1 De cousas desagradáveis
Você nos pede, Gaspar,
Mencionar todas aquelas
Que devemos evitar.
2 Cousas de risco são muitas,
Por atacado e a granel,
Por nomes não caberiam
Nesta folha de papel.
3 Mas destacamos algumas
Que são de efeito fatal,
Arrojando-nos a vida
Na antiga rede do mal.
4 Deus nos livre, onde estiver,
De mulher alcoviteira,
De homem parlapatão,
De conversinhas de feira.
5 De vento pela janela,
De garoa que aconteça,
De mandraca n encomendada
Que lhe fique na cabeça.
6 De bailes muito assanhados
Com muita mulher bonita,
De mocinha despachada
Toda enfeitada de fita.
7 Na rua, seja onde for,
Não escute o palavrão,
Trombadinha é sempre o meio
De acolher a obsessão.
8 Fuja aos copinhos da cana,
Que se seguem, um a um,
É por aí que começa
O tropeção do bebum.
9 Na comida não se tome
Do peixe muito guardado,
Do bolo de muitos dias
Para o café requentado.
10 Comer pouco e viver muito,
Isso é lei da Natureza,
Não caia nas ilusões
Do prato e da sobremesa.
11 Não entre em casa dos outros
De onde não possa sair
Em favor, dar com bondade
Vale mais do que pedir.
12 Quanto ao mais em cada caso,
Não se esqueça da oração,
O Céu responde na ideia
Através da inspiração.
Jair Presente
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