O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Mecanismos da mediunidade — André Luiz — F. C. Xavier / Waldo Vieira


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Efeitos físicos

(Sumário)

1. SIMBIOSES ESPIRITUAIS. — Compreendendo-se que toda criatura se movimenta no seio das emanações que lhe são peculiares, 2 intuitivamente perceberemos os processos simbióticos, dentro dos quais se efetua a influenciação das Inteligências desencarnadas que tomam alguém para instrumento de suas manifestações.

3 Muitas vezes, essa ou aquela individualidade, ao reencarnar, traz nos próprios passos a companhia invisível dessa ou daquela entidade com a qual se mostre mais intensamente associada em tarefas e dívidas diferentes.

4 Harmonizadas na mesma onda mental, é possível sentir-lhes a integração, qual se fossem hipnotizador e hipnotizado, em processo de ajustamento.

5 Se a personalidade encarnada acusa possibilidades de larga desarticulação das próprias forças anímicas, encontramos aí a mediunidade de efeitos físicos, suscetível de exteriorizar-se em graus diversos.

6 Eis porque comumente somos defrontados na Terra por jovens mal saídos da primeira infância, servindo de medianeiros a desencarnados menos esclarecidos que com eles se afinam, na produção dos fenômenos físicos de espécie inferior, como sejam batidas, sinais, deslocamentos e vozes de feição espetacular.

7 É certo que semelhantes evidências do Plano extrafísico se devam, de modo geral, a entidades de pouca evolução, porquanto, imanizadas aos médiuns naturais a que se condicionam, entremostram-se entre os homens, à maneira de caprichosas crianças, em afetos e desafetos desgovernados, bastando, às vezes, simples intervenção de alguma autoridade moral, através da exortação ou da prece, para que as perturbações em andamento cessem de imediato.

8 Tal eclosão de recursos medianímicos, capaz de ocorrer em qualquer idade da constituição fisiológica, independe de quaisquer fatores de cultura da inteligência ou de aprimoramento da alma, por filiar-se a fatores positivamente mecânicos, tal qual ocorre nas demonstrações públicas de agilidade ou de força em que um ginasta qualquer, com treinamento adequado, apresenta variadas exibições.


2. MÉDIUM TELEGUIADO. — Imaginemos que persista na individualidade encarnada a fácil desassociação das forças anímicas. 2 Nesse caso, temo-la habilitada ao fornecimento do ectoplasma ou plasma exteriorizado de que se valem as Inteligências desencarnadas para a produção dos fenômenos físicos que lhes denota a sobrevivência.

3 Chegada a esse ponto, se a criatura deseja cooperar na obra do esclarecimento humano, recebe do Plano Espiritual um guarda vigilante, — mais comumente chamado “o guia”, segundo a apreciação terrestre, — 4 guarda esse, porém, que, diante da Esfera extrafísica, tem as funções de um zelador ou de um mordomo responsável pelas energias do medianeiro, sempre de posição evolutiva semelhante.

5 Ambos passam a formar um circuito de forças, sob as vistas de Instrutores da Vida Maior, que os mobilizam a serviço da beneficência e da educação, 6 em muitas circunstâncias com pleno desdobramento do corpo espiritual do médium, que passa a agir à feição de uma Inteligência teleguiada.

7 Daí nasce a possibilidade da constituição dos círculos de estudo das ocorrências de materialização, com os fenômenos de telecinesia, a começarem nos “raps” e a culminarem na ectoplasmia visível.


3. DIFICULDADES DO INTERCÂMBIO. — Não podemos esquecer que o campo de oscilações mentais do médium — envoltório natural e irremovível que lhe pulsa do espírito — é o filtro de todas as operações nos fenômenos físicos.

2 Incorporam-se-lhe ao dinamismo psíquico os contingentes ectoplásmicos dos assistentes, aliados a recursos outros da Natureza; 3 mas, ainda aí, os elementos essenciais pertencem ao médium que, consciente ou inconscientemente, pode interferir nas manifestações.

4 A exteriorização dos princípios anímicos nada tem a ver, em absoluto, com o aperfeiçoamento moral.

5 Cumpre destacar, assim, as dificuldades para a manutenção de largo intercâmbio, dilatado e seguro, nesse terreno.

6 Basta leve modificação de propósito na personalidade medianímica, seja em matéria de interesse econômico ou de conduta afetiva, para que se lhe alterem os raios mentais. 7 Verificada semelhante metamorfose, esboçam-se-lhe, na aura ou fulcro energético, formas-pensamentos, por vezes em completo desacordo com o programa traçado no Plano Superior, 8 ao mesmo tempo que perigos consideráveis assomam na esfera do serviço a fazer, de vez que a transformação das ondas mediúnicas imprime novo rumo à força exteriorizada, 9 que, desse modo, em certas ocasiões, pode ser manuseada por entidades desencarnadas, positivamente inferiores, famintas de sensações do campo físico.

10 Em tais sucessos, perturbações variadas podem ocorrer desencorajando experiências magnificamente encetadas.


4. MÉDIUM E ASSISTENTES. — Todavia, é imperioso anotar que não somente o fulcro mental do médium intervém nas atividades em grupo.

2 Cada assistente aí comparece com as oscilações que lhe são peculiares, tangenciando a esfera mediúnica em ação, 3 e, se os pensamentos com que interfere nesse campo diferem dos objetivos traçados, com facilidade se erige, igualmente, em fator alternante, por insinuar-se, de modo indesejável, nos agentes de composição da obra esperada, impondo desequilíbrio ao conjunto, qual acontece ao instrumento desafinado numa orquestra comum.

4 Disso decorrem os embaraços graves para o continuísmo eficiente dos agrupamentos que se formam, na Terra, para as chamadas tarefas de materialização.

5 Se as entidades espirituais sensatas e nobres estão dependentes da faixa de ondas mentais do médium, para a condução correta das forças ectoplasmáticas dele exteriorizadas, o médium depende também da influência elevada dos circunstantes, para sustentar-se na harmonia ideal.

6 É por isso que, se o medianeiro tem o espírito parcialmente desviado da meta a ser atingida, sem dificuldade se rende, invigilante, às solicitações dos acompanhantes encarnados, quase sempre imperfeitamente habilitados para os cometimentos em vista, surgindo, então, as fraudes inconscientes, 7 ao lado de perturbações outras de que se queixam, aliás inconsideradamente, os metapsiquistas, pois lidando com agentes mentais, longe ainda de serem classificados e catalogados em sua natureza, não podem aguardar equações imediatas como se lidassem com simples números.


5. LEI DO CAMPO MENTAL. — Lamentam-se amargamente os metapsiquistas de que a maioria dos fenômenos mediúnicos se encontram eivados de obscuridades e extravagâncias, 2 e de que, por isso mesmo, a doutrina da sobrevivência, para eles, se mostra repleta de impossibilidades.

3 Estabelecem exigências e, depois de atendidos, acusam a instrumentação medianímica de criar personalidades imaginárias; 4 exageram a função dos chamados poderes inconscientes da vida mental, estranhando que a força psíquica, como recurso mediador entre encarnados e desencarnados, não procede na balança da observação humana à maneira, por exemplo, das combinações do cloro com o hidrogênio.

5 Com referência ao assunto, é imperioso salientar que se desconhece ainda, no mundo, a Lei do campo Mental, que rege a moradia energética do Espírito, 6 segundo a qual a criatura consciente, seja onde for no Universo, apenas assimilará as influências a que se afeiçoe.

7 Cada mente é como se fora um mundo de per si, respirando nas ondas criativas que despede — 8 ou na psicosfera em que gravita para esse ou aquele objetivo sentimental, conforme os próprios desejos, — 9 sem o que a lei de responsabilidade não subsistiria.

10 Um médium, ainda mesmo nas mais altas situações de amnésia cerebral, do ponto de vista fisiológico, não está inconsciente de todo, na faixa da realidade espiritual, e agirá sempre, nunca à feição de um autômato perfeito, mas na posição de uma consciência limitada às possibilidades próprias e às disposições da própria vontade.


6. FUTURO DOS FENÔMENOS FÍSICOS. — No entanto, devemos declarar que conhecemos, em vários países, alguns círculos de ação espiritual nos quais a sinergia das oscilações mentais entre médiuns, assistentes e entidades desencarnadas se ergue a níveis convenientes, facultando acontecimentos de profunda significação, nas províncias do espírito, 2 não obstante, até certo ponto, servirem apenas como índice de poder mental ou de simples informações sem maior proveito para a Humanidade, tal o mecanismo compreensivelmente fechado em que se encerram.

3 A ciência humana, porém, caminha na direção do porvir.

4 A nós, os Espíritos desencarnados, interessa, no Plano extrafísico, mais ampla sublimação, para que façamos ajustamento de determinados princípios mentais, com respeito a execução de tarefas específicas.

5 E aos encarnados interessa a existência em plano moral mais alto para que definam, com exatidão e propriedade, a substância ectoplasmática, analisando-lhe os componentes e protegendo-lhe as manifestações, 6 de modo a oferecerem às Inteligências Superiores mais seguros cabedais de trabalho, equacionando-se, com os homens e para os homens a prova inconteste da imortalidade.


André Luiz


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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