1. SIMBIOSES
ESPIRITUAIS. — Compreendendo-se que toda criatura se movimenta
no seio das emanações que lhe são peculiares, 2
intuitivamente perceberemos os processos simbióticos, dentro dos quais
se efetua a influenciação das Inteligências desencarnadas que tomam
alguém para instrumento de suas manifestações.
3 Muitas vezes, essa ou aquela
individualidade, ao reencarnar, traz nos próprios passos a companhia
invisível dessa ou daquela entidade com a qual se mostre mais intensamente
associada em tarefas e dívidas diferentes.
4 Harmonizadas na mesma onda
mental, é possível sentir-lhes a integração, qual se fossem hipnotizador
e hipnotizado, em processo de ajustamento.
5 Se a personalidade encarnada
acusa possibilidades de larga desarticulação das próprias forças anímicas,
encontramos aí a mediunidade de efeitos físicos, suscetível de exteriorizar-se
em graus diversos.
6 Eis porque comumente somos
defrontados na Terra por jovens mal saídos da primeira infância, servindo
de medianeiros a desencarnados menos esclarecidos que com eles se afinam,
na produção dos fenômenos físicos de espécie inferior, como sejam batidas,
sinais, deslocamentos e vozes de feição espetacular.
7 É certo que semelhantes
evidências do Plano extrafísico se devam, de modo geral, a entidades
de pouca evolução, porquanto, imanizadas aos médiuns naturais a que
se condicionam, entremostram-se entre os homens, à maneira de caprichosas
crianças, em afetos e desafetos desgovernados, bastando, às vezes, simples
intervenção de alguma autoridade moral, através da exortação ou da prece,
para que as perturbações em andamento cessem de imediato.
8 Tal eclosão de recursos
medianímicos, capaz de ocorrer em qualquer idade da constituição fisiológica,
independe de quaisquer fatores de cultura da inteligência ou de aprimoramento
da alma, por filiar-se a fatores positivamente mecânicos, tal qual ocorre
nas demonstrações públicas de agilidade ou de força em que um ginasta
qualquer, com treinamento adequado, apresenta variadas exibições.
2. MÉDIUM
TELEGUIADO. — Imaginemos que persista na individualidade encarnada
a fácil desassociação das forças anímicas. 2
Nesse caso, temo-la habilitada ao fornecimento do ectoplasma ou plasma
exteriorizado de que se valem as Inteligências desencarnadas para a
produção dos fenômenos físicos que lhes denota a sobrevivência.
3 Chegada a esse ponto,
se a criatura deseja cooperar na obra do esclarecimento humano, recebe
do Plano Espiritual um guarda vigilante, — mais comumente chamado “o
guia”, segundo a apreciação terrestre, — 4
guarda esse, porém, que, diante da Esfera extrafísica, tem as funções
de um zelador ou de um mordomo responsável pelas energias do medianeiro,
sempre de posição evolutiva semelhante.
5 Ambos passam a formar
um circuito de forças, sob as vistas de Instrutores da Vida Maior, que
os mobilizam a serviço da beneficência e da educação, 6
em muitas circunstâncias com pleno desdobramento do corpo espiritual
do médium, que passa a agir à feição de uma Inteligência teleguiada.
7 Daí nasce a possibilidade
da constituição dos círculos de estudo das ocorrências de materialização,
com os fenômenos de telecinesia, a começarem nos “raps” e a culminarem
na ectoplasmia visível.
3. DIFICULDADES DO INTERCÂMBIO. — Não podemos esquecer que o campo de oscilações mentais do médium — envoltório natural e irremovível que lhe pulsa do espírito — é o filtro de todas as operações nos fenômenos físicos.
2 Incorporam-se-lhe
ao dinamismo psíquico os contingentes ectoplásmicos dos assistentes,
aliados a recursos outros da Natureza; 3
mas, ainda aí, os elementos essenciais pertencem ao médium que, consciente
ou inconscientemente, pode interferir nas manifestações.
4 A exteriorização dos princípios
anímicos nada tem a ver, em absoluto, com o aperfeiçoamento moral.
5 Cumpre destacar, assim,
as dificuldades para a manutenção de largo intercâmbio, dilatado e seguro,
nesse terreno.
6 Basta leve modificação
de propósito na personalidade medianímica, seja em matéria de interesse
econômico ou de conduta afetiva, para que se lhe alterem os raios mentais.
7 Verificada semelhante
metamorfose, esboçam-se-lhe, na aura ou fulcro energético, formas-pensamentos,
por vezes em completo desacordo com o programa traçado no Plano Superior,
8 ao mesmo tempo que
perigos consideráveis assomam na esfera do serviço a fazer, de vez que
a transformação das ondas mediúnicas imprime novo rumo à força exteriorizada,
9 que, desse modo,
em certas ocasiões, pode ser manuseada por entidades desencarnadas,
positivamente inferiores, famintas de sensações do campo físico.
10 Em tais sucessos, perturbações
variadas podem ocorrer desencorajando experiências magnificamente encetadas.
4. MÉDIUM E ASSISTENTES. — Todavia, é imperioso anotar que não somente o fulcro mental do médium intervém nas atividades em grupo.
2 Cada assistente
aí comparece com as oscilações que lhe são peculiares, tangenciando
a esfera mediúnica em ação, 3
e, se os pensamentos com que interfere nesse campo diferem dos objetivos
traçados, com facilidade se erige, igualmente, em fator alternante,
por insinuar-se, de modo indesejável, nos agentes de composição da obra
esperada, impondo desequilíbrio ao conjunto, qual acontece ao instrumento
desafinado numa orquestra comum.
4 Disso decorrem os embaraços
graves para o continuísmo eficiente dos agrupamentos que se formam,
na Terra, para as chamadas tarefas de materialização.
5 Se as entidades espirituais
sensatas e nobres estão dependentes da faixa de ondas mentais do médium,
para a condução correta das forças ectoplasmáticas dele exteriorizadas,
o médium depende também da influência elevada dos circunstantes, para
sustentar-se na harmonia ideal.
6 É por isso que,
se o medianeiro tem o espírito parcialmente desviado da meta a ser atingida,
sem dificuldade se rende, invigilante, às solicitações dos acompanhantes
encarnados, quase sempre imperfeitamente habilitados para os cometimentos
em vista, surgindo, então, as fraudes inconscientes, 7
ao lado de perturbações outras de que se queixam, aliás inconsideradamente,
os metapsiquistas, pois lidando com agentes mentais, longe ainda de
serem classificados e catalogados em sua natureza, não podem aguardar
equações imediatas como se lidassem com simples números.
5. LEI
DO CAMPO MENTAL. — Lamentam-se amargamente os metapsiquistas
de que a maioria dos fenômenos mediúnicos se encontram eivados de obscuridades
e extravagâncias, 2
e de que, por isso mesmo, a doutrina da sobrevivência, para eles, se
mostra repleta de impossibilidades.
3 Estabelecem exigências
e, depois de atendidos, acusam a instrumentação medianímica de criar
personalidades imaginárias; 4
exageram a função dos chamados poderes inconscientes da vida mental,
estranhando que a força psíquica, como recurso mediador entre encarnados
e desencarnados, não procede na balança da observação humana à maneira,
por exemplo, das combinações do cloro com o hidrogênio.
5 Com referência ao
assunto, é imperioso salientar que se desconhece ainda, no mundo, a
Lei do campo Mental, que rege a moradia energética do Espírito, 6
segundo a qual a criatura consciente, seja onde for no Universo, apenas
assimilará as influências a que se afeiçoe.
7 Cada mente é como
se fora um mundo de per si, respirando nas ondas criativas que
despede — 8 ou na psicosfera
em que gravita para esse ou aquele objetivo sentimental, conforme os
próprios desejos, — 9
sem o que a lei de responsabilidade não subsistiria.
10 Um médium, ainda mesmo nas
mais altas situações de amnésia cerebral, do ponto de vista fisiológico,
não está inconsciente de todo, na faixa da realidade espiritual, e agirá
sempre, nunca à feição de um autômato perfeito, mas na posição de uma
consciência limitada às possibilidades próprias e às disposições da
própria vontade.
6. FUTURO
DOS FENÔMENOS FÍSICOS. — No entanto, devemos declarar que conhecemos,
em vários países, alguns círculos de ação espiritual nos quais a sinergia
das oscilações mentais entre médiuns, assistentes e entidades desencarnadas
se ergue a níveis convenientes, facultando acontecimentos de profunda
significação, nas províncias do espírito, 2
não obstante, até certo ponto, servirem apenas como índice de poder
mental ou de simples informações sem maior proveito para a Humanidade,
tal o mecanismo compreensivelmente fechado em que se encerram.
3 A ciência humana, porém,
caminha na direção do porvir.
4 A nós, os Espíritos desencarnados,
interessa, no Plano extrafísico, mais ampla sublimação, para que façamos
ajustamento de determinados princípios mentais, com respeito a execução
de tarefas específicas.
5 E aos encarnados
interessa a existência em plano moral mais alto para que definam, com
exatidão e propriedade, a substância ectoplasmática, analisando-lhe
os componentes e protegendo-lhe as manifestações, 6
de modo a oferecerem às Inteligências Superiores mais seguros cabedais
de trabalho, equacionando-se, com os homens e para os homens a prova
inconteste da imortalidade.
André Luiz