O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Os mensageiros — André Luiz


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Aprendendo sempre

(Sumário)

1. Segundo informações de Aniceto, faltava mais de uma hora para o início da preleção evangélica, sob a responsabilidade do senhor Bentes, na Esfera dos frequentadores encarnados, mas o movimento de serviço espiritual tornara-se intensíssimo.

2 Reuniam-se ali, para olhos humanos, trinta e cinco individualidades terrestres e, no entanto, em nosso Círculo, o número de necessitados excedia de duas centenas, porquanto, agora, a assembleia estava acrescida de muitas entidades que formavam o séquito perturbador da maioria dos aprendizes ali congregados. 3 Para elas, organizou-se uma divisão especial, que me pareceu constituída por elementos de maior vigilância, visto chegarem, quase obrigatoriamente, acompanhando os que buscavam o socorro espiritual, sem a indicação dos orientadores em serviço nas vias públicas.

4 A movimentação era enorme e o tempo era escasso para qualquer observação, sem movimento ativo. Todos os servidores da casa se mantinham a postos, desenvolvendo a melhor atenção.


2. Reparei que num ângulo da grande mesa havia numerosas indicações de receituário e assistência. Os mais variados nomes ali se enfileiravam. 2 Muitas pessoas pediam conselhos médicos, orientação, assistência e passes. Quatro facultativos espirituais se moviam diligentes, e, secundando-lhes o esforço humanitário, quarenta cooperadores diretos iam e vinham, recolhendo informações e enriquecendo pormenores.

3 Aproximamo-nos do grande número de papéis nominados, e, enquanto curiosamente buscava examiná-los, Aniceto explicou:

— Temos aqui a indicação das pessoas que se afirmam necessitadas de amparo e socorro imediato.

4 — Mas recebem elas tudo quanto pedem? indagou Vicente, curioso.

Nosso mentor sorriu e respondeu:

— Recebem o que precisam. 5 Muitos solicitam a cura do corpo, mas somos forçados a estudar até que ponto lhes podemos ser úteis, no particularismo dos seus desejos; outros reclamam orientações várias, obrigando-nos a equilibrar nossa cooperação, de modo a lhes não tolher a liberdade individual. 6 A existência terrestre é um curso ativo de preparação espiritual e, quase sempre, não faltam na escola os alunos ociosos, que perdem o tempo ao invés de aproveitá-lo para depois perseguirem, na ocasião das provas, os aprendizes de boa vontade, ansiosos pelas realizações mentirosas do menor esforço. Desse modo, no capítulo das orientações, a maior parte dos pedidos são desassisados. 7 A solicitação de terapêutica para a manutenção da saúde física, pelos que de fato se interessem pelo concurso espiritual, é sempre justa; todavia, no que concerne a conselhos para a vida normal, é imprescindível muita cautela de nossa parte, diante das requisições daqueles que se negam voluntariamente aos testemunhos de conduta cristã. 8 O Evangelho está cheio de sagrados roteiros espirituais e o discípulo, pelo menos diante da própria consciência, deve considerar-se obrigado a conhecê-los.

9 O instrutor amigo fez pequena pausa, mudou a inflexão de voz, como para acentuar fortemente as palavras, e considerou:

— Possivelmente, vocês objetarão que toda pergunta exige resposta e todo pedido merece solução; entretanto, nesse caso de esclarecer determinadas solicitações dos companheiros encarnados, devemos recorrer, muitas vezes, ao silêncio. 10 Como recomendar humildade àqueles que a pregam para os outros; como ensinar a paciência aos que a aconselham aos semelhantes, e como indicar o bálsamo do trabalho aos que já sabem condenar a ociosidade alheia? Não seria contrassenso? 11 Ler os regulamentos da vida para os cegos e para os ignorantes é obra meritória, mas, repeti-los aos que já se encontram plenamente informados, não será menosprezo ao valor do tempo? 12 Alma alguma, nas diversas confissões religiosas do Cristianismo, recebe notícias de Jesus, sem razão de ser. Ora, se toda condição de trabalho edificante traduz compromisso da criatura, todo conhecimento do Cristo traduz responsabilidade. Cada aprendiz do Mestre, portanto, está no dever de observar a consciência, conferindo-lhe os alvitres profundos com as disposições evangélicas.

13 Vicente, que escutava com grande interesse, aventou:

— No entanto, ousaria lembrar os que formulam semelhantes pedidos levianamente…

— Sim, — elucidou Aniceto, sorrindo, — mas nós não poderemos copiar-lhes o impulso. 14 Os desencarnados e os encarnados, que ainda abusam das possibilidades do intercâmbio entre as Esferas visíveis e invisíveis ao homem comum, pagarão alto preço pela invigilância.

15 — Neste caso, — perguntei, respeitoso, — como corresponder aos pedidos de orientação?

— Alguns, raros, — esclareceu nosso orientador, — merecem o concurso da nossa elucidação verbal, na hipótese de se referirem aos interesses eternos do Espírito, quando isso nos seja possível; 16 entretanto, quase sempre é indispensável nada responder de maneira direta, auxiliando os interessados na pauta de nossos recursos, em silêncio, mesmo porque, não temos grande tempo para relembrar a irmãos encarnados certas obrigações que lhes não deviam escapar da memória, para felicidade de si mesmos.


3. Calou-se por momentos o bondoso instrutor, obtemperando em seguida, interessado em nos subtrair quaisquer dúvidas:

— Muitas entidades desencarnadas estimam o fornecimento de palpites para as diversas situações e dificuldades terrestres, 2 mas esses pobres amigos estacionam desastradamente em questões subalternas, incapazes de uma visão mais alta, em face dos horizontes infinitos da vida eterna, convertendo-se em meros escravos de mentalidades inferiores, encarnadas na Terra. 3 Esquecem que o nosso interesse imediato, agora, deve ser, acima de todos, aquele que se refira à espiritualidade superior. 4 Nossos irmãos inquietos, que forneçam palpites a preguiçosas mentes encarnadas, sobre assuntos referentes à responsabilidade justa e necessária do homem, devem faze-lo de própria conta.

5 — Que acontece, então? — Perguntou Vicente, curioso.

Nosso mentor, contudo, respondeu com outra pergunta:

— Que acontece ao homem de responsabilidade que se põe a brincar?

6 Nesse instante, um dos clínicos espirituais, aproximando-se, foi gentilmente saudado por Aniceto, que lhe disse, depois de apresentar-nos:

— Disponha da nossa colaboração humilde. Aqui estamos na qualidade de médicos itinerantes, prontos ao concurso ativo.

7 — Vêm de “Nosso Lar”? — indagou o novo companheiro, respeitosamente.

— Sim, — respondeu Aniceto, prestativo.

— Pois bem, — considerou ele, — se possível, estimarei receber-lhes o auxílio, após a reunião, para dois casos urgentes. Trata-se de uma jovem desencarnada hoje e de um agonizante, meu amigo.

— Sem dúvida, — acentuou nosso orientador, solícito, — aguardaremos suas indicações.


André Luiz



[Os capítulos do n.º 43 ao 48, dizem respeito às observações e estudos efetuados por André Luiz em uma reunião de trabalhos espirituais na  residência de Dona Isabel.]


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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