23|08|1944
1 Meus caros filhos, que Deus abençoe a vocês, concedendo-lhes muita paz e boa saúde.
2 Estamos em nosso culto de oração tranquila, oração de graças pelo muito que temos recebido das Esferas superiores. Felizmente, vamos todos muito bem, animados na luta que o Mestre nos designou.
3 As suas recordações de aniversário da Fazenda, meu filho, foram igualmente partilhadas por mim. n Lembrei seu entusiasmo, seu ideal, sua confiança na grande quantidade de programas dos primeiros dias, considerando não só a necessidade regional, mas o espírito coletivo de toda Minas.
4 Os anos passaram, aliás, bem poucos anos, e vejo quanto lucrou você no desenvolvimento do trabalho e na execução do idealismo. Muitas realizações foram edificadas, sem que você mesmo tenha conhecimento. O lavrador ativo não pode, em tempo algum, acompanhar o curso das sementes que produziu. Pode, é certo, controlar o desdobramento das plantas que desabrocharam sob seu olhar, mas investigar o curso lógico das sementes arrebatadas a outras terras é impossível. A felicidade dele, porém, está na verificação da abundância geral. Isso já é recompensa no mundo, sem nos referirmos à lei das compensações, que tem sempre mais elevados serviços a confiar ao trabalhador fiel e mordomo vigilante. Externamente, na sua própria obra isolada, pode você sentir certa insatisfação nos serviços feitos em mais de 20 anos, mas, interiormente, você pode e deve agradecer ao Senhor pelas bênçãos numerosas. 5 As tempestades, as sombras, os espinhos, as pedras foram em grande número, entretanto, isso é inevitável na tarefa nobre que se movimenta! E digo com muita propriedade “que se movimenta”, porque nobres tarefas estagnadas estão em toda parte! Apresentam belos planos, fazem promessas vastíssimas, arquitetam edificações formidáveis, todavia, não caminham. 6 Ainda aqui vemos que pensamento e ação precisam conjugar-se, se desejamos, de fato, realizar. Você é muito feliz podendo colher a compreensão de vários Espíritos no seu caminho de amor à Terra. Verá você, um dia, que a lavoura espiritual, como nos dizia D. Engrácia, é muito mais importante e consistente que a lavoura material, reconhecendo-se que esta depende daquela, e lhe é consequência imediata. Idealizar, fazendo o que é possível, é dos mais belos serviços que se possa executar no círculo da humanidade. Também eu dividi com você, ou, mais propriamente, também você dividiu comigo as lembranças do Berredo. Excelente amigo! Seu drama é uma advertência silenciosa aos que possam ver e ouvir espiritualmente. 7 Não se lembram das referências de André Luiz sobre o pai? Era ele homem de grande valor social, entretanto, as companhias exigiram-lhe pesadas cotas de sofrimento. O nosso amigo, cansado e vencido como se acha, é uma cópia idêntica daquela situação. Quantos a conhecem, identificam-lhe a continuidade da inteligência, da amizade, do humor invejável, do poder de observação, mas o sentimento, o coração, estes se encontram algo estragados, necessitando retificações, talvez tristes. Enfim, que Jesus o proteja!
8 Relativamente ao nosso Roberto, repito a vocês o pedido de muita calma. A árvore útil, antes da produção, exige cuidados numerosos. Prossigamos, dando a ele a nossa melhor cooperação, com muita paciência e serenidade. As vergônteas vão crescendo devagarinho, mas vão crescendo e, um dia, a colheita dos frutos nos dará muito prazer! Aliás, Roberto não tem feito pouco, se pudessem vocês examinar o passado. Somente agora encontrou mais disciplinas, mais elementos de reconsideração pessoal, espiritualmente falando. De outras vezes, era muito mais senhor de si, mais voluntarioso e menos permeável às sugestões edificantes. Desse modo, não é difícil explicar as lutas presentes. O que se não deve perder é o bom-ânimo e serenidade maior. Tudo assim irá muito bem!
9 Sobre a saúde de vocês, é útil que usem, regularmente, embora sem rigorismo, os elementos anti-gripais. Há grandes desequilíbrios atmosféricos e convém trazer sempre o instrumento bem afinado, ante as rabecadas da natureza ambiente.
10 Que Deus nos ajude a todos! E com o meu abraço afetuoso de lodos os dias, sou o papai que não os esquece,
A. Joviano
[1] Nota da organizadora: Rômulo foi nomeado, em Comissão, por Portaria de 25 de julho de 1919, Encarregado da Estação de Monta da Granja Riachuelo, em Pedro Leopoldo, Minas Gerais. Posse e exercício em 25 de agosto de 1919, quando, portanto, a Fazenda “nasceu”.