01/04/1947
1 Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês, concedendo-lhes muita saúde, felicidade e paz.
2 Venho de casa onde fui abraçar o pessoal ao primeiro de abril e sinto-me feliz completando minha noite de recordações em companhia de vocês, sob o céu maravilhoso. As nossas preces como que são cânticos silenciosos do coração. Lá fora, tudo convida para Deus e vocês atendem aqui dentro, rendendo graças. A felicidade é enorme, meus filhos, quando podemos transformar o caminho da vida humana em bênçãos de espiritualidade superior. Ouço-lhes a conversação e felicito-lhes o entendimento.
3 Em verdade, há quantos anos nos congregamos aqui para celebrar o que de algum modo só é concebível pela fé. Não fosse essa lâmpada viva, de há muito estariam cessadas nossas vias de intercâmbio. Sob lutas e dificuldades, sob incompreensões e tropeços, vocês confiaram e a segurança desses sublimes sentimentos obteve a resposta invariável das zonas mais altas. O mérito da continuidade é sempre legítimo. Todos sabem iniciar, raros sabem persistir. De projetos elevados vivem os caminhos repletos, entretanto, raros corações se dispõem a fazer, a cumprir, a executar. No entanto, as dádivas do Alto, como as águas de um grande rio, correm para todos. 4 Os dons do Céu caem à maneira da chuva, buscando fecundar os corações. Todavia, esmagadora percentagem de nossos amigos humanos ainda dorme. Julga construir imperecíveis castelos de possibilidades humanas, supõe penetrar para sempre a imortalidade com a monumentalização do personalismo que lhe assinala as atitudes, quando apenas dorme e sonha, sob o ponto de vista espiritual. Há para eles pesadelos de todos os feitios. Os que despertam, porém, ouvem uma voz suave e constante que os compele à marcha, à coragem, ao prosseguimento… Esses não ignoram que a realização elevada, qualquer que seja, se nunca é desamparada pela bênção divina também reclama a preocupação superior e o trabalho persistente do homem.
5 Vocês tiveram a felicidade de acordar na casa respeitável da Terra, nossa venerável escola de tantos anos. Aprenderam em cursos de esperança bem sentida e bem vivida a lição do suor e da colaboração em Cristo. Amaram a edificação de todos e se sentiram felizes com as conquistas de cada um e amam e sentem com intensidade cada vez mais viva semelhantes verdades e semelhantes bens. Por isso mesmo, ainda na carne, experimentam júbilos que só são dados a muita gente depois de laborioso esforço no plano espiritual. Envaideço-me do patrimônio de fé ativa e operante que conseguiram amealhar, dia a dia, no trabalho progressivo do espírito convertido ao Senhor divino, que tudo nos concedeu.
6 O empréstimo celestial com que fomos distinguidos passou a ser propriedade de nossas almas. Tudo o que realizamos no espírito é igualmente eterno e nossas aquisições têm sido substancialmente espirituais. Em vista disso, contemplo desta casa, que nos é particularmente querida, a paisagem do céu tranquilo onde vibram melodiosamente as forças sublimes da natureza. Estrelas distantes, mundos remotos nos esperam… Deste pequeno ponto do planeta, desferimos nosso apelo a Deus e desenhamos nosso roteiro. Vocês, ligados ainda aos ângulos da crosta, eu, ainda ligado às forças das esferas que lhe são conexas.
7 Quando voltarei a corporificar-me, não sei, quando nos abraçaremos de novo em divina e integral união, espírito a espírito, ainda ignoro, mas sei que podemos abençoar este pouso de amor e esperança como celeste marco da jornada. Estejam vocês onde estiverem, vá, por minha vez, onde for, não esqueceremos o porto que o Rômulo edificou devagarinho, nos primeiros dias, e que você, Maria, veio vestir de ideias e realizações adequadas ao pensamento superior.
8 Não criaremos com isso algemas para o coração, mas a lembrança e a gratidão viverão conosco para sempre. Diante, pois, do firmamento claro e brilhante, sentindo o testemunho das energias divinas que fluem do Alto, agradeço a Jesus todos os júbilos que nos foram concedidos e faço votos para que continuemos realizando sempre mais para Deus e para todos os que nos cercam. Dar de nós mesmos para que a glória divina seja respeitada e compreendida é a felicidade máxima suscetível de ser encontrada nas regiões onde vivemos. Quem dá recebe e por havermos dado nossa boa vontade e o coração fiel recebemos hoje elementos espirituais que não chegam a ser entendidos por outrem e que nos iluminam para as horas de hoje e para os dias que virão.
9 Sejam felizes, meus filhos! Que a paz do Céu coloque o coração de vocês a cavaleiro de todas as sombras, são os nossos votos mais ardentes. E que essa paz os siga, passo a passo, em todas as estradas do mundo, a fim de que prossigam de pensamento voltado para a Vida Maior, que nos reunirá um dia, embora vivendo todos os deveres e obrigações mínimas que a existência terrestre impõe a vocês no desdobramento de cada dia. São os desejos do meu coração de pai que não os esquece,
A. Joviano