15|11|1944
1 Meus filhos, Deus abençoe a vocês, conferindo-lhes ao coração muita paz e bom-ânimo.
2 Agora, depois da conversação sobre os pratos culinários, vamos ao alimento espiritual. A nutrição do físico e a da alma deve caminhar paralelamente. A mente sã no corpo sadio, servida por um coração valoroso e terno, é programa de infinita sabedoria. Assim, pois, alimentemo-nos com os nossos pensamentos, estudos, orações. Grande trabalho é o nosso, embora não lhe vejamos, de modo geral, a frutificação magnífica nos círculos visíveis ao olhar humano. O que os olhos físicos se habituam a ver sofrerá, mais tarde ou mais cedo, modificações e alterações de vulto na lei renovadora, mas o que o espírito edifica, no campo da elevação digna, é tesouro imortal simbolizado pelo próprio Jesus, quando nos aconselhou a aquisição das “riquezas inacessíveis ao poder das traças e à cobiça dos ladrões”. ( † ) Estamos plantando no mundo finito para as colheitas no Infinito, construindo no seio de limitações terrestres para aproveitamento no Ilimitado.
3 Ah, se todos os homens pudessem fazer o mesmo! Reduzidíssima seria, desde agora, a percentagem dos sofrimentos de qualquer expressão!
4 A permanência de vocês junto das águas trouxe também a mim saudades muito boas e recordações muito construtivas! A paisagem do Sul mineiro fala-me particularmente ao coração. Quase que passei a maior parte dos dias com vocês, desde o encontro com o Roberto, no dia do aniversário dele! E quando você, Rômulo, fez a sua experiência com as águas, fiz a comparação entre os líquidos curativos e os ensinamentos evangélicos. Como observou, há que reconhecer a necessidade do “quantum” para o organismo físico, em nos referindo às águas, e para o coração, em aludindo aos princípios renovadores do Evangelho vivido. Somente assim poderemos aguardar uma cura sólida.
5 Muita gente se perturba superficialmente no contato com o Livro Sagrado, porque não vai devagarinho, dia a dia, cautelosamente, e com o espírito de aplicação às suas fontes. Se para os problemas do corpo temos tanta necessidade de atender ao método, que dizer das questões profundas, referentes aos nossos interesses eternos? É indispensável muito pensamento, ponderação e aplicação sistemática.
6 De todos os mananciais da natureza, podemos extrair belíssimas lições. Quando você se medicou pela homeopatia, tive a satisfação de auxiliá-lo na seleção dos elementos precisos e você lucrou intensamente!
7 A viagem de vocês foi muitíssimo oportuna para o Roberto, igualmente. n Reconheço que ele necessitava desse “tônico espiritual”. Transformou-se, reanimando-se para a boa luta. Criou alma nova e sentiu-se alimentado para as provas finais do ano. Felicito a vocês pela ideia e agradeço também o que fizeram por ele. E não só isto: a saúde de vocês ganhou muito!
8 Agora, despeço-me. Vamos tentar receber alguma coisa do Elísio para o coração paterno. n Segundo observa você, meu filho, a feição dos homens se modifica. Frente ao Grande Mistério da Luz — como costumamos denominar a morte por aqui —, a alma se transforma. Uma claridade diferente banha o coração. É o que sucede ao nosso amigo, que tem chorado muito nos últimos tempos, colhendo realidades dolorosas, embora o prazer intransferível de haver criado tanto serviço e tanta bênção de progresso, com o seu ideal de trabalhador!
9 O realizador partirá do mundo com êxito, cheio de anotações de atividade renovadora, mas o pai não sairá nas mesmas condições. Suas alegrias estarão cheias de lágrimas, entretanto, isto devia ser fatal, mesmo porque quase todos nós devemos gastar “várias vidas”, a fim de concretizar totalmente os programas gerais estabelecidos.
10 Por hoje, boa noite! Que Deus guarde a vocês todos, concedendo-lhes muita saúde e paz. Um grande e afetuoso abraço do
Papai
[1] Nota da organizadora: Refere-se à viagem a Cambuquira, no Sul de Minas Gerais.
[2] Nota da organizadora: Refere-se a Elísio Carvalho de Brito, filho do Dr. Carvalho de Brito, grande amigo da família Joviano, mencionado no cap. 121.