castilho - RJ.
[2] Nota da organizadora: o “Horto de Helvídio” refere-se à pequena propriedade rural adquirida por Rômulo e Maria. Arthur Joviano faz comparações com o Horto de Célia, em Alexandria, mencionado ao final do livro 50 anos depois.