25|08|1943
1 Meus filhos, Deus abençoe a vocês, concedendo-lhes muita paz espiritual.
2 Nossas felicitações pelo proveito que vão extraindo dos conceitos novos de espiritualidade. Muita gente passa ao lado das flores sem vê-las e, não raro, pisando-as com os tacões da bota, mas a abelha aproxima-se dela e sabe retirar substâncias divinas de suas corolas, aparentemente vazias. A produção espiritual é assim também. Todos passam ao seu lado, muitos a veem e poucos reconhecem. Vocês hão de extrair luzes crescentes dessas páginas de agora. Há um serviço espiritual intenso para que cada síntese ofereça o maior número de pensamentos nobres e concepções elevadas da vida.
3 Você, meu caro Rômulo, não se impressione com os sintomas em curso. Questões do sistema nervoso, refletindo sobre o órgão vital. Isto vem de longe, desde um regime de alimentação de sua mocidade, em que foram sustadas, de repente, certas fontes de suprimento protéico fundamental.
4 Esta definição, porém, apenas para localizar o ponto físico do problema. Forçoso é reconhecer, todavia, que se não proviesse daí teria origem noutra coisa. Você compreende bem como são os resultados de opinião de quantos examinam fatores fisiológicos. Esta conclusão é do receitista espiritual, a meu pedido, mas objetei que se não tivéssemos essa localização poderíamos acusar o fumo, por exemplo. Como vê, meu filho, o caso é espiritual, como todos os outros casos de nossas vidas, nossas e da humanidade inteira.
5 Sem jogar com qualquer hipótese propriamente humana, vamos então para o terreno da verdade essencial. E aí vamos reconhecer a muita vibratilidade de seu temperamento, nas múltiplas facetas da personalidade. É justo, pois, reconhecer que o sistema nervoso (o do corpo que você usa, vamos utilizar novas expressões) tem sofrido cargas não pequenas, desde os desarranjos naturais do motor-fígado às contrariedades culminantes dos últimos tempos, em que você necessitou empregar reservas enormes de força para conter impulsos naturais e justos no quadro de atividades humanas. Se pudéssemos fazer algum humor, diríamos que vamos aprendendo a “fazer força” para seguir o Cristo. Todo dispêndio é gasto. Todo gasto desfalca o celeiro. Vê, portanto, meu filho, a lógica de tudo. O órgão vital, em condições semelhantes, é afetado, e daí os pequenos desequilíbrios experimentados. É como se fora um guardião-mor sempre solicitando pelos demais tarefeiros a maiores quotas de serviço.
6 Urge, então, protegê-lo. Não é um doente, mas é um sacrificado. Para isto, então, aconselho a você usar: Kalmia Lat., Ignacia Amar., Aurum Iod. - 5ª. São conselhos do receitista espiritual. A alimentação pode continuar a mesma, balanceando bem carboidratados e proteínas. O corpo físico é uma casa que, por enquanto, deve possuir de tudo.
7 Outra receita de interesse, e que você deve usar, quanto seja possível, é algo de despreocupação. Você deve notar que no ambiente em que seu espírito está descansando alguma coisa o físico raramente se faz sentir. Quando as lutas, mesmo as de serviço, concitarem você a dispêndio excessivo de energias nervosas, use essas forças, porque é impossível deixá-las sem usar, mas faça-o pelo mínimo. Preocupe-se pelo trabalho. Isto é preciso a todos nós, mas não dê seu potencial completo a situações e mesmos pessoas que, para dizer francamente, não atendem a todo o ideal, ideal que nos alimenta no terreno da construção. 8 Esta receita também é indicação de importância para nossa tranquilidade em geral. Vá tratando muita coisa como experiência, e a muita gente como criança. Não há outra alternativa. Não acorde os meninos que dormem, nem ofereça almoço ao que não prescinde do “leite racional”. Que se há de fazer? E preciso semear nas terras duras, mas entregar o resto à chuva, à tempestade, ao sol e ao vento. Estufas não criam, à maneira justa. Deixe, meu filho, as sementes no leito obscuro e passemos. Não se martirize por situações que constituem ainda o embrião para o futuro. Creio que me fiz compreender para esclarecimento do caso. Às vezes é melhor conversar com as árvores que ouvir os homens. Tudo passa.
9 A questão do remédio da Wanda fica para as férias. Será melhor nas férias próximas.
10 E agora, meus filhos, boa noite para ambos, com o meu coração. Deixando-lhes o que possuo de melhor no afeto paternal, e sem me esquecer dos passes e da água fluidificada para vocês, abraça-os o papai muito amigo,
A. Joviano