O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Sementeira de paz — Mensagens familiares do Prof. Arthur Joviano (Neio Lúcio) e outros


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O nosso caro amigo Mário Carneiro

09/04/1947


1 Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês, conferindo-lhes muita saúde e paz aos corações.

2 Aqui nos encontramos, orando juntos. Que o Senhor Todo-Misericordioso nos auxilie e proteja, iluminando-nos os caminhos.

3 Hoje veio em minha companhia o nosso caro amigo Mário Carneiro, ao ensejo do primeiro aniversário de sua libertação. n Convidamo-lo a escrever-lhes, entretanto, declinou do convite, alegando encontrar-se ainda inexperiente nos problemas daqui. Contudo, recomenda-me transmitir-lhes, mais ou menos, o seguinte:


4 “Meus amigos, agradeço-lhes a lembrança generosa. Os bons pensamentos que me enviam reconfortam-me o espírito. Estou bem. Naturalmente, desambientado. Cuidei muito de preservar meu caráter, de sustentar a integridade de meus princípios, todavia, não fiz o mesmo quanto ao coração. O campo da fé manteve-se vazio dentro de meu ser. Jornadeei numa estrada correta, mas esqueci-me de semear nas margens. Não pratiquei o mal, que me lembre, e não sinto aguilhões na consciência, no entanto, no meu peito há angústia. 5 Estimaria voltar. Renovar caminhos. Retomar atividades. Criar elementos novos que me garantissem iluminação espiritual mais intensa. Em suma, sofro por não haver realizado o bem que eu podia concretizar. Estou na condição do preposto que de regresso à sede de trabalho se atormenta pela omissão. Meu tempo não foi plenamente preenchido. Poderia ter subido montes da sabedoria, ao invés de haver palmilhado somente as longas estradas da planície. Apesar de tudo, sou quase feliz. 6 Não supunha encontrar o mundo que eu encontrei. Não julgava que a vida pudesse esconder tais maravilhas, não obstante suspeitar sempre de que as lutas daí não estariam circunscritas aos curtos dias do corpo físico. Lastimo, porém, não haver experimentado, no mundo, o processo do despertamento consciencial… A morte, por isso, me colheu espantosamente. Procuro refundir meus conhecimentos e concepções, mas reconheço que é indispensável muita calma e humildade para o reajustamento. Continuem amparando-me. 7 Um dos grandes problemas para nós, os que precedemos as criaturas amadas na marcha da morte, é o do esquecimento natural a que somos relegados. A questão do morto não se resolve com a lápide honrada. É mais complexa. Requisita cooperação e fraternidade. Nesse sentido, estou lutando intensamente. Não soube ou não pude construir no espírito dos que me eram afeiçoados o laço de ligação que me garantiria a continuidade ao auxílio deles. 8 Vejo que vocês são muito felizes. Sabem viver e construir, num reino maior, numa esfera mais vasta. Nada posso desejar-lhes de mais preciso, além da continuação do serviço a que se devotam. Agradeço em particular ao Rômulo o carinho e a consideração que me dispensou de maneira invariável, não só nos tempos da facilidade como nos dias em que a existência humana não traz grandes contentamentos. E sou extremamente grato pelo espírito de colaboração, do qual o seu devotamento de amigo ainda me cerca. Que o Criador os recompense e ilumine sempre…”


9 Em síntese, são essas, meus filhos, as palavras do nosso visitante querido. Por minha vez, agradeço a ele, em nome de vocês e no meu próprio nome, pela generosidade das referências. Sua gentileza é tocante, porque bem sabemos que ele foi na Terra um missionário completo da organização e da justiça. O positivismo inibiu-lhe muito empreendimento que o conduziria a descobertas maravilhosas, em nos referindo à espiritualidade superior, entretanto, essa circunstância jamais lhe impediu o exercício das qualidades nobres de que foi portador fiel. 10 Se me não engano, o seu primeiro ano de vida espiritual ocorreu a 4 deste mês. Ele tem recebido o amparo de vocês, através da lembrança e da oração, e está naturalmente reconhecido. Que Jesus lhe enriqueça as mãos e o coração de dons e bênçãos sublimes. O caminho da morte é da continuação. Prossegue invariável o drama evolutivo e, de qualquer modo, reaverá o nosso prezado, presentemente, seu patrimônio de oportunidades e possibilidades, vultosos e valiosos.

11 Relativamente à conversação de vocês com referência ao Chico, também nós estamos cooperando. Vamos confiar no poder “de Cima”. A fonte das bênçãos nunca se empobrece. Todos os assuntos versados são dignos de atenção. O Senhor permitir-nos-á auxiliar.

12 Estou acompanhando a Wanda sempre que posso. Vi-a na passagem por São Paulo e peço a Deus prossiga bem.

13 Quanto ao mais, meus filhos, trabalhemos amando o ensejo de sermos úteis. A existência não vale pelos dias que a somam e sim pelo que fizermos dela. Sejam a paz e a fé viva o nosso precioso salário, para que a luz divina habite em nós. As dificuldades terrestres podem ser grandes, todavia, é forçoso observar que são elas como o serro empedrado escondendo os diamantes. Ajudemo-nos uns aos outros e sigamos avante.

14 Pedindo ao nosso Mestre divino nos abençoe a todos, renovando-nos os títulos de proteção e ajuda, abraça-os, com carinho e saudade, o papai muito amigo de sempre,


A. Joviano



[1] Nota da organizadora: Mário Carneiro era um amigo da família Joviano.


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