Reunião pública de 3-6-1960.
Questão n.º 263.
1 Disse um grande filósofo:
— “Fala para que eu te veja.”
2 Muita gente acrescentará:
— “Escreve para que eu te veja melhor.”
3 E ousaríamos aduzir:
— “Age para que eu te conheça.”
4 Julgarás o amigo pela linguagem que use; entretanto, para além da apreciação vulgar, todos necessitamos do justo discernimento.
5 Marat ( † ) falava com mestria, arrebatando o ânimo da multidão, mas instigava a matança dos compatriotas que não lhe esposassem as diretrizes.
6 Marco Aurélio, ( † ) o imperador chamado magnânimo, escrevia máximas de significação imortal; no entanto, ao mesmo tempo determinava o martírio de cristãos indefesos, acreditando, com isso, homenagear a virtude.
7 O “Werther”, de Goethe, ( † ) é um poema de magnífica expressão literária, mas não deixa de ser vigorosa indução ao suicídio.
8 As declarações de guerra são, de modo geral, documentos primorosamente lavrados; todavia, representam a miséria e a morte para milhões de pessoas.
9 Há jornalistas e escritores que figuram na galeria dos mais sábios filólogos, e, apesar disso, molham a pena em sangue e lama, para gravarem as ideias com que acentuam os sofrimentos da Humanidade.
10 Tanto quanto possível, escrevamos certo, sem a obsessão do dicionário.
11 A gramática é a lei que preside a esfera das palavras.
A instrução cerebral, porém, quando sem bases no sentimento, é semelhante à luz exterior.
12 Há luz na lâmpada disciplinada que auxilia e constrói e há luz no fogo descontrolado que incendeia e consome.
13 Identifica o mensageiro, encarnado ou desencarnado, pela mensagem que te dê, mas, se é justo lhe afiras a cultura, é imprescindível anotes a orientação que está dentro dela.
15 O navio pode ser muito importante, mas é preciso ver o rumo para o qual se encaminha o leme.
15 Se o verbo apresenta, a atitude dirige.
É por isso que Jesus nos advertiu:
— “Seja o vosso falar sim, sim; e não, não.” ( † )
Emmanuel