1 “Bem-aventurados os pobres de espírito”, ( † ) proclamou o Senhor.
2 Nesse passo, porém, não vemos Jesus contra os tesouros culturais da Humanidade, mas, sim, exaltando a humildade do coração.
3 O Mestre recordava-nos, no capítulo das bem-aventuranças, que é preciso trazer a mente descerrada à luz da vida para que a sabedoria e o amor encontrem seguro aconchego em nossa alma.
4 Hoje, como antigamente, somos defrontados, em toda parte, pelas criaturas encarceradas nos museus acadêmicos, cristalizadas nos preconceitos ruinosos, mumificadas em pontos de vista que lhes sombreiam a visão e algemadas a inutilidades do raciocínio ou do sentimento, engrossando as extensas fileiras da opressão.
5 Imprescindível clarear o pensamento, diante da natureza, e aceitar a extrema insignificância em que ainda nos agitamos, perante o Universo.
6 Jesus induzia-nos à esquecer a paralisia mental, em que, muitas vezes, nos comprazemos, inclinando-nos à adoção da simplicidade por norma de ascensão espiritual.
7 Esvaziemos o coração de todos os detritos e de todos os fantasmas que experiências inferiores nos impuseram na peregrinação que nos trouxe ao presente.
8 Cada dia é nova revelação do Senhor para a existência.
9 Cada companheiro da estrada é campo vivo a que podemos arrojar as sementes abençoadas da renovação.
10 Cada dor é uma bênção para os que prosseguem acordados no conhecimento edificante.
11 Cada hora na marcha pode converter-se em plantação de beleza e alegria, se caminhamos obedecendo aos imperativos do trabalho constante no Infinito Bem.
12 Toda ciência do mundo, confrontada à sabedoria que nos espera, é menos que o ribeiro singelo ante o corpo ciclópico do oceano.
13 Toda a riqueza dos homens perante a herança de luz que o Pai Celestial nos reserva, é minúsculo grão de pó na química planetária.
14 Sejamos simples e espontâneos, na senda em que a atualidade nos situa, aprendendo com a vida e doando à vida o melhor que pudermos, para que, em nos candidatando à láurea dos bem-aventurados, possamos ser realmente discípulos felizes daquele Amigo Eterno que nos recomendou: — “Aprendei de mim que sou humilde de coração.” ( † )
Emmanuel