O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Mecanismos da mediunidade — André Luiz — F. C. Xavier / Waldo Vieira


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Fenômeno hipnótico indiscriminado

(Sumário)

1. HIPNOTISMO VULGAR. — No exame dos sucessos devidos ao reflexo condicionado, é importante nos detenhamos, por alguns instantes, no hipnotismo vulgar.

2 Há quem diga que o ato de hipnotizar se filia à ciência de atuar sobre o espírito alheio, e, para que a impressão provocada, nesse sentido, se faça duradoura e profunda é imperioso se não desenvolva maior intimidade entre o magnetizador e a pessoa que lhe serve de instrumento, porquanto a faculdade de hipnotizar, para persistir em alguém, reclama dos outros obediência e respeito.

3 Reparemos o fenômeno hipnótico em sua feição mais simples, a evidenciar-se, muita vez, em espetáculos públicos menos edificantes.

4 O operador pede silêncio, e, para observar quais as pessoas mais suscetíveis de receber-lhe a influenciação, roga que todos os presentes fixem determinado objeto ou local, proibindo perturbação e gracejo.

5 Anotamos aqui a operação inicial do “circuito fechado”.

6 Exteriorizando-se em mais rigoroso regime de ação e reação sobre si mesma, a corrente mental dos assistentes capazes de entrar em sintonia com o toque de indução do hipnotizador passa a absorver-lhe os agentes mentais, predispondo-se a executar-lhe as ordens.

7 Semelhantes pessoas não precisarão estar absolutamente coladas à região espacial em que se encontra a vontade que as magnetiza. Podem estar até mesmo muito distanciadas, sofrendo-lhe a influência através do rádio, de gravações e da televisão. 8 Desde que se rendam, profundamente, à sugestão inicial recebida, começam a emitir certo tipo de onda mental com todas as potencialidades criadoras da ideação comum, e ficam habilitadas a plasmar as formas-pensamentos que lhes sejam sugeridas, 9 formas essas que, estruturadas pelos movimentos de ação dos princípios mentais exteriorizados, reagem sobre elas próprias, determinando os efeitos ou alucinações que lhes imprima a vontade a que se submetem.

10 Temos aí a perfeita conjugação de forças ondulatórias.


2. GRAUS DE PASSIVIDADE. — Induzidos pelo impacto de comando do hipnotizador, os hipnotizados produzem oscilações mentais com frequência peculiar a cada um, 2 oscilações essas que, partindo deles, entram automaticamente em relação com a onda de forças positivas do magnetizador, voltando a eles próprios com a sugestão que lhes é desfechada, estabelecendo para si mesmos o campo alucinatório em que lhe responderão aos apelos.

3 Cada instrumento, nesse passo, após demonstrar obediência característica, revelar-se-á em determinado grau de passividade.

4 A maioria estará em posição de hipnose vulgar, alguns cairão em letargia e alguns raros em catalepsia ou sonambulismo.

5 Nos dois primeiros casos (isto é, na hipnose e na letargia), as pessoas apassivadas, à frente do magnetizador, terão libertado, em condições anômalas, certa classe de aglutininas mentais que facultam o sono comum, obscurecendo os núcleos de controle do Espírito, nos diversos departamentos cerebrais. 6 Além disso, correlacionam-se com a onda-motor da vontade a que se sujeitam, substancializando, na conduta que lhes é imposta, os quadros que se lhes apresentem.

7 Nos dois segundos (na catalepsia e no sonambulismo provocado), as oscilações mentais dos hipnotizados, a reagirem sobre eles mesmos, determinam o desprendimento parcial ou total do perispírito ou psicossoma, que, não obstante mais ou menos liberto das células físicas, se mantém sob o domínio direto do magnetizador, atendendo-lhe as ordenações.


3. IDEIA-TIPO E REFLEXOS INDIVIDUAIS. — Na hipnose ou na letargia, os passivos controlados executam habitualmente cenas que provocam admiração pela jogralidade com que se manifestam.

2 O hipnotizador dará, por exemplo, a dez passivos em ação, a ideia de frio, asseverando que a atmosfera se tornou subitamente gélida.

3 Expedirão todos eles, para logo, ondas mentais características, associando as imagens que sejam capazes de formular.

4 Semelhantes vibrações encontram na onda mental do hipnotizador o agente excitante que lhes alimenta o fluxo crescente na direção do objetivo determinado.

5 No decurso de instantes, essas vibrações terão reagido muitas vezes sobre os cérebros que as geram e entretecem, inclinando-os a agir como se realmente estivessem em pleno inverno.

6 Cada um, entretanto, procederá no vaivém das oscilações de maneira diversa.

7 Aqui, um deles abotoará fortemente o casaco; ali, outro se encolherá, vergando a cabeça para a frente; acolá, outro fará gestos de quem toma agasalhos, utilizando objetos em desacordo com os que imagina, e, além, ainda outros tremerão, impacientes, como que desamparados à ventania de um temporal.

8 O toque excitante do hipnotizador lançou uma ideia-tipo; contudo, as mentes por ele impressionadas responderam em sintonia, mas segundo os reflexos peculiares a si mesmas.


4. AULA DE VIOLINO. — Na mesma ordem de fenômenos, o hipnotizador sugerirá aos mesmos passivos, em sono provocado, que se encontram numa aula de música e que lhes cabe o dever de ensaiarem ao violino.

2 A mente de cada um despedirá ondas de acordo com a ordem recebida, criando a forma-pensamento respectiva.

3 Em poucos segundos, sob o controle do magnetizador, tê-la-ão plasmado com tanto realismo quanto lhes seja possível.

4 Os mais achegados ao culto do referido instrumento assumirão atitude consentânea com o estudo mentalizado, conjugando movimentos harmoniosos, com a dignidade de um concertista, enquanto os adventícios da música exibirão gestos grotescos, manobrando a forma-pensamento mencionada quais se fossem crianças injuriando a arte musical.

5 Em todos os estados anômalos a que nos referimos, os sujets governados demonstrarão certo grau de passividade. 6 Da hipnose semiconsciente ao sonambulismo profundo numerosas posições se evidenciam.


5. HIPNOSE E TELEMENTAÇÃO. — Em determinados estágios da ocorrência hipnótica, verifica-se o desprendimento parcial da personalidade, com o deslocamento de centros sensoriais.

2 Ainda aí, porém, o hipnotizado, no centro das irradiações mentais que lhe são próprias, permanece controlado pela onda positiva da vontade a que se submete.

3 Nessa condição, esse ou aquele passivo pode ainda representar o papel de suposta personalidade, conforme a sugestão que o magnetizador lhe incuta. 4 O hipnotizador escolherá, de preferência, uma figura popular, um cantor, um literato ou um regente de orquestra que esteja no âmbito de conhecimento do passivo em ação e incliná-lo-á a sentir-se como sendo a pessoa lembrada.

5 Imediatamente o sujet estampará, no próprio fluxo de energia mental, a figura do artista, do escritor ou do maestro, de acordo com as possibilidades da própria imaginação, tomará da pena, erguerá a voz, ou empunhará a forma-pensamento de uma batuta, por ele mesmo criada, manobrando os mecanismos da mente para substancializar a sugestão recebida.

6 Entretanto, se o magnetizador lembra algum maestro de aldeia, ou escritor sem projeção, ou algum cantor obscuro, conhecido apenas dele, não será tão fácil ao passivo atender-lhe as ordens, por falta de recursos imaginativos a serem apostos por ele mesmo nas próprias oscilações mentais, o que apenas será conseguido após longos exercícios de telementação especializada entre ambos.


6. SUGESTÃO E AFINIDADE. — Estabelecida a sugestão mais profunda, o hipnotizador pode traçar ao sujet, com pleno êxito, essa ou aquela incumbência de somenos importância, para ser executada após desperte do sono provocado, seja oferecer um lápis ou um copo d’água a certa pessoa, 2 sugestão essa que por seu caráter elementar é absorvida pela onda mental do passivo, em seu movimento de refluxo, incorporando-se-lhe, automaticamente, ao centro da atenção, para que a vontade lhe dê curso no instante preciso.

3 Isso, porém, não aconteceria de modo tão simples se a sugestão envolvesse processos de mais alta responsabilidade na esfera da consciência, 4 porquanto, nos atos mais complexos do Espírito, para que haja sintonia nas ações que envolvam compromisso moral, é imprescindível que a onda do hipnotizador se case perfeitamente à onda do hipnotizado, com plena identidade de tendências ou opiniões, qual se estivessem jungidos, moralmente, um ao outro nos recessos da afinidade profunda.


André Luiz


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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