O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Sementeira de luz — Mensagens familiares do Prof. Arthur Joviano (Neio Lúcio) e outros


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Na “casa de Cristo”

09|12|1942


1 Meus caros filhos, Deus lhes conceda muita saúde ao corpo e muita tranquilidade ao espírito.

2 Aqui estou com a minha carta afetuosa de sempre. Nestes dias, rememoramos aqueles que precederam minha volta para cá. O quadro triste, as sombras domésticas, o anseio das despedidas! Ah, meus filhos, como está distante a paisagem! Conforta-nos reconhecer que de tudo apenas ficou a vida vitoriosa, em vocês e em meu coração! 3 A morte orgânica modificou apenas a moldura da situação. No fundo, somos os mesmos, com as nossas lutas, aspirações, ideais e pensamento. Graças à Divina Providência, não cultivamos a treva do sepulcro e sim as claridades da vida eterna, com o amor que não pode morrer nunca. Notaram vocês que não existe para nós nem mesmo a sombra leve da muralha entre os dois mundos? É que quando nos encontramos no extremo limite temos nossas lâmpadas acesas, as lâmpadas da fé, as luzes da afeição que se ergue da morte. 4 Ainda quando a saudade intensifique os véus que lhe são peculiares, abafando-nos delicadas vibrações, erguemos mais alto nosso candelabro fulgurante, contemplamo-nos mutuamente, rosto a rosto, e eu vejo que vocês me reconhecem como eu os reconheço. A vida com a fé nunca experimentará o terror da separação. A morte nada significa para o amor que se iluminou ao sol da confiança em Deus.

5 Fala você de Evangelho, meu filho, e pode acreditar que, muitas vezes, estudo-lhe a essência divina, em sua companhia. Essa fonte de maravilhosa beleza para nossas almas é inesgotável em tesouros para as experiências terrestres e espirituais. Frequentemente, entrego-me a fundas meditações ao seu lado. Já que nos seria um tanto difícil comentar problemas pedagógicos, questões de genética ou assuntos de atualidade do mundo, o encontro na “casa de Cristo”, que o Evangelho, de fato, representa, constitui para nós alegria transcendente e indefinível. 6 Também eu tenho estudado o símbolo precioso da barca e, ainda há algum tempo, o velho Marinho  n comentava comigo que, a seu ver, representa ela o símbolo da existência humana, isto é, a oportunidade do serviço terrestre: o corpo, o templo e oficina da alma que recebeu a concessão. Isto porque a barca não era uma apenas. Os discípulos também possuíam a deles. 7 E o Tiberíades não mostra fielmente o quadro do Planeta, onde a criatura deve pescar e procurar valores eternos? As águas móveis não dizem das responsabilidades diretas de cada um, revelando a necessidade de prudência, serenidade, dedicação, ao serviço e esforço próprio para que se não vá ao fundo do abismo? São ideias de Marinho, que julgo muito acertadas! 8 Aliás, é impressionante observar o apostolado de Jesus nos círculos da natureza. A nós, que consagramos tanta estima à expressão rural, é agradabilíssimo recordar que ele surgiu numa estrebaria, que recebeu a primeira visita na aproximação dos animais, ensinou as mais altas verdades da vida sobre o espelho dum lago, construiu suas parábolas tomando expressões da vida em fazenda, transfigurou-se na solidão de pequena montanha, ensinou a pureza do culto íntimo a Deus à beira de um poço, preparou-se para o supremo sacrifício na intimidade de um horto, recebeu o martírio no cume de um monte e ressuscitou num jardim. Não é isto extremamente significativo? O amor ao Evangelho, meu caro Rômulo, é uma estação de luz da alma em trânsito para revelações eternas, revelações que muita gente aguarda a morte do corpo para adquirir, mas que, em verdade, vai sendo conquistada pelo espírito, cada dia, tanto aí na Terra, como aqui onde nos encontramos.

9 Deus vos conceda forças para prosseguirmos nas descobertas dos valiosos tesouros, inacessíveis ao câmbio terrestre e à ação das traças.

10 Peço a vocês, meus filhos, que não se organizem para a noite de 14, à minha espera. Estarei junto de vocês, entretanto, se for possível, façam um culto doméstico, que me faz tanto bem. Pedi aos amigos espirituais daqui para que não escrevessem algo com alusão à data, em vista de que é sempre melhor o silêncio, a prece, o amor que fala tanto no coração. Vocês compreendem isto. Fico a pensar no muito que devo realizar ainda e o culto é uma festa para todos nós, porque é o pensamento de Jesus, sua dádiva, sua mensagem. Quanto ao mais, no mais íntimo do espírito, estaremos unidos cada vez mais para os bons trabalhos.

11 Não me referi, na vez passada, à viagem de vocês, porque sentia previamente que o resultado da presente estação seria contrário aos propósitos gerais. Muitas chuvas, muitas experiências úteis para os homens do campo, no sentido de refazer o que as enchentes destruíram e até que isto se efetuasse seria difícil realizar o serviço projetado. Esperemos melhores oportunidades, nesse setor.

12 E agora minha lembrança carinhosa às crianças. Deus conceda a vocês todos muita saúde e paz. Um grande abraço, com muitas saudades e alegrias do


Papai



[1] Nota da organizadora: Refere-se ao personagem do livro 50 anos depois, Capítulo IV [2ª Parte].


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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