1 Lua cheia… Na choça a que se apega,
Morre Vital, velhinho, olhando o morro…
Por prece, escuta a arenga do cachorro,
Ganindo nas touceiras da macega.
2 Pobre amigo!… Agoniza sem socorro,
Chora lembrando o milho na moega…
Oitenta anos de lágrimas carrega
Na carcaça jogada ao chão sem forro.
3 Suando, enxerga um moço na soleira .
— “Eu sou leproso…” — avisa em voz rasteira,
Mas diz o moço, envolto em luz dourada:
4 — “Vital, eu sou Jesus! Venha comigo!…”
E o velho sai das chagas de mendigo
Para um carro de estrelas da alvorada.
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