1 No casarão do sítio da Mutuca,
O velho pede pouso e alguém chasqueia:
— “Saia, tratante, e durma na cadeia!
Ponha a cabeça tonta na cumbuca!”
2 O mendigo cansado não retruca,
Enfrenta a noite e a chuva… Cambaleia…
Mais além rola o rio entregue à cheia…
E, exposto à sombra, afoga-se Nhô Juca…
3 Ante a morte, o passado se desvenda…
Sente-se outro… É o dono da fazenda…
Nhô Juca, leve e moço, chora e fala…
4 Mas, súbito, no chão molhado e frio,
Repara o rio e vê que é o mesmo rio
Onde afogava os velhos da senzala…
|