30|08|1939
1 Meus filhos, que Jesus abençoe a vocês ambos, proporcionando-lhes ao coração muita paz de espírito.
2 Sinto-me ditoso, observando-lhes o júbilo espiritual no trato com as nossas antigas recordações dos tempos remotos. Aqui, pela lógica da situação, posso vibrar ainda mais com o assunto, experimentando emoções verdadeiramente divinas! Somente depois dessas revelações compreendi a finalidade de minha última existência, podendo entender, com mais propriedade, o temperamento e as tendências de cada filho! 3 Agora vejo o quão misericordioso é Deus, que nos oculta o passado, a fim de que aprendamos mais e melhor! Também eu tenho chorado muito. Agora não tenho grande necessidade das vibrações alheias para recordar, pois, com a revelação dos últimos dias, também eu já posso relembrar o pretérito por mim mesmo. 4 Ainda sinto, filhos, as angústias que ambos experimentaram naqueles dias longínquos e recordo perfeitamente os nossos sagrados compromissos. Enquanto amparavam Lólio Úrbico, e ao passo que Júlia Spinter abraçava Silano para redimi-lo, com o seu amor, eu guardei Cláudia comigo, bem como Hatéria, na custódia sagrada de um imenso afeto. 5 O trabalho tem sido árduo. Dias existiram em que todos nós tornamos a chorar, todavia, a estrela do amor de Célia brilhava para todos nós, sob o amparo divino de Jesus. Ultimamente pude ouvi-la. Escutei a sua voz carinhosa como quem ouve de longe uma música suave. 6 Empolgado pelas lembranças de sua realização de amor, em Alexandria, ouvi-a dizer, numa vibração cariciosa: — “Sim, avô, meu horto agora é o dos corações dos nossos bem-amados! Dentro dele tenho ainda velhos e crianças que abençoam o trabalho! Consola os meus pais de outrora, avô, e ensina-lhes o perdão e a esperança! Cada perdão, cada afeto há de ser uma flor nas minhas árvores divinas! Quem poderá pensar em cortá-las se Jesus abençoa os nossos esforços? Trabalhamos em largos séculos, mas cada sacrifício foi um trato de terra aberto no caminho, a fim de que o amor iluminasse e florescesse! Sou, hoje, feliz! Os nossos amados compreenderam a verdade sem a dor e sabem amparar, sem egoísmo, o coração dos desvalidos. Dize-lhes, avô, que apesar de todas as belezas das regiões divinas, eu ainda me sinto saudosa e desterrada, esperando-os sempre!” 7 Assim, filhos, passa a nossa vida nesse cântico. A própria dor não tem mais a significação do mundo para o nosso espírito. As aversões transfundiram-se em simpatia no cadinho da cooperação e do bem. No instituto da família, todo o dia transformou-se em amor sacrossanto e puro! Que Deus abençoe a vocês no caminho do bem e da verdade! Não deve você se entregar a essas comoções, meu caro Rômulo. Se no trabalho espiritual precisamos esvaziar o coração das preocupações do mundo, na missão terrena e na tarefa material precisamos de todas as energias do mundo para o bom combate. 8 Ainda aí é o princípio soberano do Similia Similibus. Para cumprir a obrigação material, é indispensável combater no mundo com as suas próprias armas. Energia e fé dentro da vigilância imprescindível. Considero essa revelação íntima como a maior dádiva do céu no caminho atual de nossa vida, mas não pretenda modificar os elementos da luta, porque nós sabemos que eles são imprescindíveis ao seu esforço.
9 Que querem, filhos? Eu também tenho andado surpreso e comovido! Mas, agradecendo a Jesus pela graça, peço a sua infinita misericórdia que nos faça entender e aplicar, em todas as circunstâncias, a sua vontade divina.
10 Que Deus abençoe a vocês todos.
11 Rufio, meu caro Rômulo, não está na Terra. Não pense em identificá-lo. Mais tarde compreenderá você o seu novo destino.
12 Rogando a Jesus que lhes conserve o coração em paz e em serenidade para as lutas da vida, deixa-lhes um abraço carinhoso o papai amigo de sempre,
A. Joviano