1 Quintão, eu sei da saudade
Que te aperta o coração,
Dos nossos dias passados,
Que tão distantes se vão.
2 Vassouras!… belas paisagens
Cheias de vida e de cor,
Um céu azul e estrelado
Cobrindo uns ninhos de amor.
3 Árvores fartas e verdes
Pela alfombra dos caminhos,
A ermida branca e suave
De ternos, doces carinhos.
4 O nosso amigo Moreira
E a sua barbearia,
Onde uma vez me encontraste
Na minha noite sombria.
5 Detalhes cariciosos
Da vida singela e calma,
Vida de encantos divinos
Que eu via com os olhos d’alma.
6 Meus pobres versos — “Singelos”,
“Aves implumes” da dor,
Que traduziam no mundo
O meu pungente amargor.
7 A minha pobre Carlota,
A companheira querida,
O raio de claridade
Da noite da minha vida.
8 Os artigos do Bezerra
De outros tempos, no “O País”,
O mestre da Velha Guarda,
Unida, forte e feliz.
9 A tua doce amizade
À luz do Consolador,
Teu coração generoso
De amigo, irmão e mentor.
10 Ah! Quintão, hoje os meus olhos
Embebedam-se de luz,
Pelas estradas sublimes
Da santa paz de Jesus!
11 Mas não sei onde a saudade
É mais forte nos seus véus,
Se pelas sombras da Terra,
Se pelas luzes dos Céus.
Casimiro Cunha
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