“Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas doenças.” — (MATEUS, 8.17)
1 Meu amigo, o passe é transfusão de energias físio-psíquicas, operação de boa vontade, dentro da qual o companheiro do bem cede de si mesmo em teu benefício.
2 Se a moléstia, a tristeza e a amargura são remanescentes de nossas imperfeições, enganos e excessos, importa considerar que, no serviço do passe, as tuas melhoras resultam da troca de elementos vivos e atuantes.
3 Trazes detritos e aflições e alguém te confere recursos novos e bálsamos reconfortantes.
4 No clima da prova e da angústia és portador da necessidade e do sofrimento.
5 Na esfera da prece e do amor, um amigo se converte no instrumento da Infinita Bondade, para que recebas remédio e assistência.
6 Ajuda o trabalho de socorro aqui mesmo com o esforço da limpeza interna.
7 Esquece os males que te apoquentam, desculpa as ofensas de criaturas que te não compreendem, foge ao desânimo destrutivo e enche-te de simpatia e entendimento para com todos os que te cercam.
8 O mal é sempre a ignorância, e a ignorância reclama perdão e auxílio para que se desfaça, em favor da nossa própria tranquilidade.
9 Se pretendes, pois, guardar as vantagens do passe que, em substância, é ato sublime de fraternidade cristã, purifica o sentimento e o raciocínio, o coração e o cérebro.
10 Ninguém deita alimento indispensável em vaso impuro.
11 Não abuses, sobretudo daqueles que te auxiliam.
12 Não tomes o lugar do verdadeiro necessitado, tão só porque os teus caprichos e melindres pessoais estejam feridos.
13 O passe exprime, também, gastos de forças e não deves provocar o dispêndio de energias do Alto com infantilidade e ninharias.
14 Se necessitas de semelhante intervenção recolhe-te à boa vontade, centraliza a tua expectativa nas fontes celestes do suprimento divino, humilha-te, conservando a receptividade edificante, inflama o teu coração na confiança positiva e, recordando que alguém vai arcar com o peso de tuas aflições, retifica o teu caminho, considerando igualmente o sacrifício incessante de Jesus por nós todos, porque, de conformidade com as letras sagradas: “Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas doenças”. ( † )
Emmanuel
(Reformador, fevereiro de 1951, p. 26)