O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

Índice |  Princípio  | Continuar

Sementeira de paz — Mensagens familiares do Prof. Arthur Joviano (Neio Lúcio) e outros


48

Vejo as flores do nosso santuário

14/05/1947


1 Rômulo, meu filho, Deus abençoe a você, multiplicando-lhe as energias no serviço da espiritualidade superior.

2 Vejo as flores do nosso santuário doméstico e lembro que as suas esperanças de cristão igualmente florescem agora. Sua fé viva não mais se circunscreve à folhagem robusta e sim oferece rosas de confiança em Jesus e em si mesmo, antecipando a colheita de bênçãos maiores. Refiro-me a isso em face de seu triunfo íntimo nas lutas uberabenses, em que você não poderia usar apenas as armas do homem correto, mas também as outras – as armas do espírito cristianizado para solucionar os problemas.

3 É uma felicidade encontrar os enigmas que seu coração tem encontrado em pleno ministério de realização. A Sabedoria Divina não oferece questões difíceis a entendimentos ainda frágeis. E se os serviços são agravados tal circunstância significa aumento de confiança, dilatação de oportunidade, enriquecimento de poder.

4 Por lá, muitas vezes, estive ao seu lado e estimei a sua boa posição espiritual. Agradeço o conforto que recebi de seus testemunhos pessoais e de suas atitudes. A experiência humana, meu filho, é uma escola vasta. Se Deus quisesse, nenhuma dificuldade surgiria, nenhum obstáculo surpreender-nos-ia as marchas de cada dia. Se os óbices são multiplicados, se os trabalhos avultam, rendamos graças – fomos considerados dignos de maiores ensinamentos.

5 As missões humanas de elevação, qual a em que você se encontra no setor administrativo, são possibilidades precisas para a transferência de ordem superior. Aquelas nossas conversações sobre “mudanças de plano”, em suas meditações ignoradas e silenciosas, foram de grande proveito ao seu espírito. Se você tivesse atravessado os anos de luta, menosprezando as dádivas que o Senhor colocou, de muitos modos, em suas mãos, de maneira nenhuma poderia entender semelhantes assuntos. A luz divina é um terreno sagrado que não se abre ao que simplesmente procura. Antes da investigação, da busca, é indispensável revelar a verdadeira sede do coração, com o firme propósito de nos esquivarmos às sombras. Fiquei, portanto, satisfeito, identificando-lhe as decisões dignas e cristãs, no silêncio ativo a que se recolheu na experiência. Observei de mais perto o seu esforço, a extensão do seu desejo elevado, sua firme resolução de aplicar o que juntos vamos aprendendo em nossas tarefas espirituais, embora separados um do outro, em nos referindo à matéria densa.

6 De modo algum, meu filho, estimaria qualquer desistência de sua parte, diante da luta que as atuais experiências lhe impõem ao coração. “Perseverar até o fim” não é uma frase exclusiva dos círculos religiosos, é imperativo para todas as atividades do bem na Terra. Em vista disso, vê-lo forte e tenaz, confiante e otimista em sua posição de trabalhador que administra cheio de fé positiva, e de administrador que trabalha por amor ao bem coletivo, é motivo de nobre vaidade para mim. Entretanto, espero que os nossos compromissos de espiritualidade na transformação de planos estejam sempre presentes em seu coração, porque não devemos o depósito dos nossos créditos espirituais no “Banco Universal da Graça Divina”. Pouco a pouco, eleve igualmente todos os seus trabalhos para o plano mais alto que estamos buscando, a fim de que a esfera menos elevada não nos prenda os ideais.

7 Em verdade, minhas escolas eram meu templo vivo. Em Minas ou em outra parte, sempre estive ligado a elas. Depois, em pleno Rio, fui compreendendo que me competia reter o espírito das organizações escolares e trabalhar com ele, fosse onde fosse.

8 Sem o prurido de repousar, quando a vigilância dos filhos me convocava ao descanso, eu mesmo procurava esse “espírito do ensino”, onde se achava. Fora das agremiações do magistério, ia ver as “classes infantis”, segregadas nos bairros escuros para onde os professores tabelados se sentiam menos atraídos. E a realidade é que voltei para cá experimentando essa alegria sublime de não haver perdido a mim mesmo, de ter sido controlado pelos meus ideais mais nobres até o fim. 9 Refiro-me a essas observações individuais, nesta noite de entendimento, porque esta é uma fase em que seu coração precisa manter todo o vigor no serviço que vem executando e toda a força de sua esperança em realizações maiores, considerando as dificuldades compulsórias que vão surgindo entre o seu espírito e o plano que nos prende há muitos anos. Não pense seja fácil essa permuta de envoltórios do ideal. 10 O guarda-roupa íntimo não é de fácil acesso. Necessário despendermos enorme esforço para renunciar… Permanecendo, libertando a nós mesmos… Prendendo-nos a todos, modificando essencialmente… Conservando tudo, ajudando a cada um… Deixando cada qual em seu próprio lugar. É imprescindível muita força e serenidade, muita aspiração de subir e ganhar as alturas, porque o nosso balão, meu filho, ainda tem muito material sublime de ligação com a atmosfera amiga que tanto nos tem dado e que por ser sublime é demasiadamente respeitável para ser alijado sem mais nem menos. 11 Nem os grandes orientadores da Espiritualidade Superior nos obrigam a cortar os liames do “balão cativo”. Somos nós mesmos que vamos buscando as portas que identificamos os horizontes mais altos e sonhamos com o voo… E é interessante assinalar que nenhuma dessas palavras se relaciona com a palavra “morte”. Aqui temos a real expressão do renascimento. Paulo de Tarso disse magistralmente: “Eu morro todos os dias”. ( † ) Isso significava que o seu espírito renascia sempre.

12 Espero, pois, que você compreenda minhas palavras, interpretando-as como reconforto da amizade paternal contemplando-lhe a renovação imanifesta aos demais. Você tem ganho muitíssimo. Sua visão está aumentando e o que hoje se esboça mais firmemente constituirá abençoada realização do espírito eterno, concretizada amanhã. Vamos trabalhar confiando na misericórdia do Senhor.

13 Tenho recebido seus pensamentos quanto ao caso do nosso amigo, através de quem escrevo estas linhas. Cremos que tudo está em seu lugar e que só temos razões para regozijo. Estive presente com vocês na segunda-feira, quando discutiam o futuro da oficina espiritual de Pedro Leopoldo. E por que desejo acompanhar seus esforços de companheiro sincero e valoroso dos trabalhos de edificação tomo a liberdade de opinar no caso para dizer-lhe que estou inteiramente de acordo com o seu ponto de vista. A hora reclama bastante pensamento. Os amigos espirituais estão fazendo quanto é possível para que a “missão do livro” continue. 14 Você compreende que estamos numa luta razoável. O trabalho da mediunidade cristã opera ao inverso da instrumentalidade humana para as obras respeitáveis. Enquanto o coração de um missionário das melhores realizações terrestres é afiado na “pedra do estímulo”, o coração do servidor das edificações espirituais há de ser amolado no “rebolo do sofrimento”. O gasto é diferente. As leis são outras. As disposições que vigoram para os serviços a serem feitos são diversas. Daí esse duelo grande, essa tempestade natural em favor da “produção do espírito”. 15 O clima não é senão de trabalho e renúncia. Enuncio claramente essas razões para abraçá-los pelo que vocês têm podido fazer em colaboração com os emissários de Mais Alto e para afirmar-lhes que nossa esperança não esmorece, embora conhecendo, como nos ocorre, todas as tormentas e luas decorrentes do esforço. Em razão disso, reitero a afirmativa de que estamos trabalhando pela concessão de mais dilatadas oportunidades aos nossos trabalhos e confiamos em que a vontade do Senhor nos dará o melhor.

16 Quanto ao fato de assumir você responsabilidades mais fortes em uma organização na cidade, somos de parecer que o assunto é adiável e, quase mesmo, fora de cogitação por enquanto. O grupo de Pedro Leopoldo, nas circunstâncias examinadas, terá de renovar-se, renovando os próprios “alicerces espirituais”. Surgiria, nas bases previstas, uma hora em que os alunos aplicados de mais de dez anos não poderiam sentar-se em uma classe iniciante, sob pena de não prosseguir nas realizações iniciadas. 17 Nesse caso, você poderá perfeitamente cooperar na edificação das bases materiais, amparar o empreendimento como sempre, dar tudo o que estiver ao seu alcance, mas sem assumir um compromisso formal no setor da orientação porque, então, nesse caso, Pedro Leopoldo não teria recipientes para o seu dínamo. Você não começou o esforço da mediunidade curadora em vão e um médico não é chamado ao deserto. Seu trabalho, se Deus nos conservar a felicidade de uma longa permanência na Terra, é maior, muito maior. Temos planos de ordem muito elevada para a sua vocação de servir. Creia que você terá, se chegarmos com a graça de Jesus à movimentação deles, mais serviço ativo do que você já teve em toda a sua vida presente. 18 Os anos daqui, como aqueles dias felizes de sua passagem pela Inglaterra, jamais serão esquecidos. Serão flores imortais na coroa de sua fé atuante e renovadora. Estarão em suas palavras e em seus gestos, em seus ideais e ações, mas a sua riqueza na distribuição de conforto ao sofrimento será um tesouro crescente que força alguma do mundo, então, poderá deter. Conserve sua saúde, alimente suas reservas e sigamos para as nossas finalidades. Considere como caminhamos nos dez anos últimos. Temos atravessado esferas e ângulos que, dantes, não nos seria possível apreciar.

A vida é renovação, a felicidade é o serviço. Que Jesus nos abençoe e nos ajude sempre.

19 Escrevi mais longamente porque as circunstâncias assim exigiam. Abrace Maria e os netos por mim.

20 Cuidem da saúde. Preservem o equilíbrio das energias orgânicas. E, pedindo a Jesus, meu filho, abençoe o seu espírito de confiança e resistência na luta para o bem, abraça-o muito afetuosamente o


Papai


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

Abrir