1 A humildade é o ingrediente indefinível e oculto sem o qual o pão da vida amarga invariavelmente na boca.
2 Amealharás recursos amoedados a mancheias, entretanto, se te não dispões a usá-los, edificando o conforto e a alegria dos outros, na convicção de que todos os bens pertencem a Deus, em breve converter-te-ás em prisioneiro do ouro que amontoaste, erguido, assim, à feição de teu próprio cárcere.
3 Receberás precioso mandato de autoridade entre as criaturas terrestres, no entanto, se não procuras a inspiração do Senhor para distribuir os talentos da justa fraternidade, como quem está convencido de que todo o poder é de Deus, transformar-te-ás, pouco a pouco, no empreiteiro inconsciente do crime, por favoreceres a própria ilusão, buscando o incenso a ti mesmo na prática da injustiça.
4 Erguerás teu nome no pedestal da cultura, contudo, se te não inclinas à Sabedoria da Eternidade, acendendo a luz em benefício de todos, como quem não ignora que toda inteligência é de Deus, depressa te rojas ao chavascal da mentira, angariando em teu prejuízo a embriaguez da vaidade e a introdução à loucura.
5 Lembra-te de que a Bondade Celeste colocou a humildade por base de todo o equilíbrio da Natureza.
6 O sábio que honra a ciência ou o direito não prescinde da semente que lhe garante a bênção da mesa.
7 O campo mais belo não dispensa o fio d’água que lhe fecunda o seio em dádivas de verdura.
8 E o próprio sol, com toda a pompa de seu magnificente esplendor, embora fulcro de criação, converteria o mundo em pavoroso deserto, não fosse a chuva singela que lhe ambienta no solo a força divina.
9 Não desdenhes, pois, servir, aprendendo com o Mestre Sublime, que realizou o seu apostolado de amor entre a manjedoura desconhecida e a cruz da flagelação, e serás contado entre aqueles para os quais ele mesmo pronunciou as inesquecíveis palavras:
“Bem-aventurados os humildes de espírito, porque a eles mais facilmente se descerrarão as portas do Céu”. ( † )
Emmanuel
[1] O título entre parênteses é o mesmo da mensagem original publicada em 1981 pela Editora O Clarim, e é a 5ª lição do livro Intervalos. — Esse capítulo foi restaurado: Texto do livro impresso.