1. MECANISMO
DA PSICOMETRIA. — Expondo algumas anotações em torno da psicometria, considerada nos
círculos medianímicos por faculdade de perceber o lado oculto do ambiente
e de ler impressões e lembranças, ao contato de objetos e documentos,
nos domínios da sensação a distância, 2
não é demais traçar sintéticas observações acerca do pensamento, que
varia de criatura para criatura tanto quanto a expressão fisionômica
e as marcas digitais.
3 Destacaremos, assim, que,
em certos indivíduos, a onda mental a expandir-se, quando em regime
de “circuito fechado”, na atenção profunda, carreia consigo agentes
de percepção avançada com capacidade de transportar os sentidos vulgares
para além do corpo físico, no estado natural de vigília.
4 O fluido nervoso ou força
psíquica, a desarticular-se dos centros vitais, incorpora-se aos raios
de energia mental exteriorizados, neles configurando o campo de percepção
que se deseje plasmar, segundo a dileção da vontade, conferindo ao Espírito
novos poderes sensoriais.
5 Ainda aqui, o fenômeno pode
ser apreendido, guardando-se por base de observação as experiências
do hipnotismo comum, nas quais o sensitivo, — muitas vezes pessoa em
que a força nervosa está mais fracamente aderida ao carro fisiológico,
— deixa escapar com facilidade essa mesma força, que passa, de pronto,
ao impacto espiritual do magnetizador.
6 O hipnotizado, na profundez
da hipnose, pode, então, libertar a sensibilidade e a motricidade, transpondo
as limitações conhecidas no cosmo físico.
7 Nestas ocorrências,
sob a sugestão do magnetizador, o “sujet”, com a energia mental de que
dispõe, desassocia o fluido nervoso de certas regiões do veículo carnal,
passando a registrar sensações fora do corpo denso, em local sugerido
pelo hipnotizador, 8
ou impede que a mesma força circule em certo membro, — um dos braços
por exemplo, — que se faz praticamente insensível enquanto perdure a
experiência, 9 até
que, ao toque positivo da vontade do magnetizador, ele mesmo reconduza
o próprio pensamento revitalizante para o braço inerte, restituindo-lhe
a energia psíquica temporariamente subtraída.
2. PSICOMETRIA E REFLEXO CONDICIONADO. — Nas pessoas dotadas de forte sensibilidade, basta o reflexo condicionado, por intermédio da oração ou da centralização de energia mental, para que, por si mesmas, desloquem mecanicamente a força nervosa correspondente a esse ou àquele centro vital do organismo fisiopsicossomático, entrando em relação com outros impérios vibratórios, dos quais extraem o material de suas observações psicométricas.
2 Aliás, é imperioso ponderar
que semelhantes faculdades, plenamente evidenciadas nos portadores de
sensibilidade mais extensamente extroversível, esboçam-se, de modo potencial,
em todas as criaturas, através das sensações instintivas de simpatia
ou antipatia com que se acolhem ou se repelem umas às outras, na permuta
incessante de radiações.
3 Pela reflexão, cada Inteligência
pressente, diante de outra, se está sendo defrontada por alguém favorável
ou não à direção nobre ou deprimente que escolheu para a própria vida.
3. FUNÇÃO DO PSICÔMETRA. — Clareando o assunto quanto possível, vamos encontrar no médium de psicometria a individualidade que consegue desarticular, de maneira automática, a força nervosa de certos núcleos, como por exemplo os da visão e da audição, transferindo-lhes a potencialidade para as próprias oscilações mentais.
2 Efetuada a transposição,
temos a ideia de que o medianeiro possui olhos e ouvidos a distância
do envoltório denso, 3
acrescendo, muitas vezes, a circunstância de que tal sensitivo, por
autodecisão, não apenas desassocia os agentes psíquicos dos núcleos
aludidos, mas também opera o desdobramento do corpo espiritual, em processo
rápido, 4 acompanhando
o mapa que se lhe traça às ações no espaço e no tempo, com o que obtém,
sem maiores embaraços, o montante de impressões e informações para os
fins que se tenha em vista.
4. INTERDEPENDÊNCIA DO MÉDIUM. — Como em qualquer atividade coletiva entre os homens, é forçoso convir que médium algum pode agir a sós, no plano complexo da psicometria.
2 Igualmente, aí, o sensitivo
está como peça interdependente no mecanismo da ação.
3 E como é fartamente compreensível,
se os companheiros desencarnados ou encarnados da operação a realizar
não guardam entre si os ascendentes da harmonização necessária, claro
está que a onda mental do instrumento mediúnico somente em circunstâncias
muito especiais não se deixará influenciar pelos elementos discordantes,
invalidando-se, desse modo, qualquer possibilidade de êxito nos tentames
empreendidos.
4 Nesse campo, as formas-pensamentos
adquirem fundamental importância, porque todo objeto deliberadamente
psicometrado já foi alvo de particularizada atenção.
5 Quem apresenta ao psicômetra
um pertence de antepassados, na maioria das vezes já lhe invocou a memória
e, com isso, quando não tenha atraído para o objeto o interesse afetivo,
no Plano Espiritual, terá desenhado mentalmente os seus traços ou quadros
alusivos às reminiscências de que disponha, estabelecendo, assim, recursos
de indução para que as percepções ultra-sensoriais do médium se lhe
coloquem no campo vibratório correspondente.
5. CASO DE DESAPARECIMENTO. — Noutro aspecto, imaginemos que determinado objeto seja conduzido ao sensitivo para ser psicometrado, com vistas a certos objetivos.
2 Para clarear a asserção,
suponhamos que uma pessoa acaba de desaparecer do quadro doméstico,
sem deixar vestígio.
3 Buscas minuciosas são empreendidas
sem resultado.
4 Lembra-se alguém de tomar-lhe
um dos pertences de uso pessoal, um lenço por exemplo.
5 A recordação é submetida
a exame de um médium que reside a longa distância, sem que informe algum
lhe seja prestado.
6 O médium recolhe-se e, a
breve tempo, voltando da profunda introspecção a que se entregou, descreve,
com minúcias, a fisionomia e o caráter do proprietário, reporta-se ao
desaparecimento dele, explana sobre pequeninos incidentes em torno do
caso em lide, esclarece que o dono desencarnou, de repente, e informa
o local em que o cadáver permanece.
7 Verifica-se a exatidão de
todas as notas e, comumente, atribui-se ao psicômetra a autoria integral
da descoberta.
8 Entretanto, analisado o
episódio do Plano Espiritual, outras facetas ele revela à visão do observador.
9 Desencarnado o amigo
a que aludimos, afeições que ele possua na Esfera extrafísica interessam-se
em ajudá-lo, auxílio esse que se estende, naturalmente, à sua equipe
doméstica. 10 Pensamentos
agoniados daqueles que ficaram e pensamentos ansiosos dos que residem
na vanguarda do Espírito entrecruzam-se na procura movimentada.
11 Alguém sugere a remessa
do lenço para investigações psicométricas e a solução aparece coroada
de êxito.
12 Os encarnados veem habitualmente
apenas o sensitivo que entrou em função, mas se esquecem, não raro,
das Inteligências desencarnadas que se lhe incorporam à onda mental,
fornecendo-lhe todos os avisos e instruções, atinentes ao feito.
6. AGENTES
INDUZIDOS. — Todos os objetos e ambientes psicometrados são,
quase sempre, francos mediadores entre a Esfera física e a Esfera extrafísica,
2 à maneira de agentes
fortemente induzidos, estabelecendo fatores de telementação entre os
dois Planos.
3 Nada difícil, portanto,
entender que, ainda aí, prevalece o problema do merecimento e da companhia.
4 Se o consulente
e o experimentador não se revestem de qualidades morais respeitáveis
para o encontro do melhor a obter, podem carrear à presença do sensitivo
elementos desencarnados menos afins com a tarefa superior a que se propõem,
5 e, se o intermediário
humano não está espiritualmente seguro, a consulta ou a experiência
resulta em fracasso perfeitamente compreensível.
6 Nossas anotações,
demonstrando o extenso campo da influenciação dos desencarnados, em
todas as ocorrências da psicometria, 7
não excluem, como é natural, o reconhecimento de que a matéria assinala
sistemas de vibrações, criados pelos contatos com os homens e com os
seres inferiores da Natureza, possibilitando as observações inabituais
das pessoas dotadas de poderes sensoriais mais profundos, 8
como por exemplo na visão, através de corpos opacos, 9
na clarividência e na clariaudiência telementadas, 10
na apreensão críptica da sensibilidade 11
e nos diversos recursos radiestésicos ( † )
que se filiam notadamente aos chamados fenômenos de telestesia.
André Luiz