16|12|1942
1 Meus caros filhos, meus votos sinceros a Deus pela paz espiritual de vocês, ao lado dos netos.
2 Com a visita afetuosa de todos os dias, venho trazer-lhes o meu reconhecimento pelo carinho das lembranças amorosas de anteontem. Mais um ano de novas expressões na Espiritualidade. E vocês não imaginam meu contentamento, assistindo ao culto familiar. Faltou pessoalmente a nossa boa Wanda, entretanto, seu coração estava ao nosso lado, através das forças vivas do pensamento. A recordação generosa de muitos amigos nossos palpitava junto de nossos corações, embora semelhantes vibrações não sejam integralmente registráveis por vocês, na fase de vida em que se encontram. 3 A visão que foi descrita, como se fora uma estrela, não era bem isto, mas um ramalhete radioso de pequenas flores luminosas, que nos chegavam da bondade de Célia. São lembranças divinas de sua esfera superior, que não somente vocês absorveram, mas também nós outros, os que nos conservávamos aqui e éramos numerosos, à maneira de bênçãos de paz, energia, felicidade e saúde. Os nossos amigos Abílio Machado e Casimiro Cunha estavam presentes e muitas entidades amigas, do tempo do pobre parque educativo de Blois, n vieram à nossa “solenidade afetiva”, comovendo-me o coração. Não avaliam meu júbilo espiritual. Desde ontem, sinto-me mais forte e encorajado.
4 A alegria parece fonte nova e inesgotável em minha alma. Como Deus é bom, meus filhos! Por mais que sofrêssemos na Terra, por mais que lutássemos, as dádivas que nos felicitam permanecem muito além de nossas expectativas e de nossos escassos méritos. Este Pai de Bondade é pródigo de maravilhas e bênçãos celestes! Sua infinita magnanimidade nos rodeia em toda parte! Peçamos a Jesus que nos ensine a ver, como convém. Ele, que se converteu em nosso Orientador e em nosso Mestre, nos auxiliará a visão espiritual, dilatando-a, a fim de que possamos compreender cada vez mais amplamente.
5 Agora as crianças voltaram ao aconchego doméstico!… Estou satisfeito com a alegria do Roberto. Tenho acompanhado suas atividades, sua expansão de contentamento em casa. Ar a plenos pulmões, árvores, natureza! O quadro não pode ser mais belo e deve emoldurar, de fato, os júbilos sadios do coração. Felizmente, noto, não somente a ele, mas também a Wanda, bem dispostos e fortes. Esta afirmativa, contudo, não dispensa a necessidade de aproveitarem o tempo, no período de repouso anual, sendo razoável atender-se às necessidades do organismo em desenvolvimento franco. Creio bem inspirada a providência de auxílios medicamentosos comuns. Mesmo a melhor medicina é aquela que prevê, antes de remediar. Meus parabéns a ambos pelos esforços despendidos no ano. Trabalharam muito, fizeram o possível e hão de ser recompensados pelas forças superiores que governam o espírito. Toda energia gasta na aquisição de luz representa sementeira luminosa, com vistas à eternidade. Entretanto, meus caros netos, acredito que a continuidade desse esforço no lar é sempre preciosa e indispensável.
6 O livro deve ser o nosso melhor tesouro, em se tratando de patrimônios inspiracionais do mundo. Nele poderemos receber as mensagens mais nobres, se temos nosso coração inclinado ao bem, à luz, à verdade. É o recurso de que dispõem os irmãos mais velhos por transmitir suas experiências e lições aos mais novos. É ainda o canal das inteligências superiores e a zona de avisos e instruções do divino Mestre, que fala todos os dias às criaturas, através de seus generosos mensageiros.
7 Não falo aqui tão somente do ponto de vista religioso, mas sim na paisagem de educação geral. Cada página que ensina utilidades construtivas ao espírito está integralmente unida à máquina de trabalhos de Jesus e com Jesus.
8 Além disso, na época de transição que vocês atravessam, a escola padece de certas dificuldades inevitáveis. Há grandes perplexidades nos métodos de ensino, enorme indecisão na maioria dos professores. É uma situação, aliás, a que a atualidade não poderia fugir. Tempos de confusão, em que os mapas de determinações administrativas e os programas educativos costumam mudar-se como as cartas geográficas, indefinidas na hora presente. Assim, pois, o estudante não pode perder a fagulha sagrada. A escola acendeu-a. É preciso alimentar o fogo divino, no autoaperfeiçoamento e no cuidado de si mesmo. Não podem, nem devem esquecer semelhantes obrigações. Homem sem livro é viajante sem roteiro certo. Muitas situações estranhas lhe chamam o interesse nas margens do caminho justo.
9 Quanto a você, Rômulo, as indicações do receitista serão muito úteis ao seu estado geral. Assinalo, porém, com prazer, que você me ouviu perfeitamente na nossa “casa intuitiva”, quando me referi ao problema do fumo. Você não deve deixar de fumar, entretanto, a restrição será utilíssima e, para falar melhor, gosto sempre mais do seu cachimbo e do fumo menos forte. A diminuição, nesse sentido, é muito importante ao equilíbrio geral da circulação. Felizmente, suas disposições são ótimas e o incidente passará depressa. Deus nunca cessa a fonte do auxílio para nós, meu filho! 10 Relativamente às preocupações de ordem moral, são elas as nossas companheiras de cada dia. Infelizes de nós, se não as tivéssemos. Demonstram nossa possibilidade espiritual de ponderar responsabilidades e compromissos. Entretanto, sigamos as suas sugestões até certo ponto, sem permitir que nos venham ferir. As preocupações também vieram ao nosso círculo para nos servir, mas nós não fomos criados para elas. 11 Ainda aqui lembremos a lição de Jesus, referente ao dia do sábado. E estejamos satisfeitos e confiantes. A certeza de que Deus nos ajuda e que nos envia todas as coisas para o nosso bem é luz permanente em nossas almas. Acompanharei você, meu filho, no dia 19, com o meu pensamento afetuoso de pai. Espero que Maria e você passem horas bem felizes, junto de Wanda e Roberto. A alegria é um tônico para o coração. Recordemos que o Pai nos envia esse tônico, graciosamente, sentindo-se feliz com os nossos contentamentos.
12 E agora, meus filhos, boa noite! Deus os abençoe! Com a gratidão e o amor de todos os dias, guardem o coração dedicado do papai,
A. Joviano
[1] Nota da organizadora: Refere-se à escola do professor Jaques Duchesne Davenport, que figura no livro Renúncia, e que foi uma das vidas de Arthur Joviano.