O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Militares no Além — Autores diversos


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Nosso padrão militar nunca foi a vantagem fácil

27/03/1946


1 Aurélio, meu bom amigo, antes de tudo peço a Deus por sua saúde, junto de Julinha e de meus netos, desejando-lhes muito bem-estar!

2 Não preciso tecer longos comentários em torno do ano que findou — período difícil, em que a sua serenidade e prudência foram frequentemente colocadas à prova.

3 Muitas vezes, acompanhei-o, passo a passo, as lutas, nos entendimentos, nas conferências. Sabia que todos os patrimônios materiais e morais da Cruz vinham sendo ameaçados de perto.

4 A Cúria, em diversas ocasiões, estabeleceu compromissos e organizou conciliábulos secretos, no sentido de impor modificações que perturbariam a estrutura de nosso esforço de tantos anos de serviço, perseverança e realização.

5 Outros dedicados cooperadores do Plano espiritual e eu nos orgulhamos da sua calma e resistência na hora precisa.

6 A luta política no Brasil, e mormente no Rio de Janeiro, foi sacrificial para quase todos os caracteres formados na escola da disciplina e do dever. E bem sei como foi penoso o trabalho conciliatório que nas mãos tiveram que efetuar, porquanto o nosso padrão militar nunca foi a vantagem fácil, trazida pelo acaso dos favores políticos. Estruturamos nossas concepções no caminho reto do “sim” e do “não”, e a desarmonia administrativa dos últimos tempos determina que você diga “talvez” dentro de inúmeros testemunhos de boa vontade e defesa.

7 É bem verdade, meu caro, que a paisagem ainda não encoraja qualquer opinião demasiadamente otimista. Atado à locomotiva norte-americana, por forças de circunstâncias implacáveis no campo geográfico e econômico, o nosso país é compelido a longas esferas de observação para preservar-se como é preciso. 8 Não comentamos aqui a possibilidade dos conflitos armados. Referimo-nos à guerra oculta dos interesses financeiros, de variadas expressões. A luta é grande e a política refletir-lhe-á as oscilações e dificuldades, os imprevistos e os desacertos. Em todo setor de preservação coletiva há que ponderar esses fatores intangíveis. Grande cota de atenção deve ser conferida à vigilância ativa. 9 É por isso que me rejubilo com a sua ação de homem de bem e de soldado da guarda honrosa a serviço de nossas tradições na vida civil. Conte, meu amigo, com o nosso concurso de sempre. Não existem obstáculos que não possam ser aplainados, desde que o cérebro de quem determina esteja ligado às forças amorosas do coração. Vamos, pois, para a frente! Há “combates” nas ruas pacíficas mais difíceis de serem vencidos que a “batalha aberta” nas regiões de sangue!

10 É nesse conflito desconhecido que seu espírito exercita hoje sua meditação. Nos encontros armados, antes da equação final, costumamos relacionar os homens e as máquinas, os cavalos e as munições, mas aí, nessa luta enorme e silenciosa que você enfrenta presentemente, antes de qualquer medida é indispensável inventariar as reservas de paciência e compreensão, de perseverança e devotamento. Como vemos, a diferença é muito grande! Espero, contudo, que aquele Senhor do Desagravo ajude sempre a você, orientando-lhe a marcha para a vitória última.

11 Estamos satisfeitos com a sua mudança de clima por algumas semanas. Lembre-se de que a saúde é fundamental no desempenho das obrigações cotidianas.

12 Nossos cumprimentos sinceros, pois, pelos seus serviços à instituição que nos é tão estimável. Em torno dela, rondam muitos “milhafres” do interesse mesquinho. Entretanto, enquanto puder contar com sentinelas de sua dedicação, não existirá perigo algum em semelhante assédio.

13 Deixo à Julinha os meus votos de muito bom-ânimo na missão a que se propôs com tanto desassombro em favor dos cegos, e desejo a todos muita tranquilidade, com saúde física e alegria espiritual. n

14 E de nós, Aurélio, seus amigos daqui, receba um abraço de gratidão e carinho, com o sincero reconhecimento de nossos corações pela consagração voluntária de suas energias ao trabalho a que, de algum modo, ainda nos sentimos ligados no plano das edificações para o bem coletivo. Que Jesus ampare as suas mãos e o seu coração, guiando suas atividades no benefício máximo às nossas realizações comuns. São os votos do velho amigo que se considera sempre seu na vida espiritual,


Antoninho



[1] Nota da Organizadora: Em referindo-se à missão de vovó Júlia junto à Sociedade Pró-Livro Espírita em Braille (SPLEB).


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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