(Sessão de 10
de fevereiro de 1860.)
1. (A São Luís) Podemos entrar em comunicação com o Espírito da Srta. Indermuhle?
Resposta. – Podeis.
2. Evocação.
Resposta. – Eis-me aqui, e o afirmo em nome de Deus.
3. (A São Luís) Podereis dizer-nos se o Espírito que responde é realmente o da Srta. Indermuhle?
Resposta. – Posso afirmar e vo-lo afirmo. Estais mais adiantados e credes que, se fosse um outro que respondesse em seu lugar, isto seria embaraçoso? A afirmação vos prova que ela está aqui. Compete a vós garantir uma boa comunicação, pela natureza e o móvel de vossas perguntas.
ª Sabeis exatamente onde estais neste momento? n
Resposta. – Perfeitamente. Pensais que eu não tenha sido instruída sobre isso?
4. Como podeis responder aqui, se vosso corpo está na Suíça?
Resposta. – Porque não é meu corpo que responde. Aliás, como bem o sabeis, ele é absolutamente incapaz de o fazer.
5. Que faz vosso corpo neste momento?
Resposta. – Cochila.
6. Está com saúde?
Resposta. – Excelente.
Observação. – O irmão da Srta. Indermuhle, que se achava
presente, confirma que realmente ela goza de boa saúde.
7. Quanto tempo levastes para vir da Suíça até aqui?
Resposta. – Um tempo inapreciável para vós.
8. Vistes o caminho que percorrestes?
Resposta. – Não.
9. Estais surpresa de vos achar nesta reunião?
Resposta. – Minha primeira resposta vos prova que não.
10. Que aconteceria se vosso corpo despertasse, enquanto nos falais aqui?
Resposta. – Eu lá estaria.
11. Existe um laço qualquer entre o vosso Espírito, aqui presente, e o corpo, que se encontra na Suíça?
Resposta. – Sim; não fora assim, quem me advertiria de que devo voltar a ele?
12. Vede-nos bem distintamente?
Resposta. – Sim, perfeitamente.
13. Compreendeis que possais ver-nos, mas que não vos vejamos?
Resposta. – Mas, sem dúvida.
14. Ouvis o ruído que faço neste momento, batendo?
Resposta. – Aqui não sou surda.
15. Como percebeis, visto que, por comparação, não tendes a lembrança do ruído em estado de vigília?
Resposta. – Eu não nasci ontem.
Observação. – A lembrança
da sensação do ruído lhe vem das existências em que ela não era surda.
Esta resposta é perfeitamente lógica.
16. Escutaríeis música com prazer?
Resposta. – Com tanto mais prazer quanto há muito tempo isto não me acontece. Cantai alguma coisa para mim.
17. Lamentamos não poder fazê-lo agora, e que aqui não haja um instrumento para vos proporcionar este prazer. Mas nos parece que vosso Espírito, desprendendo-se todos os dias durante o sono, deve transportar-se a lugares onde podeis ouvir música.
Resposta. – Isto me acontece muito raramente.
18. Como podeis responder-nos em francês, já que sois alemã e não conheceis a nossa língua?
Resposta. – O pensamento não tem língua; eu o comunico ao guia do médium, que o traduz na língua que lhe é familiar.
19. Qual é esse guia de que falais?
Resposta. – Seu Espírito familiar. É sempre assim que recebeis comunicações de Espíritos estrangeiros, e é desse modo que os Espíritos falam todas as línguas.
Observação. – Desta maneira,
muitas vezes as respostas não nos chegariam senão de terceira mão. O
Espírito interrogado transmite o pensamento ao Espírito familiar, este
ao médium e o médium o traduz, seja pela escrita, seja pela palavra.
Ora, podendo o médium ser assistido por Espíritos mais ou menos bons,
isto explica como, em muitas outras circunstâncias, o pensamento do
Espírito interrogado pode ser alterado. Assim, no começo, São Luís disse
que a presença do Espírito evocado nem sempre é suficiente para assegurar
a integridade das respostas. Cabe a nós apreciá-las e julgar se são
lógicas e se estão em relação com a natureza do Espírito. Aliás, segundo
a Srta. Indermuhle, esta tríplice fieira não ocorreria senão com os
Espíritos estrangeiros.
20. Qual a causa da enfermidade que vos afetou?
Resposta. – Uma causa voluntária.
21. Por que singularidade todos os vossos irmãos e irmãs, em número de seis, foram acometidos pela mesma enfermidade?
Resposta. – Pelas mesmas causas que eu.
22. Assim, foi voluntariamente que todos escolhestes esta prova; pensamos que esta reunião na mesma família deve ter ocorrido como uma prova para os pais. É uma boa razão?
Resposta. – Ela se aproxima da verdade.
23. Vedes aqui vosso irmão?
Resposta. – Que pergunta!
24. Estais contente de vê-lo?
Resposta. – Mesma resposta.
Observação. – Sabe-se que os Espíritos não gostam
de repetir. Nossa linguagem é tão lenta para eles que evitam tudo quanto
lhes parece inútil. Eis um ponto que caracteriza os Espíritos sérios;
os levianos, zombadores, obsessores e pseudo-sábios geralmente são faladores
e prolixos. Como os homens a quem falta base, falam para nada dizer;
as palavras substituem os pensamentos e eles julgam impor-se pelas frases
redundantes e um estilo pedante.
25. Gostaríeis de dizer-lhe alguma coisa?
Resposta. – Peço-lhe que receba a expressão dos meus sinceros agradecimentos, pelo bom pensamento que teve de chamar-me aqui, onde felizmente me acho em contato com bons Espíritos, embora veja alguns que não valem muito. Ganhei em instrução e não esquecerei o que lhe devo.
[1] N. do T.: Repetido o nº 3 tal como se encontra no original.