O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Quem são — Familiares diversos


11 n

“Eu estarei contigo sempre”

1 Mãezinha Marlene, esta é uma noite inesquecível. Estamos mais juntas, enquanto peço a sua bondade me proteja e abençoe.

2 Como sempre, elevo aos céus a minha súplica de alegria e tranquilidade para o seu coração querido.

3 A vovó Abel me trouxe para falar-lhe de nossa gratidão. Muito grata somos à sua compreensão e ao seu devotamento, quando me atende e me auxilia nas crianças e em nossos irmãos necessitados na Sociedade Mont’Alverne, em Porto Alegre.

4 Mãezinha, a saudade doeu tanto, mas as suas mãos me ensinaram que o trabalho na seara do Bem não nos pode deixar na neblina do desânimo. Levantei-me do abatimento em que me vi projetada e os Mentores da Espiritualidade me permitiram receber o acolhimento da vovó Abel que me ofereceu novos recursos de aprendizado.

5 Continue amparando os companheiros cansados do caminho terrestre. Existem tantos que se ajoelham ou se deitam atormentados pelo sofrimento e encontramos tão poucos a fazerem tempo de apoio fraternal.

6 O Dr. Pedro Rosa, o Dr. Paulo e o Dr. Abrahão são médicos humanitários cuja abnegação em favor dos que sofrem a morte do corpo não conseguiu atenuar; pelo contrário, são hoje mais ativos e mais eficientes, porque a Sabedoria Divina enriquece de luz aquelas inteligências que lhe oferecem o coração nas campanhas de socorro aos últimos nas filas da doença e da provação. Regozijo-me por estarmos quase que constantemente unidas para o trabalho.

7 Quanto ao papai… compreendemos nós duas que ele é um companheiro a quem devemos muito amor. Fico satisfeita por vê-la sempre amiga na confraternização com ele.

8 É verdade, mãezinha, que o papai se colocou num segundo lar, mas isso não lhe mudou o coração. Creio que ele ficou desejando a companhia de nova filhinha e tem agora as duas que o entretêm, incutindo-lhe o ânimo necessário para a vida.

9 Sei que o seu tratamento se fez mais fraterno sempre que ele vai à nossa procura e compreendo que a sua formação alterou o rumo de seu relacionamento com ele. Você o acolhe por um irmão de jornada e isso me conforta muito.

10 Mas peço-lhe mais, se ele apresentar as irmãzinhas ao seu coração, receba-as, mamãe, como sendo eu mesma, de volta aos seus braços. Suas mãos que afagam tantas crianças necessitadas e enfermas, saberão acariciá-las, pensando que todos somos filhos do mesmo Pai.

11 Mãezinha Marlene, perdoe-me se lhe peço isso. Não é desconsideração. É porque sinto o papai por vezes entristecido e desalentado e entendo que ele precisa viver.

12 Imagine-me sempre em sua companhia e isso não é somente suposição. Eu estarei contigo sempre. Agora, devo encerrar esta carta.

13 A vovó Abel lhe beija a fronte e eu, sua filhinha sempre agradecida, lhe beijo o coração.

14 Todo o carinho e gratidão da sua

Maria Cristina


TODOS SOMOS FILHOS DO MESMO PAI


Tendo iniciado este livro com expressiva mensagem de um jovem que penetrou os umbrais da morte, na capital do Amazonas, resolvemos concluí-lo com um poema de ternura que nos vem do Espírito de uma adolescente, desencarnada na capital do Rio Grande do Sul, graças à gentileza do amigo Professor Jason de Camargo, Técnico em Criminalística e autor de excelentes livros de Química.

Da posse de todos os dados sobre a autora espiritual do capítulo anterior — “Eu Estou Contigo Sempre” —, com os nossos agradecimentos ao distinto confrade gaúcho, passemos, por itens, ao estudo da mensagem de Maria Cristina, recebida pelo médium Xavier, ao final da reunião pública no Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, a 11 de julho de 1980.

1 — Ficha informativa:

I — Dados informativos do parente — 1. Nome: Marlene Terezinha Salgado Vieira; 2. Residência: Rua Dr. Sebastião Leão, 321, apto. 603, Porto Alegre,RS, Fone: 216-731; 3. Grau de parentesco com o Espírito: Mãe; 4. Já conhecia Chico Xavier, pessoalmente? — Sim, pois lá estive sete vezes; 5. Como se deu o encontro com Chico Xavier? — Cf. dados abaixo; 6. O Chico já conhecia pormenores da família? — Não; 7. Quais os fatos identificativos do Espírito: a) nomes e relação de parentesco ou amizade; b) outros fatos: Cf. dados abaixo; 8. A mensagem já foi divulgada? — Sim. Por quem? Pela família (não por livro); 9. Autorizaria sua divulgação? — Sim; 10. Possui grafismos do Espírito quando encarnado (para comparação)? — Sim; 11.Outras considerações: Religião: Espírita.

II — Dados do Espírito (quando encarnado) — 1. Nome quando encarnado: Maria Cristina Salgado Vieira; 2. Data de nascimento: 1º de novembro de 1961; data da desencarnação: 7 de junho de 1977; 3. Data da Mensagem: 11 de julho de 1980; desencarnou com: 15 anos e meio; 4. Quanto tempo da desencarnação até a comunicação mediúnica? — 3 anos e 33 dias; 5. Grau de escolaridade: Era excepcional, mas sabia ler e escrever; 6. Doenças? — Sarampo, escarlatina; 7. Como desencarnou? Com leucemia; 8. Considerações gerais: Cf. dados abaixo. — Porto Alegre, RS, 23 de outubro de 1980. (a) Marlene Vieira.

2 — Elementos comprobatórios existentes na Mensagem:

a) Vovó Abel: Trata-se de D. Maria Abel, bisavó materna, desencarnada a 5 de outubro de 1947;

b) “muito grata somos à sua compreensão e ao seu devotamento, quando me atende e me auxilia nas crianças e em nossos irmãos necessitados na Sociedade Mont’Alverne, em Porto Alegre.” — Maria Cristina se refere aos trabalhos de auxílio espiritual que a Sociedade Espírita Francisco de Mont’Alverne (Rua Dr. Dias da Cruz, 196, Porto Alegre, RS) realiza aos domingos, em benefício das crianças, e às sextas-feiras, em benefício dos adultos, e onde D. Marlene Terezinha é colaboradora há muitos anos;

c) “Levantei-me do abatimento em que me vi projetada e os Mentores da Espiritualidade me permitiram receber o acolhimento da vovó Abel que me ofereceu novos recursos de aprendizado.” — Registro de que com a interferência de Benfeitores Espirituais de planos mais altos, Maria Cristina foi amparada pela vovó Abel, de quem passou a receber ajuda mais direta e adequada orientação, tudo a demonstrar-nos o quanto é infinita a Misericórdia de Deus;

d) “O Dr. Pedro Rosa, o Dr. Paulo e o Dr. Abrahão são médicos humanitários…” — Dr. Pedro Rosa, Dr. Paulo e Dr. Abrahão são benfeitores espirituais integrantes da equipe espiritual que ampara a Sociedade Espírita Francisco de Mont’Alverne. O Dr. Pedro Rosa era dedicado médico do Hospital Espírita de Porto Alegre, desencarnado a 18 de outubro de 1956;

e) “Quanto ao papai… compreendemos nós duas que ele é um companheiro a quem devemos muito amor.” — De um documento em manuscrito — “Esclarecimentos do Pai” —, destaquemos apenas alguns tópicos do genitor de Maria Cristina, sobre a filha e a mensagem psicografada pelo médium Chico Xavier: “Fazer um julgamento de ser um bom pai ou ruim pai, cabe somente ao filho. Somente ele diz a verdade de como era seu pai. A tranquilidade que vivo até a data presente, é de que o julgamento dado por minha filha Cristina, em sua mensagem, diz tudo e com muito orgulho um pai recebe palavras de carinho e de amor. Que dizer de uma filha que durante toda a sua existência, sempre foi só dada ao amor e ao carinho? Hoje, relembro que além de ser uma filha, Maria Cristina era uma companheira…”


3 — Trechos de depoimentos prestados pelos familiares de Maria Cristina:

a) Depois de afirmar que em três anos e meio fora a Uberaba nada menos que sete vezes e que da última vez desejava saber apenas se o trabalho que vinha desenvolvendo com o Espírito da filha estava correndo bem, tendo a grata satisfação de à noite receber a mensagem consoladora, informa D. Marlene, mãezinha de Cristina: “Certa vez, fui chamada pela professora, e ela disse-me que havia posto minha filha de castigo, porque ela não quis se defender de outro coleguinha que havia batido nela. Disse-me a professora que lá ensinavam uns a se defenderem dos outros, porque alguns colegas eram um pouco agressivos. Como era dócil e meiga, e não gostava de ver ninguém apanhando de outra pessoa, minha filha preferiu ir para o castigo, o qual parece-me que era não ir ao recreio.”

b) “Aos 4 anos de idade, Maria Cristina ingressou no Instituto Educacional Nazareth, ao qual se adaptou instantaneamente, fazendo muitas amizades e sendo elogiada por todos. Nesse estabelecimento, teve um grande aproveitamento, lá permanecendo até a desencarnação. Tinha um bom relacionamento com os amigos e parentes, muito afetiva, amável, dócil e principalmente alegre, considerando-se feliz. Gostava muito de flores, festas, fazer versos, presentear amigos (cartões com versos de sua autoria), música (jovem) e de Televisão, sendo Roberto Carlos, Roberto Leal, e Ronnie Von os seus cantores preferidos. Não gostava de mentir, nem de contrariar ninguém, procurava apaziguar brigas, discussões, não gostando de ver ninguém triste. Indagava sempre porque era procurada pelos colegas com problemas mais graves e porque todos acatavam-lhe as palavras de conselheira.” (André Luiz, primo).

c) Após sumariar o curso da grave enfermidade — leucemia aguda — de que fora cometida Maria Cristina, de dezembro de 1976 a maio de 1977, assim se expressou D. Jecy Salgado, avó materna, sobre “um fato que nos marcou”: “Com a sugestão da professora para que fosse feita uma reunião dançante mensal em suas residências, Maria Cristina sugeriu ser a primeira a realizar, como prevendo que não estaria presente nas demais. Chegando em casa, pediu para organizar uma festinha no próximo sábado, 30 de abril de 1977, para reunir seus coleguinhas e amiguinhos. Foi com muita alegria que dançando e cantando envolveu a todos, com aquele jeitinho todo especial que só ela sabia transmitir.”

d) “Embora todos da família tivessem conhecimento, desde o seu nascimento, das deficiências de que Maria Cristina era portadora, na convivência diária pouco se era possível perceber. Suas atitudes quase em nada eram diferentes das demais crianças da sua idade. Estava sempre alegre, e a meiguice era o seu forte. Quando algo a chocava, tornava-se sentimental, procurando junto aos seus aquele carinho que a tranquilizava. Seu desenvolvimento era notório, podendo ser observado a cada dia que passava. Destacou-se na escola por sua inteligência, talvez até provocando inveja dos pais das demais coleguinhas. Ela era meiga, muito carinhosa, sentimental e também muito divertida em certas horas. (…) Quando faleceu, foi um drama para todos nós, deixando uma eterna saudade que nos acompanhará até o fim de nossa jornada.” (Marco Aurélio Salgado, tio).

e) “Sobre Maria Cristina podemos dizer com que saudade que fomos privilegiados em termos tido tão de perto o convívio com seus olhinhos meigos, suas palavrinhas dóceis, seus carinhos amáveis, enfim, sua presença angelical, sim angelical porque tínhamos a impressão de estarmos sentindo junto dela a presença de um ser diferente, hoje saudosa e inesquecível. Sua passagem por aqui, embora muito curta, para nós que a conhecemos, deixou muito amor. Era muito divertida, alegre, e apresentava semblante de muita felicidade e irradiava bondade, tendo sempre uma palavra de carinho para cada um de nós.” (Vanius Lirant Teixeira, primo da avó materna).

f) “Numa ocasião dos seus 15 anos, quando ela apanhou o presente do pai, eu que era menor, fiquei louca quando vi aquele órgão elétrico, e ela logo percebeu e disse: Patrícia, o que é meu é teu. E nunca me esqueço disso. Maria Cristina é comparável a uma flor rara e de pouca duração, a qual a gente gostaria de ter para sempre em nossas vidas.” (Patrícia Salgado, prima).

g) “A Tininha sabia cativar aqueles que a rodeavam, era meiga, carinhosa e delicada. Para cada um de nós, tinha ela um jeitinho todo especial de nos receber, a mim especialmente que ela dizia “meu padrinho querido”, e para minha filha (Patrícia) ela, às vezes, dizia “minha negrinha querida”. Por isso, acredito que hoje podemos tirar de seu breve convívio entre nós um grande ensinamento: ela soube viver a sua vidinha, em todos os momentos.” (Sérgio Roberto Salgado, tio).


A fim de que possamos continuar agradecendo a Deus, nosso Pai, e a Jesus, nosso Divino Mestre, pela bênção do Espiritismo em nossas vidas, facultando-nos o intercâmbio com o Mundo Espiritual, através dos canais medianímicos, de onde promana para todos nós o bálsamo do consolo e o refrigério da esperança, transcrevamos, apesar da extensão do presente capítulo, um bilhete do amorável Espírito do Dr. Bezerra de Menezes, cujo Sesquicentenário de Nascimento praticamente toda a América Latina Espírita comemorou em 1981, dirigido à D. Marlene Vieira, numa de suas visitas ao Grupo Espírita da Prece.

Antes, porém, pedimos vênia ao leitor para sugerir-lhe a consulta aos seguintes autores que se referem, com muita propriedade, ao assunto da chamada excepcionalidade: Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, ( † ) questões de n.os 371 a 378 e 847 ( † ) ; Revista Espírita 1860 (Tradução de Júlio Abreu Filho, Edicel, São Paulo, 1965, págs. 93-95 ( † ) e 181-183 ( † ) ); O Céu e o Inferno, Cap. VIII, 2ª Parte ( † ) ; Iva Folino Proença, Posso ajudar você?… minha experiência com meu filho excepcional (À pág. 11 de sua obra-prima de apenas 91 páginas, eis o que diz a Autora: “Essa minha avó foi meu primeiro modelo de coragem, perseverança, fé, e, sobretudo, espírito de luta. Muitas vezes eu me surpreendo repetindo atitudes suas. Chego a ter a sensação de que o espírito de minha avó vive, e vive muito próximo de mim.”) (T. Queiroz, Editor, Ltda., São Paulo; 1981); Henriqueta Lisboa, “O Excepcional” (in Miradouro e Outros Poemas, Editora Nova Aguilar, Rio de Janeiro, 1976, págs. 61-62).


Eis o bilhete do Dr. Bezerra de Menezes:

“Filha, Jesus nos abençoe.

A nossa irmã da Seara do Bem, Maria Abel, está presente e deixa-lhe um abraço extensivo à irmã Gessy, comunicando que a sua filhinha Maria Cristina vem trabalhando, espiritualmente, em seu favor e em auxílio dos familiares queridos, e quanto possível, vem transmitindo suas páginas de reconforto e de amor, por seu intermédio e através do ambiente espiritual de nossas tarefas.

Confiemos no amparo de Jesus, hoje e sempre.

Bezerra.”


Elias Barbosa


Texto extraído da 7ª edição desse livro.

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