O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Os mensageiros — André Luiz


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Efeitos da oração

(Sumário)

1. As luzes da prece inundaram o vasto recinto. Palpitava em tudo, agora, uma claridade serena, doce, irradiante, muito diversa da luminosidade artificial. 2 Os flocos radiosos que partiam de nós multiplicavam-se no ar, como se obedecessem a misterioso processo de segmentação, e caíam sempre sobre os corpos inanimados e enrijecidos, dando a impressão de lhes penetrarem as células mais íntimas.

3 Eu estava boquiaberto. Não me fora permitido contemplar fenômenos dessa natureza em “Nosso Lar”. Aliás, concluía, ainda não recebera auxílio magnético às percepções, senão poucas horas antes da viagem.

4 A claridade crescia e estendia-se em espetáculo prodigioso.

Agora, porém, abandonáramos a atitude de recolhimento destinada à concentração de nossas próprias forças e emissão de energias vibratórias. Nossos corpos, todavia, continuavam envolvidos em vasto círculo irradiante.  5 Prosseguindo, porém, o grande silêncio, notei que a luz da oração se fazia mais clara, mais penetrante. Comecei a ver, como no caso de Ana, que todos aqueles esqueletos misérrimos apresentavam núcleos de sombra, além das máscaras mortuárias, núcleos que se mostravam dentro de formas variadíssimas.

6 As bolhas luminosas caíam incessantemente, mas agora, como se fossem dirigidas por uma vontade inteligente, concentravam-se quase todas sobre as frontes imóveis. Então, pude observar o inaudito e inconcebível para mim.

7 As múmias, porque não posso dar outro nome aos irmãos que dormem, começaram a dar sinais de vida. Alguns daqueles infelizes deixavam escapar gemidos angustiosos, outros falavam em voz alta, dando conta dos pesadelos que os atormentavam, como sonâmbulos prestes a despertar. Muitos moviam os pés e as mãos, como a se esforçarem por fugir ao sono doloroso.

8 Eminentemente surpreendido, reparei que dois se levantaram, distante de nós. Recordei que ambos faziam parte daqueles que haviam recebido toda espécie de assistência, inclusive o sopro curativo. Olharam-nos de longe, como loucos que acordassem de súbito, e dispararam a correr, espavoridos, não obstante a impressão de cadáveres ambulantes, que nos causavam.

9 Admirado, verifiquei que ninguém esboçou a menor disposição de segui-los. E quando me propunha, instintivamente, a faze-lo, Alfredo deteve-me, exclamando:

— Não se preocupe. Eles seriam amargamente surpreendidos, se fossem notificados agora de sua permanência longa entre verdadeiras múmias. 10 Acreditam sonhar e é melhor assim. Não poderão fugir às nossas fortificações e voltarão a pedir socorro noutras dependências, a que serão recolhidos para adequado tratamento.

11 Continuamos silenciosos mais alguns minutos, e notei que as luzes se foram apagando gradativamente, ao passo que os cadáveres retomavam a imobilidade anterior.

12 Ismália declarou terminadas as nossas atividades da oração e o administrador, após o sinal luminoso, que notificava aos operários o término das obrigações, adiantou-se para nós, exclamando:

— Gratíssimo pelo concurso fraternal. Realizamos belo serviço intercessório. Desde alguns dias, ninguém se levantava.


2. Aniceto, percebendo-nos a perplexidade, falou a Vicente e a mim, de maneira significativa:

— Conforme viram, o trabalho da prece é mais importante do que se pode imaginar no Círculo dos encarnados. 2 Não há prece sem resposta. E a oração, filha do amor, não é apenas súplica. É comunhão entre o Criador e a criatura, constituindo, assim, o mais poderoso influxo magnético que conhecemos. 3 Acresce notar, porém, já que comentamos o assunto, que a rogativa maléfica conta, igualmente, com enorme potencial de influenciação. 4 Toda vez que o Espírito se coloca nessa atitude mental, estabelece um laço de correspondência entre ele e o Além. 5 Se a oração traduz atividade no bem divino, venha donde vier, encaminhar-se-á para o Além em sentido vertical, buscando as bênçãos da vida superior,  6 cumprindo-nos advertir que os maus respondem aos maus nos Planos inferiores, entrelaçando-se mentalmente uns com os outros. 7 É razoável, porém, destacar que toda prece impessoal dirigida às Forças Supremas do Bem, delas recebe resposta imediata, em nome de Deus. 8 Sobre os que oram nessas tarefas benditas, fluem, das Esferas mais altas, os elementos-força que vitalizam nosso mundo interior, edificando-nos as esperanças divinas e se exteriorizam, em seguida, contagiados de nosso magnetismo pessoal, no intenso desejo de servir com o Senhor.

9 E, procurando materializar o pensamento, por facilitar-nos a compreensão, acentuou:

— Viram, vocês, cair sobre nós os elementos a que me refiro, e observaram a sua exteriorização com as luzes de cada um de nós, em benefício dos irmãos que dormem e sofrem. 10 Concedeu-nos o Altíssimo a força de auxiliar, em porções iguais para todos, mas nós a espalhamos de acordo com a nossa possibilidade e coloração individuais. 11 Ismália, cujos sentimentos são mais amplos e universalistas que os nossos, pôde receber com mais clareza o auxílio divino e distribuí-lo com mais abundância e eficiência. 12 Temos, aqui, uma profunda lição. Como já disse, o Pai visita os filhos necessitados, através dos filhos que procuram compreende-Lo. 13 Não poderíamos abusar do Senhor, como abusamos no Círculo terrestre dos nossos pais humanos. Não vive Ele ao sabor de nossos caprichos pessoais. Nunca poderia vir, em pessoa, enxugar o pranto do necessitado que chora, em consequência, aliás, do olvido das Divinas Leis. 14 Compete ao necessitado caminhar ao reencontro d’Ele. O Senhor, todavia, atende sempre a todos os homens de boa vontade, por intermédio dos homens bons, que se edificam na casa divina. 15 Todos os nossos desejos e impulsos razoáveis são atendidos pelas bênçãos paternais do Eterno. Ainda que nos demoremos nas lágrimas e nas aflições, jamais permanecemos ao desamparo. 16 Apenas devemos salientar que as respostas de Deus vão sendo maiores e mais diretas, à medida que se intensifique o nosso merecimento, competindo-nos reconhecer que, para semelhantes respostas, são utilizados todos quantos trazem consigo a luz da bondade, ou já possuem mérito e confiança para auxiliar em nome de Deus.


3. As explicações de Aniceto abriam-me novos campos de meditação. O generoso instrutor, contudo, não dera por finda a lição e, depois de longa pausa, concluiu, generoso:

2 — Já que vocês se encontram comigo num curso de serviço auxiliador, espero aproveitem o máximo ensinamento desta hora. Reparem que, nestes pavilhões, temos mil e novecentos e oitenta abrigados que dormem. 3 Todos recebem diariamente alimento e medicação comuns, mas só quatrocentos são atendidos com alimento e medicação especializados, por se mostrarem mais suscetíveis de justa melhora. 4 Desses quatrocentos, apenas dois terços se revelaram aptos à recepção de passes magnéticos. Muitos não podem receber, por enquanto, a água fluidificada. Poucos foram contemplados com o sopro curativo e somente dois se levantaram, ainda assim, profundamente perturbados. 5 Já que iniciam um trabalho de cooperação fraternal, não esqueçam esta lição. Façamos todos o bem, sem qualquer ansiedade. Semeemo-lo sempre e em toda a parte, mas não estacionemos na exigência de resultados.  6 O lavrador pode espalhar as sementes à vontade e onde quer que esteja, mas precisa reconhecer que a germinação, o crescimento e o resultado pertencem a Deus.


André Luiz


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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