O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

Índice |  Princípio  | Continuar

Sementeira de luz — Mensagens familiares do Prof. Arthur Joviano (Neio Lúcio) e outros


140

A maior sintonia proporciona maior capacidade de percepção

05|04|1944


1 Meus caros filhos, que Deus abençoe a vocês todos, concedendo-lhes muita paz ao coração.

2 O nosso ambiente de preces está cheio de amigos que se valem da tranquilidade sublime da noite para as lembranças sagradas de Cristo. A oração chega até nós e a paz balsâmica que nos envolve os espíritos nasce desse conjunto de harmoniosas vibrações. O pensamento da Cristandade está fortemente ligada da Terra às zonas espirituais. Não somente os templos humanos se enchem de recordações. Também nós aqui participamos intensamente das vibrações dessa ordem, porque a maior sintonia proporciona maior capacidade de percepção e as Esferas que nos ficam mais altas também se manifestam a nós outros com mais intensidade e expressão. Não lhes posso dizer, meus filhos, da sublimidade de semelhantes movimentações espirituais. Faltam termos adequados. 3 Aí na Terra dói observar como é menosprezada a verdadeira essência das lições da cruz. Dói-nos, sobretudo, verificar a indiferença das massas, a zombaria dos escarnecedores mascarados de religiosos, entretanto, no seio desse turbilhão de antagonismos há espíritos retos e justos que são sinceros e que oram verdadeiramente unidos à bondade do Senhor. Daí a beleza das realizações que se improvisam, revelando a grandeza da Divina Proteção. Guardemos, pois, nas almas o orvalho celeste dessa paz sublimada que toca, de leve, os nossos corações.

4 Tenho acompanhado, meu caro Rômulo, no silêncio, as suas preocupações em matéria de serviço. É indispensável grande paciência e muita coragem para nós que temos perseverado com o verbo “semear”. Uma luta constante a nossa. Quase exaustos, por vezes, só mesmo a providência de Jesus nos reergue o bom-ânimo. De todos os lados surgem dificuldades sem conta. Quanto mais se eleva o trabalho, maiores tentações aparecem. 5 Parece fatal semelhante movimentação de lutas que se entrechocam e nos desgastam as forças, mesmo porque, meu filho, devemos conhecer o preço de cada aquisição, por mínima que seja. Creio que um dos preços mais dolorosos é aquele que corresponde às tarefas da semeadura proveitosa. Semear imprevidentemente é esforço para qualquer não menos consciente e responsável, mas garantir a semente e a continuidade do seu desenvolvimento no solo, nem sempre fecundo, é serviço quase angustioso, porque a vigília, a canseira, a preocupação dominam o trabalhador em todas as circunstâncias.

6 Sei que a sua missão didática é muito diferente daquela que me caracterizou os serviços, mas, no fundo, meu filho, são, ambas, iguais. A luta para entregar a alguns alunos os bens do ensino e a dificuldade para transmitir as noções de responsabilidade e dever a alguns colegas fazem-me pensar frequentemente nos seus esforços, que não são menos rudes e ingratos. Prossigamos, porém, assim. 7 O nosso Mestre divino é o senhor das almas no Planeta, como é senhor do solo e das coisas que nele existem. Procuremos emprestar a nossa colaboração fraternal ainda e sempre, e passemos. A inquietude pelos maus, a aflição pelos incompreensivos, a mágoa pelos ignorantes são fantasmas do caminho que devemos eliminar a golpes de bom-ânimo. Enquanto o Senhor nos conceder os seus títulos de serviço, procuremos servir sem preocupações, protegendo a semente e os germens dela para o futuro infinito e nobre no amanhã que há de vir. Jesus nos inspirará os melhores meios à ação.

8 Você, minha neta, poderá usar o remédio que o receitista amigo indicou. O Cloreto de Cálcio é uma fórmula adiantada de socorro ao organismo, e das mais eficazes! Tenho notado que você, Wanda, tem sentido falta das lutas escolares — o cérebro em procura de tarefas, o coração em busca de atividades. Surpreendo seus pensamentos longos nesse particular dentro do dia, que parece a você muito grande! É que recomeçou o período de readaptação ao santuário doméstico, minha filha! Não se inquiete intimamente, até porque a sua luta não foi muito simples no Izabela e há momentos na vida em que precisamos aprender a descansar. É um período de refazimento, de reconstituição de forças e organização de programas, que você deve encher de muita alegria, confiança e ânimo firme. O maior trabalhinho de casa é também serviço divino. Não se esqueça disso. 9 Nunca poderei esquecer das memórias de Célia quando sabia o seu coração extrair oportunidades dos problemas e questões mais difíceis. Aquele horto de Alexandria tem vivido no meu coração durante alguns séculos.   n Quantas vezes, Wanda, como professor, quis converter algum pedaço de terra naquele pequeno paraíso e nunca pude? Vezes inúmeras falhei na experiência! Por mais que desejasse, nunca me saiu a realização completa. 10 É que também forçoso é reconhecer que não amei ainda quanto amou a mensageira generosa de Cristo à sua obra terrestre. Talvez nunca dei o meu coração ao serviço como devia dar. Às vezes, estimava a perquirição mais longa, a discussão mais sutil, o pensamento mais complicado. Não aprendi a suplicar com o amor cristão, mas, creia, filhinha, que o trato da terra hostil e duro, convertido num Céu de crianças e flores, ainda permanece diante do meu olhar, como programa superior! 11 E por vezes penso que ela não recebeu o terreno áspero por concessão ou por dinheiro, mas sim que o recebeu através da calúnia e da ingratidão dos semelhantes. Mais tarde, quem sabe? Quando os meus laços com certas lutas se fizerem menos densos, quando o amor divino desabrochar-me no espírito, faminto de luz, talvez nos encontremos numa obra assim, de serviço desinteressado às criaturas, santificando todos os trabalhos e todas as coisas da humanidade e da natureza para Deus.

12 Espero que a sua saúde lucre muito com a nova aplicação.

E agora, meus filhos, desejando-lhes todo o bem, sou o papai e o vovô muito amigo que os reúne num abraço cheio de imenso afeto,


A. Joviano



[1] Nota da organizadora: O horto de Alexandria é mencionado ao final do livro 50 anos depois.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

Abrir