O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

Índice |  Princípio  | Continuar

O Espírito de Cornélio Pires — Cornélio Pires — F. C. Xavier / Waldo Vieira / Elias Barbosa


n

Despedida de Vital

1 Lua cheia… Na choça a que se apega,
Morre Vital, velhinho, olhando o morro…
Por prece, escuta a arenga do cachorro,
Ganindo nas touceiras da macega.


2 Pobre amigo!… Agoniza sem socorro,
Chora lembrando o milho na moega…
Oitenta anos de lágrimas carrega
Na carcaça jogada ao chão sem forro.


3 Suando, enxerga um moço na soleira .
— “Eu sou leproso…” — avisa em voz rasteira,
Mas diz o moço, envolto em luz dourada:


4 — “Vital, eu sou Jesus! Venha comigo!…”
E o velho sai das chagas de mendigo
Para um carro de estrelas da alvorada.




2 Frases do jazigo escuro:
— Jaz aqui Gil de Muquém.
Era tão puro, tão puro,
Que não viveu com ninguém.


3 Li num sepulcro de pedra:
— Aqui jaz Maria Gaza.
Era mendiga na rua,
Com cinco milhões em casa.


4 Paixão que vem de outras vidas
Pede cuidado a quem ama.
Brasa guardada na cinza,
Soprada, crepita em chama.


5 Reencarnação!… Vejo agora
O suplício de João Nava…
Renasceu filho da nora,
Mulher que ele detestava.


Cornélio Pires



[1] Notas do Compilador: As poesias destacadas com o texto em cor diversa do negro são devidas à psicografia de Francisco Cândido Xavier, e as outras à de Waldo Vieira.


Os sonetos que encimam cada capítulo desse livro trazem (entre parêntesis) o número correspondente em seu índice, logo abaixo do nº dos respectivos capítulos.

Vide explicações concernentes à organização dessa antologia, Elias Barbosa.


“Despedida de Vital” é a 54ª lição do livro “Antologia Mediúnica do Natal”, editado pela FEB em 1966.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

Abrir