O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Pai nosso — Meimei


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Não nos deixes cair em tentação

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1. A Bondade Infinita de Deus não permitirá que venhamos a cair sob as tentações, mas, para isso, é necessário que nos esforcemos, colaborando, de algum modo, com o auxílio incessante de Nosso Pai.

Há leis organizadas para benefício de todos, mas, se não as respeitarmos, como poderemos contar com a proteção delas, em nosso favor?

Sabemos que o fogo destrói. Por isso mesmo, não devemos abusar dele.

Não podemos rogar o socorro divino para a imprudência que se repete todos os dias.

Se um homem estima a preguiça, não atrairá as bênçãos que ajudam aos cultivadores do trabalho.

Se uma pessoa vive atirando espinhos à face dos outros, como esperará sorrisos na face alheia?

É indiscutível que a Providência Divina nos ajudará constantemente, livrando-nos do mal; entretanto, espera encontrar em nós os valores da boa vontade.

Não ignoramos que o Pai Celestial está sempre conosco, mas, muitas vezes; somos nós que nos afastamos do Nosso Criador.

Para que não venhamos a sucumbir sob os golpes das tentações, é indispensável saibamos procurar o bem, cultivando-o sem cessar.

Não há colheita sem plantação.

Certamente, devemos esperar que Deus nos conceda o “muito” de seu amor, mas não olvidemos que é preciso dar “alguma coisa” do nosso esforço.




2. O problema da tentação

O educador, em aula, tentava explicar aos meninos que o móvel das tentações reside em nós mesmos; contudo, como os aprendizes mostravam muita dificuldade para compreender, ele se fez acompanhar pelos alunos até ao grande pátio do colégio.

Aí chegando, mandou trazer uma bela espiga de milho e perguntou aos rapazes:

— Qual de vocês desejaria devorar esta espiga tal como está?

Os jovens sorriram, zombeteiramente, e um deles exclamou:

— Ora vejam!… Quem se animaria a comer milho cru?

O professor então mandou vir à presença deles um dos cavalos que serviam à escola, instalou alguns obstáculos à frente do animal e colocou a espiga ao dispor dele, sobre pequena mesa.

O grande equino saltou, lépido, os impedimentos e avançou, guloso, para o bocado.

O professor benevolente e amigo esclareceu, então, bondosamente, ante os alunos surpreendidos:

— A tentação nos procura, segundo os sentimentos que trazemos no campo íntimo. Quando cedemos a alguma fascinação indigna, é que a nossa vontade permanece fraca, diante dos nossos desejos inferiores. As forças que nos tentam correspondem aos nossos próprios impulsos. Não podemos imaginar ou querer aquilo que desconhecemos. Por esse motivo, necessitamos vigiar o cérebro e o coração, a fim de selecionarmos as sugestões que nos visitam o pensamento.

E, terminando, afirmou:

— As situações boas ou más, fora de nós, são iguais aos propósitos bons ou maus que trazemos conosco.




3. A necessidade da educação

No tempo em que não existia a locomoção fácil na Terra, um grande rei simpatizou com fogoso cavalo de cores claras, da criação de sua casa; mas, ao desejá-lo para os serviços do palácio, foi assim informado pelo chefe das cavalariças:

— Majestade, este animal é vítima de muitas tentações. Basta que se movimente, de leve, para assustar-se e ocasionar desastres. Uma simples folha seca na estrada é razão para inúmeros coices.

O rei ouviu, atencioso, e afirmou que remediaria a situação.

No dia seguinte, mandou atrelá-lo a enorme carroça de limpeza, onde o cavalo se viu tão preso que não pôde fazer outros movimentos, além dos necessários.

Depois de algumas semanas, o monarca determinou fizesse ele o duro serviço dos burros, transportando cargas pesadíssimas.

A princípio, o animal se rebelava, escouceando o ar e relinchando fortemente; entretanto, foi tantas vezes visitado pelos gritos e pelos chicotes dos peões e tantos fardos suportou que, ao fim de algum tempo, era um modelo de mansidão e brandura, sendo colocado no serviço real, com grande contentamento para o soberano.

Assim acontece conosco, na vida.

Destinados ao trabalho da Vontade de Deus, se vivemos entregues às tentações do mal, desobedientes e egoístas, determina o Senhor que sejamos confiados à luta e à provação, à dificuldade e ao sofrimento, os quais, pouco a pouco, nos ensinam a humildade e o respeito, a diligência e a doçura.

Depois de passarmos pelos variados processos de educação indispensável ao nosso burilamento, seremos então aproveitados, com êxito e segurança, nos serviços gerais da Bondade de Deus, junto de nossos irmãos.




4. A tentação do repouso

Num campo de lavoura, grande quantidade de vermes desejava destruir um velho arado de madeira, muito trabalhador, que lhes perturbava os planos e, em razão disso, certa ocasião se reuniram ao redor dele e começaram a dizer:

— Por que não cuidas de ti? Estás doente e cansado…

— Afinal, todos nós precisamos de algum repouso…

— Liberta-te do jugo terrível do lavrador!

— Pobre máquina! A quantos martírios te submetes!…

O arado escutou… escutou… e acabou acreditando.

Ele, que era tão corajoso e nem sentia o mais leve incômodo nas mais duras obrigações, começou a queixar-se do frio da chuva, do calor do Sol, da aspereza das pedras e da umidade do chão.

Tanto clamou e chorou, implorando descanso, que o antigo companheiro concedeu-lhe alguns dias de folga, a um canto do milharal.

Quando os vermes o viram parado, aproximaram-se em massa, atacando-o sem compaixão.

Em poucos dias, apodreceram-no, crivando-o de manchas, de feridas e de buracos.

O arado gemia e suspirava pelo socorro do lavrador, sonhando com o regresso às tarefas alegres e iluminadas do campo…

Mas, era tarde.

Quando o prestimoso amigo voltou para utilizá-lo, era simplesmente um traste inútil.

A história do arado é um aviso para nós todos.

A tentação do repouso é das mais perigosas, porque, depois da ignorância, a preguiça é a fonte escura de todos os males.

Jamais olvidemos que o trabalho é o dom divino que Deus nos confiou para a defesa de nossa alegria e para a conservação de nossa própria saúde.




5. A bênção do trabalho

É pela bênção do trabalho que podemos esquecer os pensamentos que nos perturbam, olvidar os assuntos amargos, servindo ao próximo, no enriquecimento de nós mesmos.

Com o trabalho, melhoramos nossa casa e engrandecemos o trecho de terra onde a Providência Divina nos situou.

Ocupando a mente, o coração e os braços nas tarefas do bem, exemplificamos a verdadeira fraternidade, e adquirimos o tesouro da simpatia, com o qual angariaremos o respeito e a cooperação dos outros.

Quem não sabe ser útil não corresponde à Bondade do Céu, não atende aos seus justos deveres para com a Humanidade nem retribui a dignidade da pátria amorosa que lhe serve de Mãe.

O trabalho é uma instituição de Deus.




6. Senda de perfeição


  Quem move as mãos no serviço,

  Foge à treva e à tentação.

  Trabalho de cada dia

  É senda de perfeição.


Meimei


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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