1 Pelo médium possuído,
Disse, o rude obsessor,
Por favor, ninguém me fale
Em perdão, bondade e amor.
2 Se roubaram minhas terras
Quebrando normas de lei,
Conheço meus inimigos,
Bem os conheço, bem sei…
3 Toda terra desta vila
É minha propriedade,
Pela força do progresso
Ei-la virando cidade…
4 Vários ladrões se reuniram,
Tudo de caso pensado,
E usando papéis de fraude
Puseram-me derrotado.
5 Firmina, minha mulher,
Morreu de tanto desgosto.
Ela deve estar no Céu
E estou firme no meu posto.
6 Deixei meus dois pequeninos,
Com nossa Tia Constança,
E aqui continuo agindo
Em meus planos de vingança.
7 Falou o doutrinador:
Meu irmão, perdoa e esquece;
No caminho do perdão,
O ódio desaparece.
8 O obsessor prosseguiu
Dizendo frases insanas,
Dando incômodos ao grupo
Por quatro longas semanas.
9 Mas noutra rua existia
Um espírita nobre e genuíno,
Pedreiro de vida simples
Chamado irmão Bernardino.
10 Ele foi solicitado
A ajudar o vingador;
Sob tensão veio ao grupo,
E orou com grande fervor.
11 Diante do obsessor,
Exclamou: meu caro irmão,
Soube aqui que a sua paz
Depende do seu perdão.
12 Ante a pequena assembleia
Da sessão de amor e luz,
Pediu ao pobre rebelde,
Que recordasse Jesus!…
13 O obsessor em gestos rudes,
Parecia sem lugar,
E com o assombro de todos,
O pobre pôs-se a chorar.
14 Bernardino compungido
Dava-lhe paz e esperança,
Entretanto, o vingador,
Chorava sem confiança.
15 Depois gritou: Deus me livre
Deste ódio que não sai.
Bernardino, meu amigo,
Vem a mim! Eu sou seu pai!…
Jair Presente
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