O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

Índice |  Princípio  | Continuar

Militares no Além — Autores diversos


9

O homem só é verdadeiramente admirável quando…

04/04/1945


1 Meus filhos, guarde-nos a Providência em Sua infinita bondade!
Aurélio, meu caro, peço a Deus para que você e Julinha tenham uma viagem feliz.

2 Ouvi seus pensamentos alusivos à necessidade de nosso intercâmbio sobre os problemas da Cruz e, com satisfação, venho reafirmar ao seu esforço a minha solidariedade. Tome os seus deveres e não tema! 3 A hora atual é difícil e aconselho prudência incessante. Há que defender os patrimônios da instituição contra os assédios sutis que procedem dos setores de várias ordens. Celeiro de reservas morais muito grandes, a Cruz deve manter-se em esfera superior às paixões políticas que começaram a perturbar os caminhos da evolução nacional novamente. 4 Semelhantes lutas são inevitáveis num povo como o nosso, em cujo coração atritam as mais diversas tendências pela grandeza da terra, pela generosidade das leis e pelo excesso de bem-estar na habitação coletiva.  5 O quadro mesológico criaria fatalmente os anseios fortes, os desvarios de opinião, a hipertrofia da liberdade. Fenômenos inelutáveis, acontecimentos fatais. Tenho comigo a profunda aspiração de um Brasil melhor, superiormente governado, onde a liberdade seja o clima natural de todas as manifestações do pensamento. 6 Entretanto, não sou infenso às nossas realidades positivas, num quadro nacional menos ajustado, onde quase todos querem mandar e poucos se dispõem a obedecer. Impossível organizar o serviço pleno da emancipação política educativa, porque, coletivamente, nos falta a compreensão do trabalho. 7 Um povo só é grande pela expressão do serviço que presta ao círculo internacional, assim também como o homem só é verdadeiramente admirável quando entende o seu dever e o cumpre. Segundo podemos observar, porém, se já conseguimos alguma coisa nesse terreno, muito nos falta realizar. Sobeja-nos aspirações. 8 Entretanto, escasseiam entre nós, como povo, a fiel demonstração de prática essencialmente patriótica. É natural. Somos jovens, nacionalmente falando. Precisamos de mais tempo, mais experiência, mais séculos! Refiro-me a isto não sem propósito, mas para assegurar-lhe que o momento é de renovação ruidosa e torna-se necessário caminhar com vigilância, prudência, visão. Há muitos companheiros nossos atordoados pelo germe de separatividade. Por isso mesmo a Cruz deve conservar-se unida para a fidelidade precisa ao seu ministério.

9 Voltando à Provedoria, abstenha-se de qualquer compromisso que não seja estritamente indispensável, ainda mesmo no campo das realizações menores. Proceda assim para dar cabal desempenho dos compromissos já assumidos. Tenha calma, confiança e fé. 10 E quando alguém convocar a sua ação às lutas mais fortes, convém proclamar que a missão da Cruz é pacificadora, conservadora, unionista. Ela é, talvez, a mais bela praia de segurança para o Exército a que temos servido. Seja, pois, ainda e sempre, a Cruz dos Militares, em cuja seiva generosa tantos corações se alimentam para o trabalho da paz, no campo do bem.

11 Conte, pois, comigo! Quando surgirem casos difíceis, concentre-se em oração e ajudaremos você a solucioná-los. Você sabe que o mais depende da capacidade de improvisação do administrador. Apenas lembramos a necessidade de muita calma na hora em curso, porque quando as paixões dos homens estão em choque é muito difícil, ou impossível, ouvir os desígnios de Deus.

12 Quanto à saúde física, estão atendidas todas as providências necessárias ao seu bem-estar. Sigamos para a frente!

13 Julinha, Deus a abençoe pelas muitas alegrias que me proporciona! O seu idealismo na construção espiritual a favor dos cegos muito me comove o coração paterno. Não julgue que seu pai esteja indiferente à sorte das filhas queridas. Sigo-as, a todas, de muito perto, rogando a Jesus abençoá-las, na posição de testemunho em que se encontram.

14 Aurélio, mais uma vez reitero a você a minha velha amizade. Atendamos hoje às nossas obrigações, obedecendo ao comando de Jesus Cristo. Que ele nos inspire as atitudes, os pensamentos, as palavras e os atos.

15 Boa noite para todos vocês. E desejando-lhes a paz divina, a fim de que continuem na jornada terrestre com segurança e serenidade, deixo-lhes, a todos, a minha afeição de pai, de avô e de amigo certo.


Antoninho


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

Abrir