1 Querida mãezinha Sonia e querido papai David, nossos louvores à paz se entrelaçam agradecendo as bênçãos da vida.
2 Saúdo aqui igualmente aos irmãos queridos, Rachel, Renato, Rosana, Moises e Ricardo, a todos expressando a minha jubilosa gratidão.
3 Mãezinha Sonia, estou sensibilizado. Procuro em mim e não encontro qualquer condição de merecimento, a fim de recolher os louros da família nesta antecipação de aniversário.
4 Creio estar contraindo dívidas maiores do que todas aquelas que me vivem debitadas na contabilidade do lar.
5 Tivemos um belo dia de “Purim” n e, em pensamento, rogamos licença aos nossos Maiores para alongarmos as horas do sábado para cá do anoitecer, porquanto, a nossa festa foi uma autêntica fonte de alegria e de comunhão com todos.
6 Ontem, à tarde, o vovô Moszek Aron elevou a prece de gratidão ao Todo Misericordioso. “Lechá Dodi” n muito nos comoveu e vários amigos partilharam conosco da alegria que os pais queridos e os queridos irmãos me ofereceram…
7 Creiam que as lágrimas de emoção me subiram do coração para os olhos, porquanto associei os hinos que cantávamos às reminiscências da nossa casa feliz.
8 A vovó Rachel e outros amigos, quais sejam, a irmã Lea e o amigo David Lansk n nos acompanhavam e senti-me transportado aos dias mais belos da infância nos quais recebi dos seus exemplos, querida mãezinha Sonia, e da generosidade do papai os ensinamentos que me iluminam os passos.
9 No íntimo, revelando-lhes aqui meus ocultos pontos de vista, eu me reconheci pessoalmente neste sábado numa festa de Pessach e de Sucòt, n ao mesmo tempo. Festa de primavera espiritual e de alegria por haver transposto o rio das duas vidas, com a luz que me acenderam no coração.
10 Valeu a pena vir ao Plano Físico e tomar o contato da família querida que me acalentou para começar a minha construção de vida interior, para os momentos de agora e para dias de amanhã.
11 Shalom Aleichem. n E a paz nos envolveu a todos, a todos os que seguíamos todas as providências, a fim de que nossa casa se transportasse para o convívio de nossos irmãos em Humanidade, a contarem conosco para mais segurança na jornada.
12 Agradeço por tudo o que me ofereceram na pessoa de nossos companheiros da vida comunitária. Cada criança repentinamente tocada de alegria, ante os brindes de amor que distribuíram, era eu mesmo e na pessoa de cada criatura em dificuldades maiores do que as nossas, renovadas na esperança que souberam espalhar fartamente, era eu ainda, o filho e irmão reconhecido.
13 Sabemos que a vitória de nossa gente consiste na sustentação do Deus Único, e por isso, não desconhecemos que somos uma só família, ante os valores eternos. Todos os irmãos que sofrem, choram em nossos olhos e quantos vencem provações, à custa de pranto e suor, são pedaços de nós mesmos, nos quais buscamos o nosso próprio reerguimento espiritual.
14 Construímos na Terra a moradia que nos aguarda no País da Verdade e da Luz. Cada migalha de amor concretizada num pão simples que se entrega com bondade espontânea é parte do material que se despacha do mundo físico para a Vida Espiritual, onde se edifica, gradativamente, o recanto em que nos cabe habitar e servir.
15 Estou agradecido e feliz. E me sinto muito mais rico no amor com que se deram aos nossos companheiros do mundo, do que pela substância do que entregaram, recordando-me o pobre aniversário neste mês, conquanto saiba que de meu pai e da mãezinha Sonia até os irmãos, todos se desfizeram de economias e utilidades, alegrias e aquisições pessoais para que me felicitassem na festa de corações que nos enriqueceu de felicidade, 16 criando em nós ligeira amostragem do que será a Terra de Amanhã, quando todos soubermos que somos usufrutuários do Senhor, devolvendo aos nossos irmãos, em dízimos de amor e beneficência, algo do que devemos à Munificência Divina.
17 Muito grato, choro de emoção, sem qualquer sentimentalismo doentio, lembrando os gestos e medidas dos pais queridos e a certeza de cada irmão e de cada irmã, quanto à sobrevivência do filho e do companheiro que não desapareceu.
18 A alegria dessas horas estará conosco para sempre e de cada vez que lhe consultarmos a luz no arquivo de nossas lembranças, ei-la que voltará para nós, abençoando-nos com energias renovadas para seguirmos adiante.
19 Agradeço ainda aos amigos que nos honraram com a sua presença e cooperação, personificando no amigo Alberto n a companhia dos corações que vibraram conosco neste dia de paz e luz.
20 Querido papai David, estou reanimado com o seu nobre esforço, a fim de se reativar para o trabalho intenso no entusiasmo habitual de criar o bem e sinto-me encorajado com as novas atitudes da mãezinha Sonia, aceitando com mais segurança os desígnios que me trouxeram para este Outro Lar em que tantos afetos respiram na faixa de nossos ideais.
21 Quisera doar ao nosso Renato, à nossa Rachel, à nossa Rosana, ao nosso Moises e ao nosso Ricardo, pelo menos parte de minha dívida de amor para com todos eles, no entanto, reconheço-me de mãos vazias, mas sempre de espírito voltado para a Casa do Senhor de onde espero novos recursos com os quais consiga, de algum modo, resgatar os meus compromissos de carinho e gratidão.
22 O vovô Moszek Aron lhes deixa saudações a todos, notificando ao papai David que são inúmeros os amigos que oram na atualidade, solicitando à Intervenção Divina para que os dias de “Yamim Noraim”, n desenhados nas telas do mundo sejam afastados, para que a paz consiga reinar com todos os filhos e filhas de Deus.
23 Mãezinha Sonia, agradeço com a vovó Rachel todo o carinho que acolhemos do amor e da confiança do vovô Chie n de cujo devotamento não me seria possível esquecer.
24 Escrevendo de um mundo para outro, nem sempre dispomos de memória pronta, embora o coração permaneça repleto das legendas e recordações dos que nos amam.
25 Que o vovô, nosso amigo e companheiro, me abençoe e me proteja com a sua nobreza de coração. Espero que meus irmãos sejam reintegrados nas despesas que fizeram por minha causa e quero dizer a todos de meu profundo reconhecimento.
26 Querido papai David e querida mãezinha Sonia, perdoem a minha carta inexpressiva. Ansiava falar-lhes aos corações, no entanto, as palavras não me traduzem os sentimentos. Aguardemos. Por hoje, não consigo escrever mais extensamente.
27 Digam de meus agradecimentos às crianças que sorriram perante o nosso abraço e às vibrações silenciosas de bênçãos com que todos os irmãos adultos se mostram felizes nesta noite. No conjunto, as alegrias todas me pertencem por empréstimo cujo resgate considerarei no tempo hábil. [Após esse parágrafo, Roberto desenhou no papel um círculo nos quais os nomes de Rachel, Renato, Rosana, Moises e Ricardo aparecem circundando-o.]
28 Querida mãezinha Sonia e querido papai David recebam com os nossos queridos todos eles inscritos com ternura igual em minhas lembranças, todo o coração do filho que se orgulha de haver nascido na família querida que representa o ninho constante de amor e paz, confiança e alegria.
29 Do filho e irmão sempre grato,
Roberto n
Roberto Muszkat
Roberto Muszkat
Roberto Muszkat
Roberto Muszkat
14 de novembro de 1981.
NOTAS
1) Lechá Dodi — É a canção tradicional de sexta-feira à noite na Sinagoga, quando recebemos simbolicamente: “A Noiva do Shabat”.
2) Lea — Tia do avô materno, já desencarnada.
David Lansk — faleceu em Belo Horizonte e sua esposa estava presente à reunião.
3) Festas de Pessach e de Sucòt — São duas festas entre as três da peregrinação. (Ver notas de rodapé da mensagem 4)
4) Shalom Aleichem — Literalmente “Paz” sobre vocês. Hino que cantamos sexta-feira à noite.
5) Amigos da família presentes, personificados pelo Alberto, Alberto Ikaez.
6) Yamim Noraim — Os dias considerados graves. São os dias de Rosh-Hashana (ano novo) e Yon-Kipur (dia do julgamento).
7) Chie Golcman, avô materno.
8) D. Sonia nos lembra que este modo de assinar, repetindo o nome, era hábito do filho.
David Muszkat