I
1 Os mistérios do Além se desvendaram;
Já não é a mansão desconhecida,
Existindo, em verdade, uma outra vida,
Porque os mortos seus túmulos deixaram…
2 Suas vozes serenas se elevaram
Sobre a lousa tristonha e carcomida
E vos dizem que não findou-se a lida
Que na vida terrena começaram…
3 E vos falam assim das suas dores,
Dos seu pranto de fel, todo amargores,
Ou das suas infindas alegrias.
4 Uns vos trazem tesouros de esperanças
Na existência amargosa de provanças
Outros, mágoas tristonhas e sombrias.
II
1 Sendo o Bem o farol onipotente
Que nos guia às paragens mais formosas,
A tornar nossas almas luminosas
Como lírios de luz resplandecente,
2 Assim pois, quem se guiou constantemente,
Pelo Bem nas estradas pedregosas,
Encontrará no Além as lindas rosas
Que plantou sobre a terra humildemente.
3 Esse ser vos trará todos os dias,
Todo um reino de luz e de alegrias,
Reino este — o seu próprio coração;
4 Esse é a voz que vos canta dentro d’alma,
Trazendo-vos a paz, bonança e calma
Nos momentos de dor e de aflição.
III
1 Mas aqueles que o mal somente viram
E buscaram-no assim todas as horas,
Encontraram a noite sem auroras
Quando a Terra deixaram e partiram.
2 Esse é aquele que mágoas vos trazendo,
Só deveis perdoar, esclarecendo
Apontando-lhe a aurora do porvir,
3 Dai-lhe do vosso amor na vossa prece
E dizei-lhe que o mal desaparece
Sob a lei do constante evoluir.
IV
1 Caminhai pois, irmãos, nessas estradas
Que vos são tão estranhas e espinhosas
Como se caminhásseis entre as rosas
Que florescem nas luzes da alvorada.
2 Pois é dessas agruras abençoadas
Que saireis com as almas mais ditosas,
Demandando as paragens majestosas
Onde existe a ventura idealizada.
3 Sede bons porque o bem é a luz potente
Que vos leva ao sublime Onisciente,
Conduzindo-vos sempre em ascensão!…
4 Sede bons nessa vida passageira
E ao buscardes a vida verdadeira
Marchareis firmemente à Perfeição!
João de Deus
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