1 Vi a morte rondando longa estrada…
Na destra em luz mostrava fina guante
E no olhar doloroso e coruscante
Trazia o espanto da alma torturada…
2 Vendo-a lúgubre e só, de mim diante,
Perguntei-lhe: — “Que fazes, desvairada?
Por que semeias cinza, angústia e nada
Sob os passos da vida soluçante?”
3 Contudo, erguendo a voz sinistra e bela,
Respondeu: — “Não me acuses! Sou aquela
Renovadora mão que tudo invade!
4 “Sem minha férrea luva merencória
Ninguém atingiria a própria glória
Nos palácios de sol da Eternidade!” n
Antero de Quental
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